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Não existe Metonímia vermelha!


Não existe Metonímia vermelha! - Gente de Opinião
    Davi Nogueira

1.
 Não existe Metonímia vermelha!


 

“A organização política dos trabalhadores no Brasil é a experiência mais importante e rica da esquerda no mundo nos últimos 50 anos. Cabe a ela, e só a ela, superar suas crises e seguir seu curso.” DN

Li e reli atentamente o artigo do Dep. Padre Tom e vi o quanto essa eleição interna do Partido dos Trabalhadores marcará a vida da agremiação em Rondônia. É um pleito cuja palavra de ordem será apenas uma, em sentidos inversos: ruptura ou não ruptura.

Todos os posicionamentos defendidos pelo Padre Tom em seu texto são inquestionáveis e devem ser perseguidos pelos cidadãos e cidadãs de bem que se filiaram há mais ou menos tempo (a fala serve para qualquer partido).

Nesse caminho, a demagogia precisa ser contida, caso não possa ser eliminada. É fundamental a aproximação daquilo que se fala com facilidade com aquilo que se faz, muitas vezes, nas penumbras pouco republicanas.

 

2. Os vermelhinhos não são uma metonímia

Realmente, o PT está numa crise enorme, e a culpa não é dos militantes que ainda hoje vão às ruas defender os ideais de uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna (e aquela turma continuará a ir). O problema é pontual, residual e identificável. Não é inteligente tomar a parte pelo todo, a não ser que haja interesse político nisso. Certamente, não foram os militantes que se envolveram nas vergonhosas operações da Polícia Federal e tampouco saíram das páginas de boa política e foram parar nas páginas policiais de nossa Rondônia e do Brasil. Acusações de roubos, falcatruas, omissões, peculato, montagem de empresas no exercício de mandato rechearam as notícias contra danadinhos sapecas (algumas verdadeiras outras não). Tudo isso nublou o patrimônio positivo da história petista. Na verdade, cá entre nós, uma vergonha para quem tem vergonha de berço!

A maioria dos barbudinhos, apoquentados, se encolheu (mas nem todos). Ficaram acabrunhados pelo peso do passado, pois não havia como defender apenas o bom sem falar no ruim. Muitas acusações foram pessoais, pirotécnicas e tinham caráter político menor de ataque ao PT... infelizmente, outras retratavam parte de uma verdade cujo teor tende a ser mais cruel com todos os avermelhados.

 

3.  O Deputado Ton ouviu a sociedade?

Lamentavelmente e inexplicavelmente, o Deputado Federal Ton parece não ter entendido na plenitude o momento histórico e o anseio de toda uma militância indignada com a forma com que alguns exerceram o mandato concedido pelos militantes.

É infrutífero um discurso bonito no qual se condena a quebra da ética alheia e se louva os bons costumes. Todos fazem isso. Arroubos de retórica devem ser reservados para outros setores. Pelo pouco que sei, para o PT verdadeiramente almejado por uma militância aguerrida, isso é muito pouco. Precisa-se agir contundentemente nessa direção e a sociedade necessita ver isso com clareza cristalina. Ter atitude!

Dizer que a culpa de tudo é do Ministério X, ou do Z, ou da Bailarina da Praça, sem dúvida, parece-nos insensato.

 

4. O exemplo ensina mais...

Não adianta fomentar a prática de jogar a sujeira para baixo de um tapete que, muito cheio, atrapalha o andar dos mais inocentes. A esmagadora maioria dos militantes do partido não quer isso. Até os candirus capengas e caolhas do Baixo Madeira sabem disso.

O Deputado Ton, quando pôde fazer a diferença; quando pôde ajudar a punir os desvios éticos do seu partido; quando pôde, com gesto, mostrar à sociedade como se age diante dos desvios de conduta, simplesmente rumou no sentido inverso: comandou uma patética tropa de choque rumo à impunidade política.

Tal qual a um conservador, optou em defender e absolver politicamente a todos os envolvidos nas graves denúncias que tanto têm maltratado petistas de todas as patentes.

Essa prática, eu ouso perguntar, irá contribuir com o PT nas eleições de 2014?  

Não é por acaso que todos... todos os denunciados e envolvidos com os escândalos dos últimos tempos estão a dar apoio à candidatura do Padre Ton a presidência do PT.

A política de troca nesse nível, a meu ver, não interessa a base vermelhusca.

 

5. O caminho definido

Ruptura... Ruptura... Ruptura... Pelo que se vê, a base (ou parte dela) quer uma ruptura total com essa prática recente, pontual e isolada de alguns poucos.

Esse é o caminho e o desafio que os vermelhinhos presentes na chapaResistência & Ética apregoam pelos quatro cantos do Estado.  Há muita gente boa em todas as Chapas. Particularmente, eu conheço quase todos. A grande parte deles não sabe (ainda) como se deu esse processo e como as lideranças se comportaram em cada fase. Há, historicamente, claro respeito pelas escolhas de cada um, mas cada escolha tem consequências. A campanha interna será um momento privilegiado para se colocar isso de forma clara, simples, verdadeira, particularizada e honesta. Existe, por aquelas bandas, uma ferida aberta a ser mexida com dor, tratada e, decerto, curada.

Os detalhes das Chapas, suas composições, apoios e Teses já estão escritos e prontos por aí. Tudo será apresentado e revelado ao longo desses três meses. A eleição no PT causa furor e é um fato sem paralelos com outros partidos. Esse fato agitado só o dignifica diante de uma realidade partidária viciada e sem essa vida. Vai mexer com a agenda política local, e isso é bom.

A eleição interna de novembro definirá que tipo de PT seguirá em Rondônia. Um PT voltado para seus princípios históricos, seus valores inabaláveis, com sólida referência na sociedade ou, se for a vontade da maioria, algo mais... digamos... moderno, novo e diferente.

 

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