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O PED e os desafios do PT em Rondônia


*Padre Ton

O Processo de Eleições Diretas (PED) do PT está em curso. Na última segunda-feira, 12, acabou o prazo para inscrição das chapas que irão concorrer à direção estadual do partido com o voto da militância, em novembro. Não é um momento fácil, todos sabem, por isso relutei inicialmente em colocar meu nome na disputa.

Depois de muita reflexão, me senti encorajado e resoluto a enfrentar desafios que virão, caso tenha a honra de ser eleito pelos milhares de militantes presidente de meu partido. Foram os apelos diversos e conversas feitas com os companheiros e representantes de movimentos sociais de todo o Estado que me levaram a aceitar mais esse desafio. Assim, é oportuno dizer, sem distinção, a todos que hipotecaram solidariedade, apoio e confiança: muito obrigado!

A Mensagem ao Partido, corrente da qual faço parte, o Movimento PT e Construindo um Novo Brasil se uniram para construir novos tempos, não apenas do ponto de vista da organização e exercício da política partidária, mas também para resgatar a credibilidade da legenda junto à sociedade. E, para isso, será fundamental que todos tirem o manto da vaidade, dos rancores e da disputa por espaços de poder.

Nos momentos cruciais, entre o desejo de cuidar exclusivamente do mandato parlamentar orgulhosamente exercido a favor do povo rondoniense, e cuidar também de um partido estrepitosamente em frangalhos, que se apequenou na intriga, na estratégia política equivocada das últimas eleições e nos casos de corrupção de amplo conhecimento público, à lembrança veio de maneira viva o saudoso companheiro Eduardo Valverde, tragicamente morto na BR-364, e Odair Cordeiro, que para o PT de Rondônia e em particular para Porto Velho muito representaram.

Foram eles que me incentivaram a concorrer a uma vaga de deputado federal e, se agora já não posso mais contar com seus conselhos e experiência, me inspira sua capacidade de dialogar com amplos setores da sociedade, sem sectarismo e conveniências de ordem pessoal, de forma desabrida, aberto a compreender os protestos de junho e sua significância para a realidade dos partidos, encurralados e malvistos em todo lugar.

O contexto vivido pelo PT, em razão da sangrenta divisão que se deu em Porto Velho, pede de todos nós humildade e capacidade para dialogar de forma ininterrupta, pede mais política menos burocracia, mais verdade e aproximação com agentes que fazem política, sejam instalados em organismos oficiais ou não. Pede amplo interesse coletivo e apenas o legítimo interesse individual, pede o fim da familiocracia nos nichos do partido, pede transparência e coragem.

Será preciso muito esforço para organizar a estrutura, dando nova dinâmica, reduzindo custos para otimizar gastos, fortalecer setoriais e investir pesado na formação de prefeitos, vereadores e lideranças emergentes, e na comunicação, engessada, a serviço de poucos e não do partido.

Entrei na disputa do PED com companheiros que se lançam, como uma espécie de náufragos atirados ao mar, à luta pela dignidade e permanência no cenário político de um partido que tem história, único a enfrentar abertamente embates como o ocorrido em Ji-Paraná, no dia 3 de agosto.

Acredito que devemos, como militantes, deixar crescer dentro de nós o cão bom, e não o cão cruel, habitantes do interior de um velho índio Cherokee, que ao ser perguntado qual dos dois ganharia a briga na confusão de sentimentos e interesses em conflito, respondeu sem pestanejar: _Aquele que eu alimentar.

Está sacramentado: a chapa “Renovar o PT com Você” está inscrita, e logo divulgará para a militância as propostas que pretende ver em debate em momentos que antecedem a eleição interna no partido.

*É deputado federal pelo PT-Rondônia, ex-prefeito de Alto Alegre dos Parecis.

 

 Fonte: Mara Paraguassu
 

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