Sexta-feira, 20 de dezembro de 2024 - 13h22
Belém o Ponto de Encontro de Oriente e Ocidente
O Natal, simbolizado pelo presépio de Belém, revela-se como ponto que rasga fronteiras, como o ponto de encontro entre o Oriente e o Ocidente, um espaço onde cada pessoa é convidada a iniciar uma caminhada conjunta rumo a uma cultura de paz. Na narrativa do presépio, as contradições humanas encontram-se integradas, revelando a união entre matéria e espírito, entre o divino e o humano e a necessidade de Ocidente e Oriente se encontrarem num espírito inclusivo...
Num presépio simples, que acolhe humanos e animais, Jesus manifesta a vontade do Pai de habitar nos corações, não no vazio ou num lugar distante...
O Natal inaugura uma história inclusiva, que acolhe todas as narrativas e as coloca em relação, sem exclusões. O nascimento de Jesus em Belém, uma cidade rica em simbolismo para os judeus, e um sinal também para toda a humanidade, transforma o presépio numa casa universal...
É como se todos passássemos a ouvir o nosso próprio canto na voz dos passarinhos ou víssemos as cores das flores como parte de nós, debaixo do mesmo arco-íris com espírito de sintonia.
No presépio, Jesus faz parte do mundo sem ser idêntico a ele...
As aparentes contradições da vida onde nos perdemos no nosso dia-a-dia – o divino e o humano, a matéria e o espírito – são reconciliadas no presépio...
No presépio, Deus manifesta-se em Jesus Cristo, mas esconde-se no mundo para dar aos seres humanos a possibilidade de se definirem...
O presépio simboliza esse novo mundo, onde o divino se revela no humano e a criação se plasma em harmonia. Jesus, o protótipo da humanidade e da criação, une o divino e o humano numa síntese perfeita. O presépio é o berço da humanidade, onde a diversidade e as contradições convivem em liberdade e paz.
A presença dos reis magos – representantes de diferentes regiões e mundividências – reforça essa visão universal do presépio...
O pensamento do Extremo Oriente, desprovido de entidades sobrenaturais, encara a vida como uma mera caminhada...
O Ocidente, pelo contrário, busca transcender a imanência cíclica da vida, procurando dar-lhe um sentido linear, com princípio e fim, considerando o mundo também sua casa. No gesto dos reis magos, emerge um espaço de diálogo entre essas duas visões: a vida como caminhada e a vida com uma meta (com princípio e fim) ...
Eles encontram ali, de maneira antecipada, a realidade e o sentido do mundo, compreendendo que a cultura é o campo onde o espírito lavra para unir as diferenças num solo comum...
No presépio, a história linear do Ocidente e a fluidez cíclica do Oriente encontram um ponto de convergência, simbolizando a criação de um novo espaço onde a diversidade não é rejeitada, mas integrada.
Neste contexto de Natal e de Presépio, o mundo criado torna-se o verdadeiro templo de Deus e do humano, um espaço sagrado onde tudo o que foi criado encontra o seu lugar e o seu sentido. O presépio, símbolo do Natal, revela-se como a morada onde matéria e espírito, razão e fé, se reconciliam numa cultura de paz e pertença.
Natal encontra-se por realizar enquanto a maldade humana continuar a afirmar-se, do homem contra o homem, através de uma cultura da guerra afirmada contra a cultura da paz que permanece ainda reservada ao foro privado-individual.
António da Cunha Duarte Justo
Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=
GEÓRGIA NAS PEGADAS DA UCRÂNIA
... Na Geórgia, nas eleições parlamentares de outubro, o partido "Sonho Georgiano" recebeu 54% dos votos e a aliança da oposição ocidental 38%. Resultado: a Geórgia tem um presidente eleito Mikheil Saakashvili pró-rússia e uma presidente cessante Salome Zurabishvili pro União Europeia/EUA que não abdica.
Mikheil Saakashvili fez propaganda contra o “Ocidente decadente” e jogou com o medo da população de entrar em guerra contra Moscovo através do Ocidente. Por sua vez Salome Zurabishvili defendia os interesses da União Europeia na Geórgia. “O que está a acontecer na Geórgia é uma tentativa de mudança geopolítica”, disse a analista georgiana Ekaterina Metrveli.
Se Mikheil Saakashvili é acusado de defender os interesses russos na Geórgia, por seu lado, Salome Zurabishvili, de nacionalidade francesa, depois de uma carreira diplomática brilhante ao serviço da França desde 1974, adquiriu a cidadania georgiana em 2004 para poder trocar o cargo de embaixadora francesa para o de ministra dos Negócios Estrangeiros da Geórgia, o que lhe valeu a fama de “agente” de potências estrangeiras (1)....
No âmbito geoestratégico temos, por um lado uma OTAN que quer ver a sua zona militar e económica alargada aos antigos territórios que faziam parte da União Soviética e por outro lado a Rússia que os quer ver neutros na sua fronteira e deste modo manter a sua influência....
António da Cunha Duarte Justo
Texto completo e nota em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=
MÁRTIRES DA REVOLUÇÃO FRANCESA CANONIZADAS
A 18 de novembro de 2024, o Papa Francisco ordenou que os nomes de 16 freiras carmelitas degoladas pela guilhotina do regime de terror (Robespierre) da revolução francesa, fossem inscritos no catálogo dos santos.
A 2 de novembro de 1789, as propriedades da Igreja foram confiscadas e entregues ao Estado francês com o pretexto de ser resolvida a crise financeira. A 13 de fevereiro de 1790, todas as ordens monásticas e congregações religiosas foram extintas. Também os sindicatos regulares são dissolvidos por decreto. Os votos que os religiosos deram ao ingressarem nos conventos são declarados “nulos” e é proibida a emissão de qualquer novo tipo de voto religioso.
A 14 de setembro de 1792, as Carmelitas do convento de Compiègne foram expulsas sendo acolhidas por algumas famílias. Na clandestinidade continuaram a praticar em comum a sua vida religiosa.
A 17 de julho de 1784, na revolução francesa, as 16 freiras carmelitas descalças de Compiègne foram guilhotinadas.
As 16 freiras carmelitas, foram condenadas à morte e guilhotinadas por resistirem à proibição da vida religiosa e recusarem secularizarem-se, sendo consideradas culpadas de serem “inimigas do povo”. Antes de subirem ao cadafalso rezaram pelos moribundos, e cantaram o Te Deum, seguido do Veni Creator e a renovação dos votos religiosos.
Os juízes da Revolução, não compreendem que as freiras estejam dispostas a renunciar à sua liberdade e submeter-se a uma regra de vida em comunidade onde "renunciam a todos os seus bens”. Este apego à sua fé parece suspeito e, por isso, criminoso. Este é o motivo central da sentença de morte (1).
Um século antes uma irmã carmelita do convento de Compiègne tinha tido um sonho profético segundo o qual a comunidade inteira seria martirizada.
Muitos contemporâneos viram na queda do regime de Robespierre, a resposta positiva à oração e dedicação das Carmelitas de Compiègne.
A Revolução Francesa, com o seu lema “liberdade, igualdade, fraternidade” foi um dos episódios mais vergonhosos da história humana conhecida.
António da Cunha Duarte Justo
Nota em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=
MIRAGENS DO PODER GIHADISTA
No deserto imenso, a alma se inflama,
Sob o véu do Islão, ergue-se a trama.
Política e fé, num só coração,
Unem tribos dispersas numa nação.
Do solo árido, a miragem brotou,
Espelho de sonhos, que a areia sulcou
E a luta do Corão em ventos sem fim,
Modela espíritos, duros assim.
A fé que invade, força e visão,
Confunde a aridez com a ilusão.
Mas no encontro do sagrado e do poder,
Surge um sistema que consegue vencer.
Na democracia forjada na crença,
“Deus” só une, enquanto compensa.
Longe do conforto das democracias,
Aqui, a unidade é que desafia.
E no contraste, o devoto se verga,
Com feminilidade que o espírito rega
Enquanto líderes, com força viril,
Guiam miragens de um povo febril.
Assim é o Islão, deserto e clarão,
Miragem concreta, força e paixão.
Um mundo que ecoa a sua razão,
Num espelho eterno, de fé e nação.
António da Cunha Duarte Justo
In Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=
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