Sexta-feira, 9 de janeiro de 2015 - 05h08
Por Humberto Pinho da Silva
Andava a ver as montras na Rua de Santa Catarina, no Porto, quando senti bater-me levemente no ombro. Olhei, e vi meu amigo Zé Maria, que trazia seu diário, debaixo do braço.
Parei. Fez-me o questionário habitual: como estava de saúde; se tinha escrito muito; quando ia tomar café com ele… Respondi como pude.
Estávamos perto da Capela das Almas, quando o Zé disse-me uma novidade, pelo menos para mim: - A Editora Paulus publica revistinha com o ordinário da missa, orações e Evangelho do dia. A revista é mensal e vendida por quantia acessível.
Procurei logo adquirir o exemplar do mês – o que não foi fácil, – e no domingo seguinte, fui todo lampeiro, à missa.
Abri o livrinho e fiquei encantado. Estava lá tudo …até que, de um momento para outro, perdi-me. O sacerdote enveredara por outros dizeres e não tive outro remédio senão responder atabalhoadamente, algumas vezes aos soluços ou repetindo o que ouvia.
Desiludido fui a outra igreja. Então foi muito pior. A diferença era notável. No fundo tudo estava lá, ou quase tudo… mas por outras palavras e ordem diferente.
Estava habituado, na juventude, a levar comigo o missal. O sacerdote celebrava em latim e eu lia em português.
Depois tudo se baralhou. Passei a repetir o que ouvia…
Contei a minha desdita ao Silvério, velho companheiro de infância, e ele sai-se com esta: - “ Eu também me atrapalho, mas deixo-me ir…às vezes até digo só metade, outras vezes tão perdido estou, que calo-me. E até ajudei à missa, quando era pequeno…”
Perguntei a outros conhecidos. Todos confessaram - alguns envergonhados, - que não passam de imitadores: ajoelham-se, levantam-se, sentam-se, quando o vizinho do banco faz….
É triste que assim seja. O templo devia ser local de oração. Mas quem pode participar devidamente se não sabe, ao certo, o que deve fazer?
No Brasil há, na entrada das, igrejas, jornalzinho, gratuito, que tem o ordinário e as orações de domingo. Verdade é que nem sempre o padre se guia por ele, mas a maioria segue o que vem impresso. Na nossa terra, nada existe: nem folhas volantes com o ordinário, e muito menos hinários.
Como querem que a juventude vá à missa, se não sabe como se portar, nem sabe o que vai lá fazer?
Certo jovem, quando perguntei porque não frequentava o templo, respondeu-me:
-”Rezo em casa, quando me apetece. Não perco tempo com missas…Até me sentem mal…Prefira ir à igreja quando está vazia…
Depois admiram-se que os templo seja pouco frequentado…Como querem cativar as pessoas, se são poucos os que conhecem o que é a missa e como se devem portar no templo.
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