Quarta-feira, 26 de abril de 2017 - 14h08
Professor Nazareno*
Sou professor, claro. Não daqueles bons e catedráticos. Professor de Redação e de Gramática Normativa. Tenho mais de 700 alunos só no Projeto Terceirão da Escola João Bento da Costa em Porto Velho. Não sou reacionário, conservador e nem coxinha, mas não me recuso a ir trabalhar na sexta-feira, dia 28 de abril, quando o Brasil inteiro vai fazer greve geral contra as reformas trabalhistas anunciadas pelo governo golpista de Michel Temer. Até concordo com quase todas as reivindicações e reclamações dos protestos, mas se negar a ir dar aulas é jogar fora uma das poucas oportunidades de mostrar aos pupilos a real situação em que se encontra o país depois do golpe dado num governo igualmente ladrão, mas eleito democraticamente. Além do mais, muitos dos meus alunos não têm leitura de mundo e precisam de opiniões sobre todos os temas.
Não posso me recusar a dar algumas aulas onde lhes informarei que várias empresas do Brasil como os grandes bancos, por exemplo, devem muito à Previdência Social e que a tática covarde e criminosa de se colocar a culpa nos trabalhadores pela falência do nosso sistema previdenciário é mais uma farsa desse governo ilegítimo e corrupto. Falarei ainda sobre o golpe de 17 de abril passado quando um Congresso Nacional repleto de denunciados na operação Lava Jato golpeou a Dilma Rousseff com a sórdida intenção de se livrar das acusações, que foram mostradas à nação com as recentes delações da Odebrecht. Direi que a Rede Globo de Televisão é uma empresa que deve satisfações ao país e que, apesar de sua competência, manipula a opinião pública ao seu gosto e que quase todos os seus programas são alienantes e ridículos.
Seria uma tolice perder a oportunidade de dizer aos meus alunos que Porto Velho ainda continua sendo o “cu do mundo” e que a Consultoria Macroplan afirmou recentemente que em sujeira e podridão só ganha de Macapá no Amapá. Embora muitos deles já sabiam disto, por que não repetir que temos uma das piores qualidades de vida do Brasil? O nosso IDH é menor do que Porto Príncipe no Haiti e igual ao de muitas capitais de países da África subsaariana. Muitos meninos ficarão informados de que o “prefeito sem salário” Hildon Chaves é uma farsa em Porto Velho. Hildon mentiu sobre os quinquênios e empregou sem concurso público mais de dois mil “assessores”. Tudo isto com a conivência absurda da Câmara de Vereadores da cidade. Meus parentes das civilizadas Curitiba e Gramado continuarão sem me visitar ainda por um bom tempo.
Direi a todos eles que espero convictamente pela prisão do Lula e pela punição exemplar do PT, o partido que me enganou durante décadas. Falarei também que os tucanos José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves estão enrolados na Lava Jato por causa das delações das empreiteiras e que assim como os petistas devem ser punidos sem dó nem piedade. O PMDB e o PSDB, parceiros no golpe contra o PT, também são tão sujos quanto pau de galinheiro. Por que não falar que a corrupção na política brasileira é endêmica e que o povo não reage por que é acomodado e despolitizado demais? E claro que eles saberão que Rondônia é o Estado da pistolagem absoluta e que por aqui impera a lei do mais forte. Não teria coragem de dispensar meus alunos com assuntos tão importantes para se debater em boas aulas. E então, vocês estão esperando o quê? Todos para a sala de aula. Depois vamos às manifestações. Ou vão se acomodar?
*É Professor em Porto Velho.
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