Quarta-feira, 6 de setembro de 2023 - 14h33
Órgãos
que integram a Operação Mapinguari, intervenção interinstitucional para a
desocupação do Parque Estadual de Guajará-Mirim, divulgaram nesta quarta-feira
(6/9) o volume de medidas administrativas e judiciais implementadas contra
invasores da unidade de conservação. Tais ações requerem dos invasores, em
multas e indenizações, o montante preliminar de R$ 140 milhões. Deflagrada em
14 de agosto, a mobilização restituiu ao Poder Público uma área de 216 mil
hectares de extrema importância biológica e ecossistêmica.
As
informações da Operação Mapinguari foram repassadas em entrevista coletiva
concedida à imprensa, na sede do Ministério Público de Rondônia, em Porto
Velho. Compareceram integrantes do MPRO, instituição que coordenou a ação de
retirada de invasores da região, e representantes do Estado de Rondônia, que,
por meio de seus órgãos e forças de segurança, executou a retomada do Parque.
A
desocupação da unidade de conservação ocorreu em atendimento à determinação
judicial deferida na Ação Civil Pública nº 7002381-27.2020.0015, proposta pelo
MP de Rondônia e Procuradoria-Geral do Estado. “Queremos cumprimentar a todos
pela desocupação planejada, organizada e sem conflitos. Devolvemos ao Estado o
controle de uma área essencial para o bioma Amazônia”, afirmou o
Subprocurador-Geral de Justiça Administrativo, Héverton Alves de Aguiar,
Coordenador da Força-Tarefa de Conflitos Agrários do MPRO.
Bovinos -
De acordo com o balanço apresentado nesta manhã, 1.700 cabeças de gado foram
retiradas da unidade de conservação pelos ocupantes, antes do início da
operação. Pelo menos 252 bovinos remanescentes foram apreendidos e destinados a
leilão. O valor arrecadado com a venda será aplicado em medidas de proteção e
preservação do parque.
A Agência
Sanitária Agrosilvopastoril do Estado (Idaron) informou ter feito a lavratura
de 37 Autos de Infração, os quais somam, até o início de setembro, o montante
de R$ 976 mil em multas.
Área
degradada - Pelo Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), foram expedidos 50 Autos
de Infração, os quais geraram multas administrativas que perfazem a quantia de
R$ 35 milhões, em razão de 3.184 hectares de áreas autuadas.
Veículos
e armas – Seis armas de fogo e um maquinário foram apreendidos durante os
trabalhos, conforme informaram as autoridades. Cinco veículos foram
recuperados, sendo um carro e quatro motocicletas.
Ocorrências
– Ainda segundo o que foi divulgado, desde o início dos trabalhos de
desocupação, o BPA efetuou 251 ocorrências e 983 abordagens. A corporação
também demoliu ou inutilizou 205 estruturas, além de 22 mil km de cercas.
Prisões e
denúncias – As autoridades informaram, ainda, terem sido realizadas, durante a
operação, cinco prisões em flagrante de indivíduos que utilizaram a área do
parque como extensão de suas propriedades privadas. Como desdobramento, o
Ministério Público ofertou, esta semana, denúncias que geraram três ações
penais para responsabilização dos agentes pelos crimes de dano em Unidade de
Conservação, impedimento de regeneração natural e invasão de terras públicas.
Valores –
Conforme detalharam os órgãos, as medidas administrativas e judiciais requerem,
em multas e indenizações, o montante preliminar de 140 milhões. A área do
Parque que foi degradada pelos invasores atinge mais de 5.620 hectares, o
equivalente a 5.550 campos de futebol.
A
Operação Mapinguari foi coordenada pelo MP Rondônia, por meio do Grupo de
Atuação Especial do Meio Ambiente (GAEMA), com o apoio da Força-Tarefa para
Atuação Integrada nos Conflitos Coletivos pela Posse de Terra Rural e Urbana e
da 2ª Promotoria de Justiça de Guajará-Mirim. A ação tem o nome em referência à
folclórica criatura protetora da floresta.
Pelo
MPRO, também compareceram à entrevista coletiva os Promotores de Justiça Pablo
Hernandez Viscardi (Coordenador do GAEMA); Naiara Ames de Castro Lazzari
(GAEMA), em modalidade online, e Yara Travalon Viscardi (Força-Tarefa de
Conflitos Agrários). Pelos órgãos parceiros, estiveram presentes o Comandante
da Polícia Militar do Estado de Rondônia, Régis Wellington Braguin; o
Secretário de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Marco Antônio Lagos; o
presidente da Idaron, Júlio César Rocha Peres; a Procuradora-Geral do Estado,
Júlia Gruppioni Passos; o Diretor de Polícia Civil, delegado Paulo Kakionis; o
comandante Operacional Bombeiro, Tenente-Coronel Avelino Menezes de Carvalho
Filho, e, ainda, a representante da Comissão de Unidades de Conservação da
Sedam, Caroline Reis.
Autoridades
anunciam mais segurança - Pontuando a organização do trabalho, o coordenador do GAEMA, Promotor de
Justiça Pablo Hernandez Viscardi, falou sobre o planejamento exemplar da
operação, afirmando que o modelo deverá ser reproduzido em demais casos de
combate à invasão e grilagem de terras públicas do Estado. “Novas invasões ao
Parque serão prontamente combatidas, inclusive com prisões em flagrante e
ajuizamento de ações. Não toleraremos grilagem em áreas públicas, em especial,
em unidades de conservação. Nosso trabalho é proteger a Amazônia e o
cumpriremos com rigor”, disse.
O
Comandante da PM, Coronel Régis Braguin, fez um relato das ações da corporação
na região, acrescentando que a área passa a contar com mais cinco bases de
proteção, além de patrulhamento ostensivo em seu entorno. O Secretário de
Estado de Desenvolvimento Ambiental, Marco Antônio Lagos, ressaltou o emprenho
da pasta no trabalho de retomada da área, afirmando que a Secretaria prestou
apoio logístico e financeiro à operação. Na ocasião, assegurou que o órgão
manterá as equipes mobilizadas para a defesa da área, que classificou como
patrimônio ambiental do Estado.
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