Segunda-feira, 4 de dezembro de 2017 - 14h42
José Valdir Pereira
E todas as homenagens não serão tão grandes a ponto de alcançar sua nobreza e sua alma e seu coração divinos.
Jacob Atallah. Não foi tanto pelo que fez como homem público, mas pelo que foi e era como cidadão, família, amigo e profissional.
Quem teve o sagrado privilégio de conviver com este respeitoso e integro homem, nem que tenha sido alguns momentos, sabe do quanto era tão pura sua alma e tão bondoso seu coração.
Uma vez, quando despachava com ele na época em que fui seu coordenador de planejamento na Secretaria de Educação de Rondônia, ele Secretário, me disse, por saber que eu escrevia poemas, que adorava os poemas de Pablo Neruda. E era fã das artes e da música, e seu principal lazer era fazer suas leituras. Era muito prático e eu via e fui testemunha: o que ele mais amava, era fazer o bem a todos. Lembro-me de muitos elogios que faziam a ele, agradecendo sua atenção aos seus pacientes, aos quais ele, como médico de família, os atendia com amor, indo à casa de cada um, levar, não somente a cura do corpo, mas, com sua maneira humana divinal de ser, também conforto e amor espiritual.
Jacob Atallah, quando foi convidado pelo Jorge Teixeira para ser secretário da educação, foi, na companhia do Álvaro Lustosa, até minha casa, me convidar para que eu assumisse a Coordenadoria de Planejamento. Disse-me, na ocasião, que já havia convidado o Álvaro para ser seu secretário adjunto e o José Maria para ser seu Diretor Administrativo. Disse-me: com você, fica completa minha equipe. Quero dizer: quem teria essa humildade de Santa Tereza de Calcutá, um grande homem da envergadura do médico Jacob, para ir à casa de alguém, fazer um convite desses?
Jacob dava exemplos de vida. Sério, responsável, dedicado pai, esposo e amigo. Um mestre, um sábio, uma vida dedicada aos planos que Deus traçou para que ele desenvolvesse e cuidasse aqui na terra. Ele falava conosco com o olhar e com os gestos. Sua risada era inenarrável e incomparável...Tanto, tanto, que jamais vamos esquecer de vê-lo diante de nós sempre rindo e gesticulando, passando para todos nós, tudo que lhe ensinava, a vida.
Viajei muitos vezes com o médico Jacob. À Brasilia, uma vez, estavam esperando-o no aeroporto para uma consulta. Era um paciente acometido de malária. E lá estava ele preparado (andava sempre com sua pasta cheia de apoio medicinal), com os remédios específicos para curar o doente. Era um daqueles médicos que só sua presença e seu estetoscópio, amada presença, já curava o doente...
Uma vez escrevi um livro de história sobre Rondônia. Foram 5 anos de pesquisas e 400 páginas escritas. Muitos amigos outros poderiam fazer a apresentação do livro, mas ninguém como ele. Então, não titubeei e fui à sua casa pedir-lhe que fosse ele a fazê-lo. Está lá, no livro suas divinas e auspiciosas e sábias,palavras. Nada nos negava, se estivesse comprometido com o bem.
Raramente eu via o amigo e médico Jacob sem sua amada Auristela que, como sua grande amada, o acompanhou a vida toda e o ajudou em sua missão honrosa de servir ao próximo. Passava para ele toda doçura e gentileza de uma nobre e nobilíssima companheira e esposa. Daí, também, sua doçura no falar e no conviver com a família, com os amigos, com os mais e os menos providos e necessitados.
Há homens que reúnem um pouco de todos os santos e procuram imitar o jeito santo e sagrado do homem, filho de Deus. Jacob era um desses raros homens.
Posso afirmar que, em se tratando de Jacob Atallah, fica difícil definir sua grandeza, sua altivez, nobreza e o quanto se tornou um dos maiores homens de nossa história, como cidadão, como pai, como amigo e como profissional.
Era excelente em tudo que fazia. Talvez porque tudo fazia em nome do amor e dos ensinamentos sagrados de Deus, com quem deve estar neste momento, aprendendo a ser cada vez mais divino e sagrado.
Ah, chorar? Não! Lembrar com carinho e amor aquele que tinha uma das mais expressivas risadas, gestos inefáveis e destinados ao bem, coração divino e sagrado, e olhar de quem queria sempre ver o bem estar de tudo e de todos...
Um visionário, um estadista, um magistrado que, embora humano, mostrava-se um deus em seu jeito de ser, de ver e de fazer.
Ah, meu amigo Jacob, eu te olho pelas lembranças e te vejo dando aquelas risadas e mostrando tua alegria e felicidade por estar ajudando ao próximo. Por isso, fizeste muito e foste tão muito, muito e tão grande, grande.
Não creio que devemos estar triste porque partiste. É este o fim de todos nós, voltarmos aos braços do Pai. Na verdade, estamos felizes porque tu, enquanto aqui estiveste, foste missionário de Deus, homem de fé, mestre no ofício do teu saber e ser, um exemplo a ser seguido e louvado por todos nós, teus amigos e discípulos.
Até um dia, velho amigo.
- José Valdir Pereira
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