Sábado, 13 de abril de 2013 - 09h14
Fico aqui, refletindo com os meus botões , diante de tal preciosismo linguístico, de como não seria a reação face a expressões congêneres do tipo “urubu negro”, “noite negra”... nem pensar.
Essa questão me remete a outro comentário vindo de um espectador , a propósito de uma entrevista dada por Millôr Fernandes, ao programa Roda Viva. Textualmente: “Bons tempos aqueles. Éramos livres e não sabíamos. Podíamos dizer crioulo, tição, tiziu, macaco, urubu, e ninguém parecia se ofender. E nada de “deficiente”, era aleijado mesmo. E retardado. Mongolóide... Agora veio essa turma do “politicamente correto” para cercear a liberdade de expressão. Viva Millor, que sabia muito bem pôr os pingos nos is”.
Exageros à parte, esses comentários, nos faz refletir um pouco, sobre a dimensão para o zelo exacerbado de como devemos tratar, ou não tratar, as chamadas “minorias”. É claro que precisamos ter o cuidado necessário, para não ferirmos suscetibilidades, ao nos referirmos a pessoas que eventualmente estejam enquadradas no âmbito desses parâmetros, tampouco devemos agredi-las com palavras, gestos e atitudes eivadas de preconceitos.
No debate recente, têm-se dado muita ênfase no combate às questões de racismo, homofobia e preconceitos com as pessoas portadoras de “deficiências”. No entanto, se impõe nessa discussão, uma certa dose de critérios e bom senso, para não descambarmos para atitudes extremadas, onde impera a intolerância e a falta de respeito ao outro.
A imposição de uma linguagem mais apropriada para não parecer manifestações preconceituosas em relação a determinados grupos, demonstra muita das vezes , a falta de bom senso e gera situações absurdas.
Vejam a hipocrisia de nos referirmos a alguém que está arrastando o chinelo, babando e gotejando o pijama e afirmarmos que ela está na melhor idade. Existe babaquice maior que esta? Emblemático nesse sentido, o comentário de Pedro Nava a uma repórter que o indagou sobre a sua idade e a experiência que ela lhe proporcionava. Do alto dos seus já oitentas, o escritor com a característica que lhe era peculiar, assim se referiu: experiência? Que experiência minha filha? Que experiência? Agente vai perdendo a visão a audição tudo...e você vem me falar de experiência...
Imaginem algumas pessoas que prezo muito ao invés de me tratarem de meu nego, meu preto, meu negão e, por imposição do politicamente correto passarem a utilizar meu afrodescendente. Tenha santa paciência.
Estão interferindo até na literatura infantil. Dorival Caymmi deve se revirar no seu túmulo, ao saber que seu acalanto, por conter a expressão boi da cara preta pode ter sua letra alterada, pois esse conteúdo “racista e medonho”, pode assustar as criancinhas. É de doer. Às favas a cultura...
Parafraseando Paulinho da Viola, tá legal eu aceito o argumento, mas não vamos impor formas e regras no proceder da nossa vida cotidiana tanto assim. Como fica a naturalidade e a espontaneidade tão próprias do comportamento do povo brasileiro? Insisto, há que se ter bom senso. Educação no trato com as pessoas, independente das suas preferências, limitações físicas, cor, ou religião, deve ser uma prática saudável e uma demonstração de respeito a dignidade humana, e não uma forma coercitiva ditadas por padrões e normas de conduta. Como diria minha mãe, “ isso vem de berço...”
Deploro alguém que acintosamente zomba de pessoas ditas excepcionais, maltrata um idoso, ultraja uma prostituta, humilha um negro ou agrida física e moralmente quem tem a coragem de optar pela sua sexualidade - estou sendo politicamente correto? Tampouco é de se concordar com essa histeria que toma conta de alguns grupos a que chamamos de “minorias”. Ao atuarem em seus respectivos movimentos, reivindicando algo que é legítimo, justo e afirma seus direitos na sociedade, tornando-os cidadãos iguais, o fazem com tanta soberba, prepotência e de forma tão imperativa, que acaba surtindo efeito contrário.
A exacerbação desses movimentos, querendo impor a qualquer custo uma mudança no trato e na linguagem de um comportamento humano enraizado na história, querendo valer-se pela força, é algo pouco razoável, para não dizer estúpido. Faz crescer o ódio e a intolerância, dos que já a priori não nutriam qualquer simpatia por eles, e afasta os simpatizantes que não estão de acordo com os seus métodos pouco ortodoxos, cheios de agressividades e ressentimentos. Numa sociedade democrática, conviver bem respeitando as diferenças, é condição fundamental para o exercício da liberdade, da livre manifestação que cada indivíduo deve ter e o respeito mútuo para uma convivência mais harmônica, sem imposições vindas de quaisquer maiorias ou minorias que firam esses princípios. Vivamos a adversidade, lutemos pela pluralidade. “Racista e homofóbico é mãe...”
Fonte: professor do Edilson Lobo do Nascimento do Núcleo de Ciências Sociais Aplicadas (NUCSA) - Departamento de Economia da Universidade Federal de Rondônia da Universidade Federal de Rondônia - UNIR, para publicação – caso for de interesse. Telefone para contato com o professor Edilson Lobo (69) 8117 6945.
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