Sábado, 22 de fevereiro de 2014 - 10h46
Professor Nazareno*
Ultrapassando a incrível marca de 18 metros ainda no mês de fevereiro, a cheia do rio Madeira continua inclemente em 2014. Uma espécie de “indústria da seca” às avessas, esse previsível fenômeno da natureza, talvez turbinado e impulsionado pela desastrosa construção das usinas hidrelétricas e outros fatores antropológicos desnuda de vez a hipocrisia e a “cara de pau” de nós, seres humanos. Mais uma vez acuado pela sua notória incompetência para lidar com as intempéries da natureza, o Poder Público aliado a uma sociedade hipócrita e interesseira procura no meio do caos razões para expiar sua culpa, sua tão grande culpa. No Brasil, as pessoas carentes e necessitadas, geralmente com a conivência desse mesmo Estado inútil, fazem suas moradias em áreas de risco e depois do pior, imploram ajuda aos governantes e à mesma sociedade.
O drama vivido pelos ribeirinhos e suas famílias e por todos os atingidos pelo fenômeno poderia nem estar acontecendo: se prevenir é melhor do que remediar, por que somente as pessoas pobres, geralmente com a “compreensão” de autoridades corruptas e incompetentes, fazem suas moradias em áreas de risco e depois do pior, são abandonadas e jogadas à própria sorte? O drama dos rincões secos do Nordeste e do desbarrancamento de morros no Rio de Janeiro infelizmente se repete na calha do rio Madeira na Amazônia brasileira. E no caso de o pior acontecer nada será feito, pois no Brasil, e particularmente em Rondônia, o Poder Público não está e nem nunca esteve preparado para evacuar as pessoas. Está preparado apenas para evacuar NAS pessoas. Mais miserável ainda é quem depende da ajuda dos outros para sobreviver.
Como ninguém conscientizou os ribeirinhos do perigo que corriam, dar esmolas agora não resolverá o drama de ninguém. Igual aos políticos que tanto desprezamos, estamos dando o peixe e se esquecendo de ensiná-los a pescar. Esse negócio de “Páscoa Solidária”, “S.O.S Ribeirinhos”, “Solidariedade a quem sofre”, “Estenda a mão aos alagados”, dentre outras tolices, inventadas sob medida apenas para massagear o ego de pessoas e entidades civis e religiosas, às vezes, pouco ou nada altruístas, serve também para expiar alguma forma de pecado maior cometido em nome do capitalismo selvagem que tanto corrói a nossa hipócrita sociedade. Diante de autoridades inertes, o preço da gasolina e de outros bens de consumo já subiu por aqui e certamente outras mercadorias também terão um “pequeno acréscimo”. É a outra metade do mundo vendendo lenços.
E todos, “por pura bondade”, querem participar desta corrente de solidariedade humana. Não há Facebook que aguente com tantas fotos. Admiramos quanta gente boa existe por aqui. Como estamos num ano político, desconfia-se de tanta boa vontade. Se em Porto Velho não existisse a Vila Princesa, localizada lá pelas bandas do lixão da cidade, os poucos endinheirados que formam a elite local inventariam outra vila com as mesmas características só para poder praticar o seu altruísmo mensal. Pelo visto, esta enchente não está só trazendo águas barrentas e madeiras apodrecidas. Traz também muita alienação, medo, hipocrisia e falta de solidariedade. Mas brevemente vamos evitar o sofrimento pulando na famosa Banda do Vai Quem Quer. Este ano, vamos ultrapassar os 200 mil brincantes. E os atingidos pela catástrofe? “Ora, eu já dei o quilinho de arroz para eles. Sou do bem, deixe-me pular o carnaval em paz”
*É Professor em Porto Velho.
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