Segunda-feira, 24 de dezembro de 2012 - 15h20
João Baptista Herkenhoff
Finalmente a ONU reconheceu o Estado da Palestina.
Sempre me encantou a luta do povo palestino em busca de chão. Que belo o trajeto histórico desse povo. Essa ânsia de sobrevivência nacional, que a concretude territorial assegura, merece o apoio de todos os homens e mulheres de boa vontade. A nenhuma nacionalidade pode ser negado o direito de pisar numa terra que considere sua.
Se nutro simpatia pela causa nacional palestina, devoto também admiração por Israel. Com que júbilo saudei, na juventude, a criação do Estado judaico. Esta manifestação ocorreu em Cachoeiro de Itapemirim.
Pode deixar de ter vocação humanista e pacifista quem nasceu, cresceu e foi educado na cidade natal do imenso e humano Rubem Braga, o cronista-poeta que cantou com singeleza as coisas mais belas da vida?
Agora que o Estado da Palestina foi oficialmente acolhido na mais importante assembleia do mundo, crescem as esperanças de que floresça a Paz naqueles territórios conturbados.
Através dos canais diplomáticos, com o endosso de um concerto de nações, judeus e palestinos podem conviver no respeito recíproco, trocando a incompreensão pela tolerância. Que se assentem junto à mesa representantes dos dois povos. Renda-se apoio aos que se aprontam para celebrar a concórdia.
Árabes e judeus disputam no Brasil uma competição a serviço do bem. Constróem obras beneméritas. É assim que testemunham gratidão pela acolhida que eles, seus pais, avós e bisavós tiveram no Brasil. Se dependesse da colônia árabe brasileira e da colônia judaica brasileira jamais esses povos teriam entrado em confronto.
Em recente viagem à Terra Santa, defrontei-me com rostos judeus e com rostos palestinianos. Não vi qualquer sinal de ódio no rosto das pessoas comuns. Presenciei apertos de mão entre árabes e judeus. Acho que aqueles dois povos sempre quiseram Paz e não Guerra. Concluo que os que querem guerra são os fabricantes de arma.
Vi olhos brilhando de admiração diante do brasileiro falando Português. Um dos meus interlocutores afirmou, em inglês, que era fã de Roberto Carlos. Eu respondi que Roberto Carlos nasceu na minha cidade e que eu o conheci ainda criança. Ele ficou boquiaberto. Mais estupefato ainda quando eu disse que um cunhado meu socorreu Roberto Carlos quando um trem o atropelou fazendo-o perder quase totalmente uma perna, razão pela qual precisou colocar perna mecânica. Ele ficou assustadissimo: “Como pode jogar tão bem futebol com uma perna mecânica?”
Ele nao se referia a Roberto Carlos, nosso insuperável cantor, mas a Roberto Carlos jogador de futebol. Esclareci o equívoco e ele se acalmou.
João Baptista Herkenhoff, professor itinerante Brasil afora e escritor. E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br
Homepage: www.jbherkenhoff.com.br
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