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Altair Santos (Tatá): Insensíveis Urbanos - II


Por: Altair Santos (Tatá) (*)

Amigos leitores! Na edição de quarta-feira passada, abordamos alguns tipos de insensíveis urbanos, aqueles que agem em relação à cidade e sua população com total falta de respeito. Em certos locais da cidade, vencer o trânsito caótico é missão das mais difíceis. Nem se precisaria de ajuda para enfrentar tanta complicação. Mesmo assim, alguns teimam, insistem, fazem questão de piorar as coisas.
Cedo da manhã em frente aos colégios Classe A, Laura Vicuña, Dom Bosco dentre outros, papais e mamães ao deixarem seus pimpolhos ou mesmo seus ganzelões, muitos já de barba na cara, exagerando na insensatez, abusando da falta de educação, sobrando em arrogância, param seus carros em meio à rua, puxam a carteira do bolso, tiram a dinheiro do lanche, fazem mil recomendações (aquelas não foram feitas na noite anterior em casa, para que o filho estude, faça a tarefa, preste atenção na prova etc e tal) aí, o pequenino ou mesmo o quase adulto sai, adentra ao colégio. Só então, o insensível desocupa o lugar para que outro, de índole congênere, ali posicionado na fila, proceda tal qual.
O episódio se repete ao meio dia quando o sino diz que a hora da aula acabou... Chega o papai ou a mamãe que, para não repetirem o show da manhã, ou mesmo para não enfrentar o calor fora do ar refrigerado de seus carros, põem-se a buzinar desesperadamente no portão, enquanto lá dentro a criança/adolescente corre de um lado pro outro ou conversa despreocupadamente.
Atos de natureza semelhante acontecem a todo instante nas padarias da Av. Amazonas, nos supermercados e farmácias, etc. E por falar em farmácia existem aqueles que ocupam vários metros na frente de seus estabelecimentos, interditam os espaços e sinalizam como privativo da sua loja, estabelecendo, inclusive, tempo de permanência conforme escrito numa placa. Confesso não saber se existe amparo legal para isso, mas, de cara, eu acho pra lá de absurdo. Quer mais? Pois vamos lá! Você que não tem qualquer problema de ordem motora, tente (mas com muito cuidado!) andar em frente às lojas da Rua Barão do Rio Branco. Rapaz, aquelas calçadas são verdadeiros obstáculos a serem vencidos. Lá tem de tudo: calçada de ladeira, calçada abismo, calçada derrapante, e outros tipos, só não tem mesmo a calçada da sensibilidade, do calor humano, do respeito e do carinho para com as pessoas. Nem mesmo os hercúleos atletas olímpicos conseguem transpor aquela gama de dificuldades ali instalada. O ginasta Diego Hipólito (ouro no Pan), com seu físico super preparado, sequer seria medalha de lata, naquele pequeno, porém agressivo e desumano espaço. Ali, cada lojista, fez a calçada segundo a arquitetura da sua própria venta e pronto. Ta lá, pra quem quiser ver.
Para a população fica a dupla opção: vai pelo asfalto e corre o risco de atropelamento, ou vai pela calçada e corre o risco de escorregar, torcer o tornozelo, cair e fraturar um braço ou perna, bater a cabeça e por aí a fora... Portadores de deficiência física, idosos, crianças e grávidas, naquele e noutros espaços semelhantes, nem pensar. Acha que acabou? Claro que não! Tome coragem e vá à confluência da Dom Pedro II com a Marechal Deodoro, numa manhã de sábado. Ao longe se ouve uma verdadeira guerra de decibéis. Estridentes equipamentos sonoros e locutores enjoados anunciam vários "queimas e promoções". Nas calçadas, colchões e mais colchões esfregados nos pés e canelas dos pedestres que, se não tomarem cuidado, aterrisam no conforto de uma enorme cama box ali instalada, sob a luz do sol. Juízo avariado de tanto aproveite! aproveite! o indefeso cidadão ali nocauteado, acaba aproveitando para endoidecer de vez, numa cidade que as vezes já não lhe cabe.
Dentre os tantos insensíveis, existe um que é favorável à retirada das caixas d´água para que sejam fincadas do outro lado do Rio Madeira. Tem outro que chama o símbolo da cidade de "monte de ferro velho que não serve pra nada". Depois disso pra amarrotar a paciência e embrulhar o estômago, vá a uma soparia da Pinheiro, (que não é o Micharia´s) e pede uma sopa de charque. Os ingredientes: batata, tomate cenoura, macarrão, arroz, repolho, tomate chuchu, arrogância, atendimento ruim... se sobrar espaço na panela, alguns "fiapinhos" de charque. E assim vão se sucedendo os atos dos insensíveis urbanos o quais proliferam, formando uma população abusada, individualista, fora da lei. Até a próxima.

(*) O autor é músico.

tata.anjos@bol.com.br

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