Segunda-feira, 3 de outubro de 2016 - 06h36
Professor Nazareno*
O Nacionalismo é um sentimento absurdo, tosco e que muitas vezes leva à guerra e à destruição. É o pior dos sentimentos coletivos como provaram o Nazismo e o Fascismo. Mas, políticas à parte, gostar pelo menos do lugar onde se nasceu seria algo tolerável e aceito. Muitos brasileiros, por incrível que pareça, dizem que gostam do lugar onde nasceram e viveram parte de suas vidas. Observa-se que muitos defendem aguerridamente o torrão natal, mesmo que seja um “Coité do Noca” ou uma “casa da mãe Joana” sem nenhuma expressão. Ouço incrivelmente pessoas e eleitores daqui dizerem que amam Porto Velho apesar da péssima qualidade de vida que a cidade apresenta. Como dizem amar a cidade e numa eleição praticamente se repete a mesma composição da criticada, corrupta, mal vista e pouco atuante Câmara de Vereadores?
Ama-se Porto Velho, ama-se João Pessoa, ama-se Curitiba ou Porto Alegre, ama-se apenas a cidade, mas não se ama a Pátria. Parece que quase todos os brasileiros, embora amem o seu torrão, não gostam do Brasil enquanto nação, enquanto país reconhecido internacionalmente. Nestas eleições, assim como em todas as outras, praticamente se vota pensando no individual e quase nunca no coletivo. Basta ver a absurda composição da Câmara de Vereadores que foi eleita aqui. Muitos fichas sujas vão continuar. Todos os candidatos afirmam que se eleitos vão trabalhar em benefício daqueles que os elegeram. Dizem que transformarão suas cidades em paraísos com coelhinhos saltitantes e borboletas azuis. Esse mantra é uma mentira deslavada e todos os eleitores sabem disto. Mas por que em todas as eleições ele se repete absurdamente?
No entanto, o resultado das eleições para prefeito em Porto Velho, a humilhada, suja, fedorenta, espezinhada, achincalhada, apedrejada e abandonada capital de Rondônia, indicou o contrário. O eleitor local se mostrou cansado com tanta ineficiência na administração pública. O atual prefeito Mauro Nazif, apesar de estar com máquina na mão, não conseguiu sequer ir para o segundo turno. Perdeu para ele mesmo. Político sério e honesto, Nazif não trabalhou absolutamente nada durante os três primeiros anos do seu pífio mandato. E as “decorações” de Natal? Com tanta incompetência, esgotou a paciência de todos. E o recado para os dois postulantes ao cargo foi claro: ou trabalha ou cai fora. Além disso, tem que ser honesto e não roubar. Incrível, mas este resultado nos deu alguma tranquilidade, apesar da qualidade discutível dos vereadores eleitos.
O eleitor portovelhense, mais coerente desta vez, mandou também o PT e o seu cacique-mor Roberto Sobrinho para a lata do lixo. Mesmo sem amar o Brasil, os eleitores locais mostraram que amam Porto Velho, sim. Hildon Chaves e Léo Moraes, respectivamente um pernambucano e um paranaense têm que mostrar serviço. O que for eleito tem que ser honesto além de trabalhar muito em benefício de uma cidade há tempos esquecida pelo poder público. Chega de morar na pior cidade do Brasil em IDH. Chega de morar numa cidade desorganizada, sem mobilidade urbana, violenta, suja e repleta de obras inacabadas. Não votei em nenhum dos dois no primeiro turno e admito que terei dificuldades para escolher agora. Mas tenho o otimismo de dias melhores para este lugar. Podemos nem gostar mesmo do Brasil, mas não havia melhor presente de aniversário para quem comemorava seus 102 anos: a esperança de mudar para melhor.
*É Professor em Porto Velho.
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