Terça-feira, 30 de setembro de 2014 - 08h34
Bruno Peron
Em setembro de 2014, o Banco Mundial fez uma advertência preocupante sobre a crise de empregos que aflige o mundo: 600 milhões de postos de trabalho devem ser criados até 2030 para acompanhar o ritmo de crescimento populacional no planeta. Não obstante, o debate sobre empregos não deve prescindir de reflexões sobre qualidade das ocupações, estabilidade das carreiras e qualificação profissional.
É desconsolador que medidas do governo brasileiro focalizem o crescimento da economia, sem o qual afirma que não seria possível aumentar a oferta de empregos. Ouvimos esse papo há muito tempo. Não desmereço completamente os confeiteiros do Ministério da Fazenda, onde o bolo fermenta há muitas décadas sem benefícios às camadas mais humildes, mas um país bem estruturado gera empregos de qualidade satisfatória sem necessariamente ter que crescer. Não é preciso ostentar pertencimento a blocos fictícios e ridículos como BRICS (uma modinha jornalística e acadêmica que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em que medidores econômicos aproximam países que têm pouco a ver culturalmente entre si.
A prioridade no Brasil é pensar no modelo de desenvolvimento necessário nas décadas seguintes para reposicioná-lo no mundo. Só assim duas chagas atuais poderão ser combatidas: desindustrialização e inflação. Escrevo brevemente sobre cada uma delas para demonstrar sua relação com as políticas de emprego no Brasil.
A desindustrialização é um efeito da falta de investimentos tecnológicos em empresas nacionais. Fiscais corruptos e execráveis do governo preferem garantir os rendimentos de poucas indústrias estrangeiras que comercializam em solo brasileiro a promover o progresso de empreendedores incipientes e pequenos. Estes, numa perspectiva otimista, recebem apenas boas lições do SEBRAE (Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas). Ainda, estudantes recém-formados de universidades compram a ideia do prestígio de trabalhar para uma “multinacional” e candidatam-se como “trainees”. Mal sabem que se transformarão em agentes bem-sucedidos da expansão dos interesses estrangeiros no explorado e lânguido Brasil.
O processo desindustrializador exerce influência sobre a inflação. Na medida em que empresas pequenas se debilitam frente às equivalentes grandes, os supermercados ficam com pouca variedade e, portanto, a competição entre as marcas é menor. Os preços sobem e os consumidores ficam sem alternativas. Tudo que os tributos sobre importados fazem é acomodar as indústrias nacionais e encarecer o consumo. Há falta de incentivo ao consumo e ao empreendedorismo no Brasil, enquanto avançam direitos trabalhistas como os de redução de carga horária e benefícios.
De fato, esses avanços são importantes para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. No entanto, o Brasil acaba desestimulando investimentos e prejudicando aquela armação frágil que o mantém de pé num mundo que não para de inovar. Por esse motivo, empresários das regiões meridionais do Brasil buscam mão-de-obra imigrante para dar fôlego a suas indústrias e reduzir as probabilidades de perder tempo com processos trabalhistas. É assim que centenas de haitianos que entram pelo Acre acabam bem recebidos no Rio Grande do Sul e em São Paulo.
Dessa forma, aponto dois devaneios de trabalhadores: um é o de ser instrumento de empresas grandes para exploração consumista de brasileiros; outro é a sofreguidão concurseira que integra muitos ao profissionalismo burocrático do Maquinário. Há os que sonham mais alto, com sua incorporação ao clã de funcionários da Cidade Artificial no meio do cerrado, que vivem bem e separados da decomposição do Brasil.
Discorrer sobre empregos envolve discutir todas essas questões sem receio de descobrir que o Brasil perde competitividade e recrudesce seus desafios. O principal destes é o de instruir sua população ao trabalho que dignifique a família, a cidade e o país. Não é o emprego que serve a nós. Nós é que devemos servir ao trabalho.
Hoje, nós temos títeres que se alternam no poder com promessas de crescimento econômico. Mas não é esse o tema prioritário que chamará cidadãos ao dever.
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