Domingo, 14 de dezembro de 2014 - 08h03
Bruno Peron
A evolução dos meios de comunicação tem transformado o usufruto de objetos tecnológicos em instrumentos de sociedades vigiadas. No tempo em que aparelhos eletrônicos aderem ao corpo para aumentar a praticidade de tarefas cotidianas, a vida privada nunca havia sido tão invadida e monitorada.
Praticamente todas as pessoas têm o desejo de fazer parte dos avanços tecnológicos em comunicação. O instrumento paradigmático desta inclusão é o smart phone, que não para de evoluir tecnologicamente. As versões destes equipamentos móveis melhoram depois de alguns meses em aspectos como qualidade de imagem, velocidade de processamento e capacidade de armazenamento de dados.
A oferta diversa no mercado desses aparelhos “espertos” alcança a ambição de muitos consumidores, que os usam também como objeto de distinção social entre colegas da escola e do trabalho. Há usuários que priorizam seus gastos nesses equipamentos sobre qualquer outro bem de consumo, ainda que façam sacrifícios, dependam de subsídios da operadora de serviços telefônicos móveis ou parcelem seus pagamentos.
Desconfiam pouco da ferramenta de vigilância que levam a todos os lugares e que agora se confundem com um membro de seus corpos. Câmeras traseiras e frontais, aplicativos conectados vinte e quatro horas à Internet, localizadores via satélite, contas de usuário associadas com informações detalhadas de contato, e servidores de mensagens pouco confiáveis trazem o Big Brother para dentro do lar.
Não é por acaso que centenas de aplicativos de smart phones são gratuitos e governos de países altamente industrializados (sobretudo o de USA Fora-da-Lei) tramam com empresas que investem em tecnologias de comunicação. Assim, a Apple, o Facebook e o Google são a menina dos olhos de USA Fora-da-Lei enquanto a SAMSUNG e a LG são as favoritas da Coreia do Sul.
Essas empresas extremamente bem sucedidas e lucrativas escrevem um capítulo especial na história de tecnologias em comunicação. Há algo ainda mais relevante para minha opinião neste texto. Elas reacendem o debate sobre espionagem, que foi timidamente tratado por governos como o de Alemanha e Brasil. A polêmica surgiu quando um ex-funcionário de uma agência estadunidense de segurança deixou vazar na Internet informações sigilosas de espionagem sobre estadistas e usuários de tecnologias de comunicação.
Houve um alarido que, logo em seguida, calou-se por assuntos como a Copa do Mundo e a crise na Ucrânia. Nesse ínterim, pessoas veem o excesso de câmeras de vigilância que se instalam em cidades globais (Londres, Nova York, São Paulo, etc.) como parte de investimentos em segurança. Esta medida, porém, varre a sujeira da desintegração social para a calçada do vizinho.
Igualmente, poucos se preocupam com o modelo de sociedade vigiada que se aplica. Enquanto moradores de São Paulo fecham suas ruas ilegalmente para transformá-las em condomínios, a ânsia de vigilância afeta também pessoas que vivem em cidades menores. O descuido dos espaços públicos há muito se generalizou no medo de encontro entre pessoas desconhecidas e na abertura de janelas eletrônicas dentro do lar. Através delas, usuários de tecnologias avançadas vislumbram o mundo de maneira fabricada, ideal, já que na praça do bairro e no ônibus há crianças que roubam celulares.
Portanto, nossa integração faz-se mais através de redes virtuais que de convívios pessoais. Enquanto essas transformações se consolidam, vivemos num paraíso de investidores ao sul da linha do Equador e armazenamos nossas vidas em servidores na Califórnia, perto de uma baía de surfistas que se propagada mundialmente como o “California dream”.
Essa é a forma como empresas poderosas de comunicação apropriam-se de informações sobre nossos gostos, preferências, laços de amizade e família para vigiar-nos em qualquer lugar com instrumentos que nos dão o sabor da distinção social, para alguns, e a agilidade da comunicação, para outros.
Esses equipamentos eletrônicos facilitam a comunicação, a vida e o comércio. Apesar disso, trocamos o prazer consumista pela vigilância hospedada no bolso da calça. Portanto, em sociedades vigiadas, é preciso meditar sobre quem segura o controle remoto de aparelhos cada vez menores e melhores.
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