Segunda-feira, 10 de março de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Saudades da Ditadura - Por Professor Nazareno



Professor Nazareno*

Em março de 1964 eu tinha apenas cinco anos. Em março de 1985 eu estava, óbvio, com 26. Este período foi a melhor fase que vivi em toda a minha vida e que coincidiu na política nacional com o chamado período da Ditadura Militar. Aqueles “anos dourados inesquecíveis” foram para mim uma espécie de “meus verdes anos”. Para o nosso país também foi. Éramos competentemente governados pelos militares que em nome do capitalismo e para defender os interesses dos mais pobres deram um golpe no latifundiário e dono de terras João Goulart e em todas as instituições que defendiam equivocadamente as aspirações democráticas. Bons tempos aqueles: éramos felizes e não sabíamos. Vivíamos no paraíso. Uma espécie de terra dos Smurfs sem o Gargamel. A Ditadura Militar foi uma panaceia milagreira que fazia jorrar mel e leite das ruas.

Naquela áurea época havia coelhinhos saltitantes e borboletas azuis em todos os recantos do país. Tudo funcionava maravilhosamente bem e as pessoas não tinham sequer a tola vontade de votar para presidente, prefeito das capitais ou mesmo governador. Corrupção não havia e o que se arrecadava em impostos era tudo empregado para o bem da sociedade. O nosso país crescia folgadamente a 15 ou 20 por cento ao ano e tínhamos amplo reconhecimento internacional. A nossa educação era de Primeiro Mundo e só não ganhamos várias vezes um Prêmio Nobel por que nunca fizemos questão dessas “coisas pequenas”. Os nossos militares descartavam anualmente a indicação para o Oscar e os Estados Unidos assim como vários países europeus e o Japão guiavam suas sociedades a partir do que viam no Brasil. Éramos melhor que eles.

Não havia essa violência que vemos hoje e quase não tinha pessoas presas a não ser aquelas que queriam mesmo estar nas cadeias como alguns estudantes insolentes e alguns sujeitos metidos a oposicionistas e os provocadores da esquerda. A liberdade grassava em todos os níveis. Todas as minorias eram respeitadas e até os indígenas tinham uma política só para eles. O governo militar criou o Mobral para alfabetizar todos os cidadãos que quisessem. Preocupados também com a cultura, os militares incentivaram todas as formas de arte e expressão. Censura “quase” não havia e qualquer um podia se expressar livremente. A nossa dívida externa mostrava a credibilidade do país ante o mercado externo. Ainda teve o milagre econômico. E se houve DOI- CODI, torturas, AI-5 e exílio foram apenas meras formalidades para melhor se governar.

Mas como tudo o que é bom dura pouco, os civis tomaram de assalto o poder e lamentavelmente instalaram a famigerada democracia entre os brasileiros. De 1985 aos dias de hoje, vivemos de solavanco em solavanco tentando acertar e nada parece dar certo. A roubalheira tomou conta da sociedade, a imoralidade dá as cartas, a crise de representatividade só aumenta, a insatisfação popular não para e a corrupção nunca acaba. Vivemos tempos difíceis. Se os militares dessem, para a nossa sorte, outro golpe militar as coisas entrariam no eixo mais uma vez. E como num passe de mágica, general no poder, a corrupção acabaria no dia seguinte. Nossas escolas teriam de volta as disciplinas Educação Moral e Cívica e OSPB, o Estado não seria mais laico e a nossa bandeira não mudaria de cor jamais. Não sei o que os “milicos” estão esperando, pois quando tiraram a Dilma e o PT as coisas melhoraram e muito. Só não vê quem não quer.

*É Professor em Porto Velho.

Gente de OpiniãoSegunda-feira, 10 de março de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

A Revolução da comunicação em Rondônia: jovens empreendedores e a ascensão dos sites de notícias

A Revolução da comunicação em Rondônia: jovens empreendedores e a ascensão dos sites de notícias

Rondônia vive um momento crucial na sua história de comunicação, impulsionado pelo crescimento vertiginoso da tecnologia e, em especial, pela inteli

Agradecimento a ti mulher em todas as tuas expressões

Agradecimento a ti mulher em todas as tuas expressões

Mulher-Aurora-MarMulher, que fazes metade da humanidadee criaste a outra meia com teu ventre de luz,que em todos os dias do ano sejas celebrada,não só

Reflexão política em tempos de Quaresma

Reflexão política em tempos de Quaresma

Por uma Nova Política de Verdade: Poder sem Violação da Verdade Apresento aqui uma citação do filósofo Michel Foucault, do seu livro  “Microfísica

Coluna da Hora – pedágio na br-364, carnaval, blocos, detran e outros assuntos abordados pelo jornalista Géri Anderson

Coluna da Hora – pedágio na br-364, carnaval, blocos, detran e outros assuntos abordados pelo jornalista Géri Anderson

BR - 364 COM PEDÁGIO?Será que vale mesmo a pena privatizar e favorecer somente a empresa vencedora do leilão nesses primeiros 4 anos? Pra quê pagar

Gente de Opinião Segunda-feira, 10 de março de 2025 | Porto Velho (RO)