Quinta-feira, 4 de julho de 2024 - 14h57
O
Ministério Público Federal (MPF) apresentou ação na Justiça Federal para que o
Estado de Rondônia providencie a imediata sanitização de todo o forro do
telhado da Escola Estadual Paulo Saldanha Sobrinho, no município de Guajará-Mirim
(RO), para retirada de fezes de morcego, além da adoção de medidas que afastem
a presença dos animais do local. Na ação civil pública, o MPF requer ainda a
elaboração, no prazo de 60 dias, de projeto para reforma e ampliação da escola
– a única que atende a comunidade indígena Sagarana. A medida visa a garantir o
direito à educação com alimentação e infraestrutura adequadas das crianças e
adolescentes indígenas matriculados.
O projeto deve incluir, entre
outros pontos, a reestruturação urgente de todo o forro do telhado, a fim de
impedir o abrigo de morcegos, e o fornecimento de todos os materiais e
equipamentos necessários para atender aos estudantes e professores, incluindo
aparelho de ar-condicionado. O órgão pede ainda logística para entrega de
merenda escolar que desonere os membros da comunidade quanto aos gastos com
deslocamento e combustível do transporte; a entrega de alimentos de acordo com
o cardápio elaborado junto à comunidade, em frequência compatível com a
necessidade alimentar dos alunos, além da continuidade na prestação dos
serviços de merendeiro e de zelador escolar.
O MPF requer ainda a
implementação do Ensino Médio no Sistema de Mediação Tecnológica e a elaboração
de cronograma para reforma e ampliação da escola — incluindo refeitório,
ginásio, sala para os professores, biblioteca e sala de informática com acesso
à internet — e de projeto de construção de outra escola em médio prazo.
De acordo com o MPF, mesmo diante
da grave situação e de tratativas conduzidas pelo órgão, a Secretaria de
Educação do Estado de Rondônia (Seduc) não ofereceu soluções efetivas para
alguns dos problemas urgentes da escola, sendo necessário buscar o Poder
Judiciário para garantir os direitos da comunidade prejudicada.
Estrutura
precária – A
ação civil pública decorre de procedimento administrativo aberto pelo MPF para
apurar relatos dos indígenas sobre a grave situação enfrentada pela comunidade
Sagarana. No documento, a população destaca problemas relacionados à estrutura
física da escola e defende a necessidade de reforma imediata do espaço.
Mesmo após ter sido reformada em
2019, a escola já perdeu parte do forro e os danos favorecem a presença de
morcegos e o acúmulo de fezes dos animais, que causam forte cheiro. Os
indígenas apontaram ainda quantidade insuficiente de materiais e equipamentos
necessários para os 115 alunos e sete professores indígenas da escola. A
comunidade pediu ainda a implementação do Ensino Médio para evitar
deslocamentos dos estudantes a municípios vizinhos.
Além da falta de estrutura
física, os indígenas questionavam a logística para a entrega da merenda escolar
e a qualidade nutricional dos alimentos. Segundo eles, a merenda escolar é
disponibilizada apenas duas vezes ao ano e conta com transporte e logística
organizada pela própria comunidade que, muitas vezes, precisa arcar com
despesas do combustível. A comunidade apontou ainda a ausência de merendeira e
de zelador contratados pela Seduc.
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