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Política e Religião



 *Bandeira Filho

Em tempo de efervescência política, o que estamos vendo são falsos profetas que não prometem mais só a salvação eterna no plano transcendental, mas o nirvana, a felicidade vitalícia através do poder temporal político.

Deus, que é compreendido como conforto moral e a conservação dos valores espirituais e libertação do ser humano, tem se transformado em moeda de troca pelos vendilhões dos templos. Através do fundamentalismo, do irracionalismo e da exploração da ignorância eles têm subjugado a determinação da busca dos fundamentos da origem humana e da essência do Criador.

A invasão do campo político pelos ditos ‘religiosos’ se deu com a proliferação das igrejas e a seitas: dinheiro, carro terrenos, cartão de crédito, cheques.

O que temos visto são aqueles que têm a incumbência laica de gerir os recursos da sociedade se escorregando sempre para o viés do assistencialismo, do toma-lá-da-cá em detrimento dos valores, das convicções das idéias e dos princípios éticos mais comezinhos. Passam, com isso, à sociedade a sensação – o mau exemplo mesmo – de que a ação política não cabe nos limites do juízo moral.

Não vamos generalizar, argüindo que todas as igrejas sejam encarnação da maledicência.

Política e Religião são manifestações sociais legítimas que devem contribuir para transformar a sociedade. Infelizmente, não é isso que está ocorrendo.

Rondônia tem quatro ex-presidentes da Assembleia Legislativa com contas a ajustar com a Justiça. Dois estão presos, um está foragido e outro, com condenações que já somam quase 60 anos de xilindró, aguarda julgamento de últimos recursos para saber se vai fazer companhia aos seus pares na cadeia.

Sem falar nos inúmeros deputados, senadores, vereadores, ex-governadores processados.

O que fazer?

Exercitar a livre manifestação do pensamento, não esperando de braços cruzados, mas sendo protagonista de nova era que se anuncia.

Tanto no plano terreno, quanto no plano superior, a mensagem bíblica é clara: “a cada qual será dado segundo a sua obra”.
 

*É advogado militante

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