Sábado, 23 de setembro de 2017 - 20h01
Por Fernando Brito, no Tijolaço - A gravação da conversa entre o então Procurador Geral da República e seus colegas procuradores-gerais de países sul-americanos em Brasília tem algo de mais grave que a já grave informação de que Janot foi pedir a cooperação de Michel Temer para investigar suspeitas de corrupção do então chanceler José Serra na Espanha;
Há pelo menos um indício concreto de que isso pode ter sido a razão do afastamento de Serra do Itamarati, como explica o G1 ai informar que ”a agenda oficial da Presidência registra uma reunião entre Janot e Temer no dia 15 de fevereiro, às 17h30″ e que “uma semana depois, em 22 de fevereiro, Serra pediu demissão do cargo de ministro, alegando problemas de saúde”.
Seria o mínimo a esperar-se diante de uma investigação internacional sobre o chefe da diplomacia brasileira.
Mas há algo que o site da Globo não questiona e que é um escândalo que também terá repercussão sobre a imagem do Brasil. É o fato de haver uma gravação clandestina de uma reunião internacional de procuradores gerais, todos eles, em tese, detentores de informações sigilosas, juntamente durante as conversas reservadas entre eles.
Gravar uma reunião sem o conhecimento de seus participantes e nestas circunstâncias – quando eram convidados de Janot, já em seu período de saída, em agosto passado – é algo que coloca o Procurador Geral da República no mesmo patamar do seu ex-colaborador e agora inimigo Joesley Batista e suas gravações coletivas.
É absolutamente necessário que a Procurador Raquel Dodge abra uma investigação sobre as circunstâncias desta gravação, extra-oficial e totalmente aética e ofensiva a autoridades estrangeiras recebidas pela chefia do MP.
Tudo, no Ministério Público, parece ter adotado os métodos “abandidados” dos personagens que ele investiga por crimes. Hoje, Eduardo Cunha acusa a Procuradoria de ter usado parte dos “anexos” que ofereceu em sua proposta de delação premiada na delação firmada com o doleiro Lúcio Funaro.
O MP não pode entrar na linha do “ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão”. É um órgão público, o fiscal da lei, e se vê metido, agora, neste submundo de propinas, vantagens, espionagem e fraude.
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