Sexta-feira, 6 de setembro de 2024 - 17h05
Instituições do
sistema de Justiça e da sociedade civil organizada ingressaram no Poder
Judiciário Federal com ação civil pública, com pedido de liminar, em que cobram
de empresas aéreas, ANAC e da concessionária que opera o Aeroporto
Internacional Governador Jorge Teixeira, entre outros órgãos, uma melhor
prestação do serviço de transporte aéreo em Rondônia. Entre os pedidos estão a
oferta de tarifas mais acessíveis, a retomada de rotas suspensas e, ainda,
investimentos tecnológicos no aeroporto que contribuam com a redução de
cancelamentos, que, recentemente, se tornaram frequentes pela densa fumaça que encobre
a região.
Assinam a ação o
Ministério Público do Estado de Rondônia (MPRO), a Defensoria Pública do Estado
de Rondônia (DPE); a Defensoria Pública da União (DPU) e o Instituto Escudo
Coletivo. A medida foi anunciada nesta sexta-feira (6/9) por representantes dos
órgãos, em entrevista coletiva concedida à imprensa na sede do MP rondoniense,
em Porto Velho.
Conforme explicaram
os integrantes das instituições, as empresas aéreas têm violado os direitos dos
consumidores, com reiteradas práticas abusivas, principalmente, pela suspensão
abrupta de rotas com destino a Porto Velho, registrada ao longo dos anos e
intensificada em 2023. O fato gerou insegurança jurídica pelo descumprimento da
oferta em relação aos cidadãos que contrataram os serviços de transporte aéreo
e passaram a ser surpreendidos às vésperas de viagens com remarcações e
cancelamentos.
Segundo as
autoridades, a redução de voos deixou os cidadãos isolados, ferindo o direito à
locomoção, previsto no artigo 5º da Constituição Federal, e a conectividade com
o restante do país. Outro fator relatado foi o elevado e discriminatório valor
tarifário de voos que têm o estado como partida ou destino e ainda as demais
unidades federativas da Amazônia Legal, fato público, amplamente denunciado por
sites de notícias.
Sete voos por semana
Na ação, os órgãos
pedem, em caráter liminar, que as empresas aéreas Latam, Gol e Azul retornem a
operar todas as rotas de voos que foram retiradas, partindo ou chegando em
Porto Velho/Rondônia, em 2023, oferecendo, pelo menos, sete voos semanais por
empresa aérea, partindo da Capital, para cada empresa aérea, totalizado 21 voos
semanais. Pede-se também que as empresas procedam à revisão/reajuste, a menor,
dos preços das tarifas e passagens aéreas que tenham origem ou destino o Estado
de Rondônia, de forma a garantirem serem compatíveis ou menores que as demais
regiões do país, usando o critério de distância linear dos voos.
Ainda, requer-se que
as prestadoras do serviço ofereçam voos diretos, partindo de Porto Velho, para
as capitais Manaus, Rio Branco, Brasília, Cuiabá, São Paulo, Recife e pelo
menos dois voos semanais que contemplem as cidades do interior do Estado
(Ji-Paraná, Cacoal e Vilhena) e que os voos ofertados tenham menos escalas e
conexões do que os atuais, respeitando a dignidade e a saúde física e mental
dos consumidores.
À ANAC, as
instituições requerem que a agência cumpra os seus deveres legais quanto à
efetiva fiscalização e controle do setor aéreo brasileiro, em prol do interesse
público (consumidores), penalizando as empresas aéreas Azul, Gol e Latam por
sua reiteradas práticas abusivas nas relações de consumo.
Os órgãos pedem que
União, Infraero e Concessionária dos Aeroportos da Amazônia (Vinci Airports)
homologuem, instalem e coloquem em efetivo funcionamento, no Aeroporto
Internacional Governador Jorge Teixeira, os aparelhos ILS 2 e ALS, de
iluminação contínua e de pronta reposição na pista de pouso, que reduzam
cancelamentos de voos relacionados com a baixa visibilidade, caracterizando
investimentos em reformas estruturais e tecnológicas imprescindíveis e
urgentes.
Estiveram presentes à
entrevista coletiva a Promotora de Justiça do Consumidor, Daniela Nicolai de
Oliveira Lima; o Defensor Estadual (DPE) Eduardo Guimarães; o Defensor Público
Federal (DPU), Tiago Mioto, e, ainda, o Presidente do Instituto Escudo
Coletivo, advogado Gabriel Tomasete.
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