Sexta-feira, 22 de março de 2013 - 05h48
Aluizio Vidal*
Há cerca de 2.500 anos atrás o profeta Habacuque fez a seguinte oração: “Ó Senhor Deus, até quando clamarei pedindo ajuda, e tu não me atenderás?Até quando gritarei: ‘Violência!’, e tu não nos salvarás? Por que me fazer ver tanta maldade? Por que toleras a injustiça? Estou cercado de violência; há brigas e lutas por toda parte. Por isso, ninguém obedece à lei, e a justiça nunca vence. Os maus levam vantagem sobre os bons, e a justiça é torcida. (Hab 1:2-4 - BLH).Esse era o grito de homem que via sua sociedade se destruindo, como um osso acometido por osteoporose, especialmente por causa de uma opção de viver sem seguir as propostas de Deus para sua vida.
Fui convidado pelos pais(Vídeo AQUI) de algumas jovens assassinadas em Porto Velho para (Vídeo AQUI), junto com outras pessoas, organizarmos uma caminhada contra a violência. A própria convivência com estes pais, a troca de informações sobre as histórias vividas por eles e outras famílias, o recebimento dos dados da violência no Estado, recebidos da Secretaria de Segurança (como , por exemplo, 444 casos de estupro em 2012), além do próprio cuidado em relação às minhas filhas e jovens da igreja onde sirvo como pastor, têm me feito fazer o mesmo clamor que o profeta Habacuque.
A sensação de impotência frente aos números e aumento diário de todo tipo de violência não pode nos calar. Precisamos tomar consciência de que a violência não é um problema apenas de quem a sofreu, mas de todos, pois todos estamos sujeitos a ela, seja de que tipo for. Há uma cultura de violência imposta na sociedade e não podemos vivenciá-la como se natural fosse.
A caminhada, Todos Contra Violência, é um convite à nossa conscientização, uma cobrança de punição dos culpados, a criação de leis mais justas e cumprimento das que já existem, o pedido de investimento na segurança pública e, principalmente, uma manifestação de solidariedade a estes pais que vivem a dor dos sofrimentos de seus queridos e de suas queridas, seja por assassinato ou violência de trânsito, por preconceito, por violência doméstica, por condição social degradante, por injustiça de qualquer ordem. Enfim, é um clamor da sociedade de Porto Velho, sem estar ligado a partidos políticos, religiões ou governos.
Habacuque gritou sua dor ao Deus em quem cria. Também grito. Ele sabia que aquilo era resultado de uma vida de desobediência de todo o seu povo. Também sei. Ele termina o seu livro dizendo: “Ainda que as figueiras não produzam frutas, e as parreiras não dêem uvas; ainda que não haja azeitonas para apanhar nem trigo para colher; ainda que não haja mais ovelhas nos campos nem gado nos currais, mesmo assim eu darei graças ao Senhor e louvarei a Deus, o meu Salvador.” (Hab 3:17-18 BLH). Também continuo crendo e esperando, mas assim como a esperança dele era acesa pela percepção de sua realidade, grito sim, porque tenho visto e quero uma cidade que ame a paz e o bem estar de seus cidadãos.
Você é convidado ou convidada a caminhar com os pais neste sábado, 23, 8h30min, saindo da Praça das Caixas D’água até a Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
*Pastor presbiteriano e psicólogo clínico
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