Sábado, 28 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Justiça

Operação Mapinguari: medidas administrativas e judiciais requerem mais de 140 milhões em multas a invasores do Parque Estadual de Guajará-Mirim

Área degradada atinge mais de cinco mil campos de futebol


Operação Mapinguari: medidas administrativas e judiciais requerem mais de 140 milhões em multas a invasores do Parque Estadual de Guajará-Mirim - Gente de Opinião

Órgãos que integram a Operação Mapinguari, intervenção interinstitucional para a desocupação do Parque Estadual de Guajará-Mirim, divulgaram nesta quarta-feira (6/9) o volume de medidas administrativas e judiciais implementadas contra invasores da unidade de conservação. Tais ações requerem dos invasores, em multas e indenizações, o montante preliminar de R$ 140 milhões. Deflagrada em 14 de agosto, a mobilização restituiu ao Poder Público uma área de 216 mil hectares de extrema importância biológica e ecossistêmica.

 

As informações da Operação Mapinguari foram repassadas em entrevista coletiva concedida à imprensa, na sede do Ministério Público de Rondônia, em Porto Velho. Compareceram integrantes do MPRO, instituição que coordenou a ação de retirada de invasores da região, e representantes do Estado de Rondônia, que, por meio de seus órgãos e forças de segurança, executou a retomada do Parque.

 

A desocupação da unidade de conservação ocorreu em atendimento à determinação judicial deferida na Ação Civil Pública nº 7002381-27.2020.0015, proposta pelo MP de Rondônia e Procuradoria-Geral do Estado. “Queremos cumprimentar a todos pela desocupação planejada, organizada e sem conflitos. Devolvemos ao Estado o controle de uma área essencial para o bioma Amazônia”, afirmou o Subprocurador-Geral de Justiça Administrativo, Héverton Alves de Aguiar, Coordenador da Força-Tarefa de Conflitos Agrários do MPRO.

 

Bovinos - De acordo com o balanço apresentado nesta manhã, 1.700 cabeças de gado foram retiradas da unidade de conservação pelos ocupantes, antes do início da operação. Pelo menos 252 bovinos remanescentes foram apreendidos e destinados a leilão. O valor arrecadado com a venda será aplicado em medidas de proteção e preservação do parque.

 

A Agência Sanitária Agrosilvopastoril do Estado (Idaron) informou ter feito a lavratura de 37 Autos de Infração, os quais somam, até o início de setembro, o montante de R$ 976 mil em multas.

 

Área degradada - Pelo Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), foram expedidos 50 Autos de Infração, os quais geraram multas administrativas que perfazem a quantia de R$ 35 milhões, em razão de 3.184 hectares de áreas autuadas.

 

Veículos e armas – Seis armas de fogo e um maquinário foram apreendidos durante os trabalhos, conforme informaram as autoridades. Cinco veículos foram recuperados, sendo um carro e quatro motocicletas.

 

Ocorrências – Ainda segundo o que foi divulgado, desde o início dos trabalhos de desocupação, o BPA efetuou 251 ocorrências e 983 abordagens. A corporação também demoliu ou inutilizou 205 estruturas, além de 22 mil km de cercas.

 

Prisões e denúncias – As autoridades informaram, ainda, terem sido realizadas, durante a operação, cinco prisões em flagrante de indivíduos que utilizaram a área do parque como extensão de suas propriedades privadas. Como desdobramento, o Ministério Público ofertou, esta semana, denúncias que geraram três ações penais para responsabilização dos agentes pelos crimes de dano em Unidade de Conservação, impedimento de regeneração natural e invasão de terras públicas.

 

Valores – Conforme detalharam os órgãos, as medidas administrativas e judiciais requerem, em multas e indenizações, o montante preliminar de 140 milhões. A área do Parque que foi degradada pelos invasores atinge mais de 5.620 hectares, o equivalente a 5.550 campos de futebol.

 

A Operação Mapinguari foi coordenada pelo MP Rondônia, por meio do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (GAEMA), com o apoio da Força-Tarefa para Atuação Integrada nos Conflitos Coletivos pela Posse de Terra Rural e Urbana e da 2ª Promotoria de Justiça de Guajará-Mirim. A ação tem o nome em referência à folclórica criatura protetora da floresta.

 

Pelo MPRO, também compareceram à entrevista coletiva os Promotores de Justiça Pablo Hernandez Viscardi (Coordenador do GAEMA); Naiara Ames de Castro Lazzari (GAEMA), em modalidade online, e Yara Travalon Viscardi (Força-Tarefa de Conflitos Agrários). Pelos órgãos parceiros, estiveram presentes o Comandante da Polícia Militar do Estado de Rondônia, Régis Wellington Braguin; o Secretário de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Marco Antônio Lagos; o presidente da Idaron, Júlio César Rocha Peres; a Procuradora-Geral do Estado, Júlia Gruppioni Passos; o Diretor de Polícia Civil, delegado Paulo Kakionis; o comandante Operacional Bombeiro, Tenente-Coronel Avelino Menezes de Carvalho Filho, e, ainda, a representante da Comissão de Unidades de Conservação da Sedam, Caroline Reis.

 

Autoridades anunciam mais segurança - Pontuando a organização do trabalho, o coordenador do GAEMA, Promotor de Justiça Pablo Hernandez Viscardi, falou sobre o planejamento exemplar da operação, afirmando que o modelo deverá ser reproduzido em demais casos de combate à invasão e grilagem de terras públicas do Estado. “Novas invasões ao Parque serão prontamente combatidas, inclusive com prisões em flagrante e ajuizamento de ações. Não toleraremos grilagem em áreas públicas, em especial, em unidades de conservação. Nosso trabalho é proteger a Amazônia e o cumpriremos com rigor”, disse.

 

O Comandante da PM, Coronel Régis Braguin, fez um relato das ações da corporação na região, acrescentando que a área passa a contar com mais cinco bases de proteção, além de patrulhamento ostensivo em seu entorno. O Secretário de Estado de Desenvolvimento Ambiental, Marco Antônio Lagos, ressaltou o emprenho da pasta no trabalho de retomada da área, afirmando que a Secretaria prestou apoio logístico e financeiro à operação. Na ocasião, assegurou que o órgão manterá as equipes mobilizadas para a defesa da área, que classificou como patrimônio ambiental do Estado.

Gente de OpiniãoSábado, 28 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Justiça reconhece competência federal em processo sobre reintegração de posse que beneficiará mais de 300 famílias em Rondônia

Justiça reconhece competência federal em processo sobre reintegração de posse que beneficiará mais de 300 famílias em Rondônia

O Ministério Público Federal (MPF) obteve decisão judicial, em Rondônia, que reconheceu a competência da Justiça Federal para julgamento sobre a rei

Em Rondônia, MPF faz acordo para que transportadora pague R$ 232 mil em bens à Polícia Rodoviária Federal

Em Rondônia, MPF faz acordo para que transportadora pague R$ 232 mil em bens à Polícia Rodoviária Federal

O Ministério Público Federal (MPF) fez um acordo (Termo de Ajustamento de Conduta – TAC) com a empresa Comando Diesel Transporte e Logística, transp

MPF apresenta ação para que União e INSS priorizem Rondônia em nomeações de concurso de servidores

MPF apresenta ação para que União e INSS priorizem Rondônia em nomeações de concurso de servidores

O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública na Justiça Federal para obrigar a União e o Instituto Nacional de Seguro Social (I

MPF recomenda que promotores de evento de réveillon protejam Estrada de Ferro Madeira Mamoré, em Porto Velho (RO)

MPF recomenda que promotores de evento de réveillon protejam Estrada de Ferro Madeira Mamoré, em Porto Velho (RO)

O Ministério Público Federal (MPF) expediu, nesta quinta-feira (19), uma recomendação ao Grupo Amazon Fort, ao Grupo Pisa Festival e à Prefeitura de

Gente de Opinião Sábado, 28 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)