Segunda-feira, 12 de dezembro de 2016 - 22h14
Para tentar “comer o peru de Natal no Jaburu”, como disse um comensal de domingo, Michel Temer acertou a submissão total de seu governo ao PSDB, acertando com Aécio Neves e Aloysio Nunes Ferreira a nomeação de Antônio Imbassahy para a Secretaria de Governo. Agora, atropela Meirelles para fechar um pacote de medidas microeconômicas que sirva de atenuante para a aguda descrença em seu governo. Nesta terça-feira, lança um primeiro e inútil destes factoides, um programa para renovação das frotas de ônibus do pais. Inútil porque a disposição para investir não voltará sem solução para a crise política, que hoje ele representa. Segundo um participante do encontro com deputados na casa de Rodrigo Maia, no domingo, ele acha que, virado o ano, conseguirá se segurar porque todos sabem que a eleição indireta de um presidente pelo Congresso seria o maior de todos os desastres para o Brasil.
Coerente com este raciocínio, sua base entrou em campo para barrar a tramitação da emenda Miro Teixeira, que permite eleições diretas mesmo faltando menos de dois anos para o fim do mandato. O fantasma da indireta tem que ficar aí, como espantalho, para que ninguém pense em derrubar a pinguela Temer. O que está em curso neste momento é exatamente a operação “reforçar a pinguela”, recomendada por FHC. O povo, entretanto, como mostraram o Datafolha e a pesquisa online do 247, prefere que Temer renuncie logo para que as eleições possam acontecer em 2017.
Para garantir o peru no Jaburu, Temer entregou-se ao PSDB mas precisa também manter unida sua base assombrada pela delação da Odebrecht. Uma forte operação foi montada para impedir as reações do Centrão à nomeação de Imbassahy. O partido mais rebelde, o PSD, foi enquadrado pelo ministro Gilberto Kassab, baixando a crista do deputado Rogério Rosso. Seu candidato a líder da bancada foi fragorsamente derrotado pelo candidato de Kassab. Os outros partidos do Centrão estão sendo também convencidos de que a hegemonia tucana neste momento é crucial para todos. Aparentemente, a base foi pacificada e o governo deve conseguir aprovar amanha a admissibilidade da reforma previdenciária na CCJ da Câmara e a PEC 55 em segundo turno no Senado.
Estas vitórias, entretanto, serão ilusórias. Sabem ele e seus aliados que a delação de Claudio Mello Filho foi só um aperitivo sobre o que sairá das arcas da Odebrecht. As delações mais quentes serão as dos controladores, Emílio e Marcelo, e as dos executivos Benedito Júnior e Alexandrino de Alencar. Marcelo começou a prestar depoimento. Embora o bloco golpista esteja coeso e disposto a não largar o osso, tudo vai depender da toxidade das novas delações.
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