Terça-feira, 6 de fevereiro de 2018 - 17h26
Fernando Brito, no blog Tijolaço - Que o Brasil tem uma elite dirigente insensível aos sofrimentos de seu povo, bem, isso não chega a ser novidade em nosso meio milênio de historia.
Que, por estas bandas, o importante é “levar vantagem em tudo” o craque Gérson já dizia, também, nos comerciais de cigarro dos anos 70.
Que abundam por aqui os privilégios, as carteiradas, o “sabe com quem está falando”, igualmente, nada de novo é.
Ocorre que como nunca antes na história deste país o Judiciário se envolveu na política, usando a mídia – e sendo prazeirosamente usado por ela – como bússola, vento e vela para navegar, emproado, como paladino da moralidade.
Um discurso tão simples e eficaz para o “Ibope” que qualquer Ratinho, Datena, Wagner Montes ou quejandos pode usar, embora sem o mesmo brilho verbal de um Luís Roberto Barroso.
A todos eles, porém, este sucesso cobra o preço de serem sempre escravos do que se diz ser o “senso-comum” e posicionarem-se de acordo com o que o genial Barão de Itararé chamava de “a opinião que se publica”, convertida em opinião pública pelo destaque e repetição.
E os “donos da opinião pública” encarregaram-se de criar a maré de ódios e moralismos em que os juízes e ministros do STF deslizaram e lambuzaram-se.
Quase todos, raras foram as exceções.
O próprio Gilmar Mendes, que aparece hoje na Folha reclamando de um “bolivarianismo ao contrário” diz que responsabiliza os donos dos jornais pelo que lhe venha a acontecer, fartou-se de servir-se da mídia quando era para vociferar contra o governo eleito.
O Judiciário jamais escapou do quadro de privilégios e cumplicidades com que se abre este artigo.
Mas agora que o jogo virou contra si, como um menino mimado, quer pegar a bola e dizer: “não brinco mais”.
Parece um pouco tarde para isso. O que fizeram deixando que se parisse um golpe e um quatro de perseguições muito além de qualquer prudência, durante anos, agora os ataca, em poucos dias, com os dentes que fizeram arreganharem-se.
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