Quarta-feira, 12 de dezembro de 2012 - 15h07
Vendo o título da matéria publicada na coluna Painel Político do Jornal Eletrônico Rondônia ao vivo: “Amigos temem que Roberto Sobrinho fique deprimido e adoeça”, é pertinente algumas reflexões no sentido de aprofundar determinadas questões.
O que leva um cidadão legitimamente eleito e com expressiva votação para governar o poder municipal, ao invés de se empenhar com bastante afinco no sentido de ver sua gestão ao final de seu mandato colher os louros de um profícuo trabalho, reconhecido pelos seus munícipes, o que de fato era de se esperar de um político comprometido com a causa pública,se enveredar por caminhos tortuosos, burlando procedimentos legais, fraudando licitações, desviando recursos, em fim, usando de artifícios e de artimanhas nada condizente com o cargo que ocupa, para dai tirar proveito ilicitamente, para si e seus apaniguados, subtraindo valores incalculáveis, maculandoda forma mais vil, sua dignidade e de seus pares,enxovalhando o nome do município em cadeia nacional?
Não me compraz certamente, tripudiar na miséria alheia. Tão pouco podemos ser coniventes e tolerantes com a bandalheira generalizada que parece tomar conta do nosso Estado. É muito justo que alguém que usou do próprio arbítrio e liberdade para fraudar a máquina pública de forma a mais despudorada, para tirar proveitos pra si e para seus “chegados”, sofra as consequências dos seus atos de irresponsabilidades.
Quem deverá ficar doente mesmo e deprimida, é a população que não disporá de saneamento, educação,saúde, transporte e tantos outros benefícios, pela ausência de uma administração que primou muito mais pelos desvios de conduta, que atacar os verdadeiros problemas da cidade.
O Partido dos Trabalhadores fincou a sua bandeira, desfraldando a ética como princípio básico da sua conduta. Foi assim até galgar as hostes do poder. Como bem disse Frei Beto, quando de sua ruptura com o partido, o PT foi ferrado pela mosca azul... Inebriou-se com o poder. Não soube lidar com as entranhas do novo universo. Foi com muita sede ao poço, por isso está correndo o risco de se afogar.
O projeto de Nação do PT, foi substituído simplesmente pelo ato de se perpetuar no governo e se manter no poder. Para conseguir esse intento, valeu-se de todas as armas. Foi um vale tudo que sucumbiu a dignidade e a honra de muitas lideranças tidas como insuspeitáveis em se tratando da dignidade, da moral e da ética.
Os que ousassem interpor esta trajetória eram esmagados, triturados no interior do próprio partido. Quem não se lembra da expulsão ou da saída por não mais encontrar ambiente favorável para permanecer nas hostes da agremiação,nomes da maior respeitabilidade como Luiza Erundina, Marina Silva, Luiza Helena, Cristovam Buarque, só para citar alguns, que o núcleo duro do partido tudo fez para vê-los fora, alegando a tal fidelidade partidária. Puro jogo de interesses escusos. Caso contrário, como explicar a não expulsão dos que se envolveram emcasos tão escabrosos e deploráveis como o mensalão?
Em Porto Velho, a trajetória do Partido dos trabalhadores também se confunde com o que aconteceu nacionalmente. Alentado pelos bons ares que sopravam favoravelmente ao partido e com a boa aura do seu mandatário maior Lula, Roberto Sobrinho é ungido para o primeiro mandato, vindo das últimas posições e vencendo as eleições no segundo turno. Até aí tudo dentro da normalidade do jogo político. O pior estava por vir.
Em princípio é bom que se diga, que em nenhum outro momento da história do município de Porto Velho, as circunstâncias foram tão favoráveis. Tínhamos um Prefeito que pertencia ao mesmo partido do mandatário maior da república brasileira, por conseguinte, abriam-se grandes possibilidades para que recursos de fontes federais pudessem ser carreados para o nosso município. E assim foi procedido. Juntem-se a isto, as condicionantes indutoras da economia no contexto nacional, que foram facilitadoras para a conjuntura local ser beneficiada pelo ótimo momento que se vivia no Brasil. Portanto fatores de caráter externos e internos contribuíram enormemente para que as dadas condições objetivas pudessem impulsionar o desenvolvimento local.
Na contramão, infelizmente o prefeito Roberto sobrinho, não soube capitalizar favoravelmente essa conjunção de elementos favoráveis, em prol de uma gestão eficiente, competente, capaz de vencer os desafios postos ao longo da nossa história e debelar alguns gargalos que tornaram a nossa cidade, uma das capitais mais feias e desassistidas do nosso País.
Em contra partida, viu-se no decorrer dos seus dois mandatos, principalmente neste último, campear a irresponsabilidade administrativa, na falta de cumprimento das obras licitadas e que até hoje se encontram inconclusas. A completa ausência de um projeto de cidade,que resgatasse o plano diretor que a anos foi elaborado e nunca foi executado. Recursos disponíveis tinham para tanto. Faltou gestão.
O que se pode verificar é que o PT, enquanto esteve na trincheira oposicionista, soube muito bem cumprir o seu papel de baluarte da moral, da ética e da intransigência no trato com o que é público. No poder, traiu os seus princípios mais caros, para continuar usufruindo como qualquer outro partido fez na história desse País, gozando das benesses do que o poder possibilita, para isso não mediu esforços em transgredir valores, corromper, ser corrompido, fazer acordos espúrios, juntar-se com o que há de mais vil na política brasileira, chegando a algumas situações deveraspatéticas dado a desfaçatez e o cinismo com que alguns atores do establishment fazem e alinham os seus conchavos com o único intuito de defenderem os seus interesses.
O resultado mais palpável de tudo isso, estamos presenciando nas duas dimensões, uma nacionalmente com a condenação pelo supremo dos envolvidos no que se cognominou chamar de mensalão, e no plano local, o desbaratamento de uma quadrilha que agia no interior da administração municipal de Porto Velho, desviando recursos através de licitações fraudulentas, que subtraiu dos cofres públicos, milhões de recursos e que provocou o afastamento do Prefeito Roberto Sobrinho das suas funções, a prisão de secretários, funcionários e empresários, numa mega operação que deu um basta naquilo que poderíamos chamar de quadrilha organizada por dentro do poder municipal.
Profundamente lamentável, ver autoridades que deveriam dar exemplo de honra e dignidade, serem levadas em viaturas policiais como mal feitores, por não saberem, e até por saberem, estabelecer as fronteiras e os limites do público e do privado, numa verdadeira imoralidade de procedimentos, tão nefastos à causa republicana e à sociedade porto-velhense.
Edilson Lobo do Nascimento
Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Rondônia - UNIR
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