Quinta-feira, 30 de dezembro de 2010 - 21h12
Argobe, Ariel
No próximo dia 31 de dezembro de 2010, no último dia do ano, mais uma vez assistiremos, serpenteando pelas ruas centrais da cidade de Porto Velho, um dos mais tradicionais e reverenciados exemplares do patrimônio cultural imaterial da urbe tupiniquim: o popular bloco de sujos Mistura Fina, uma sociedade carnavalesca que traduz a alma da comunidade do Bairro Nossa Senhora das Graças e da população de Porto Velho, como eternos súditos do Rei Momo.
Em artigo sob o título “Despedida: Mistura Fina – Adeus ao Ano de 2009”, publicado no final daquele ano, no Caderno de Cultura do Jornal Diário da Amazônia, Coluna do Zé Katraca, matéria assinada por Sílvio Santos, nos informa o colunista sobre as origens do bloco: “A brincadeira começou durante a construção da Usina Hidrelétrica de Samuel quando vários técnicos contratados para trabalhar em sua montagem vieram do Rio de Janeiro e alguns, inclusive, eram integrantes e diretores de escolas de samba daquela cidade como era o caso dos idealizadores do Bloco Edinho diretor de harmonia da Império Serrano e José Leôncio compositor consagrado de samba de terreiro e partido alto, entre outros menos votados”.
E, no mesmo artigo, continua Sílvio Santos: “O Bloco nasceu numa Vila localizada a rua Guanabara entre a D. Pedro II e Carlos Gomes no bairro São Cristóvão. Por vários anos o bloco se apresentava da seguinte maneira: As mulheres se vestiam de homem e os homens se vestiam de mulher e lambuzavam o rosto de maizena. O itinerário era o seguinte: Guanabara, Carlos Gomes, Joaquim Nabuco até o bar do Casemiro onde se encontravam com os sambistas de Porto Velho, Bainha, Silvio, Manelão, Oscar, Baba, Zé Baixinho e muitos outros. No bar do Casemiro geralmente a turma recebia os brincantes do Mistura Fina com uma super carneirada. Após alguns minutos e o reabastecimento das energias o bloco seguia agora com a participação dos carnavalescos de Porto Velho, pela Almirante Barroso, Mal. Deodoro, Carlos Gomes, Presidente Dutra, Sete de Setembro, Joaquim Nabuco até o bar do Casemiro onde o pessoal de Porto Velho ficava e os cariocas seguiam até a Guanabara”.
O Bloco de Sujos Mistura Fina, constituído por fieis foliões seguidores de folguedos tradicionais, preserva e ostenta como uma de suas características importante e histórica, um conjunto de brincadeiras próprias do carnaval de outras épocas, hoje só visto em nosso Estado durante as apresentações deste bloco. Trata-se, pois, de elementos plásticos que outrora, esteticamente, definiam antigos cordões da festa de Momo, então conhecidos por entrudos, um formato de folgança carnavalesca que chegou ao Brasil através de nossos irmãos portugueses.
Sobre as peculiaridades do entrudo, o artigo “Por que não vou ao Baile Municipal, de Máscaras”, do Grupo Cidade, Cultura e Inclusão, publicado na mídia eletrônica local no ano de 2007, nos esclarece: “No noroeste da Península Ibérica e no norte de Portugal, ainda na Idade Média, costumava-se comemorar o período carnavalesco com brincadeiras diversas. Em algumas delas, havia, inclusive, grandes bonecos. No Brasil, essa forma de brincar — que consistia num folguedo alegre, mas tido como violento — já pode ser notada nos primórdios da colonização, persistindo, com o nome de entrudo, até as primeiras décadas do século XX.
E, de alguma forma, chegou até nos influências deste estilo de cordão carnavalesco irreverente, popular e autêntico, como podemos observar no Bloco Mistura Fina, que guarda resquícios plásticos do entrudo. O Cordão Carnavalesco Mistura Fina é, em sua definição estética, um sagrado-profano templo guardião da memória e da história da identidade cultural das terras de karipunas e karitianas. Um legítimo exemplar da festa momesca que, por sua plástica e história, se insere no rol de importante peça patrimonial, do campo imaterial, da cidade de Porto Velho e de sua gente.
Perpetuar este bem cultural depende apenas de sua alegria, empolgação e participação, como milhares de portovelhenses fazem todos os anos, no dia 31 de dezembro, horas antes da virada: seguir este popular cortejo de Momo e aderir as suas brincadeiras, sem reservas.
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