Terça-feira, 17 de agosto de 2021 - 15h01
A Assembleia Legislativa promoveu na manhã dessa segunda-feira, 16,
audiência pública para discutir a Proposta de Emenda Constitucional 32 (PEC-32)
que tramita no Congresso Nacional e trata sobre uma ampla reforma
administrativa. A Audiência Pública foi proposta pelo deputado Anderson Pereira
(PROS) e contou com a assinatura do deputado Lazinho da Fetagro (PT). O evento
reuniu presencial e remotamente lideranças sindicais de diversas categorias dos
servidores públicos, que na sua totalidade se mostrou contra a aprovação da
PEC.
Embora seja uma matéria de cunho federal e
que tramita na Câmara dos Deputados e deva seguir posteriormente para análise
no Senado da República, a reforma administrativa proposta na emenda afeta em
forma de cascata, todo o serviço público, seja ele federal, estadual ou
municipal.
De acordo com
o deputado Anderson Pereira a discussão com os servidores e com toda a
comunidade é muito importante uma vez que atinge de cheio o serviço público e
os servidores de toda a esfera pública como executivo, legislativo e
judiciário.
“Esse é um assunto muito importante, que terá impacto direto em cada servidor
público, em todas as esferas, e precisa ser amplamente discutido com toda a
sociedade, amplamente divulgado e debatido pelos servidores públicos, para que
todos fiquem cientes e se posicionem a respeito”, observou.
O deputado Anderson lembrou ainda que apesar
da Assembleia Legislativa não votar neste momento o assunto, a pauta é de
extrema relevância, pois se aprovada no Congresso, atingirá também a
administração pública nos estados e municípios de forma direta.
“Uma matéria tão importante que é uma reforma
administrativa como vem sendo proposta não pode simplesmente ser votada,
aprovada ou rejeitada, sem a participação dos principais interessados que são a
população e o servidor público. Por essa razão resolvemos realizar essa
audiência pública, pois sendo aprovada no Congresso Nacional, certamente
matéria semelhante e de ajustes à Lei Maior deverá ser votada pelas Assembleias
Estaduais e pelas câmaras de vereadores, assim como aconteceu com a reforma da
previdência, que foi aprovada no Congresso e teve seus efeitos nos estados e
municípios.”, disse o deputado.
Para o deputado petista Lazinho da Fetagro, a
PEC-32 se trata de mais um momento por que passa os servidores públicos e a
sociedade brasileira num âmbito geral. Segundo ele, são proposituras que vão de
encontro aos interesses da comunidade e acabam prejudicando conquistas e
avanços das políticas públicas obtidos ao longo do tempo.
“Essa situação
de demonstre do serviço público não começou agora. É importante lembrarmos que
em 2019 quando falávamos da PEC 95 que iria trazer prejuízo para a educação e
para a saúde do país nós não conseguimos nos fazer entendidos pela sociedade
brasileira. Da mesma forma, a reforma da previdência. Naquela época fizemos 32
audiências públicas no estado todo justamente para debater os efeitos da
aprovação da reforma como foi proposta, mas infelizmente perdemos. Depois veio
a reforma trabalhista, no mesmo modelo, tirando direito e inventando ações de
desfavorecimento da classe trabalhadora e em favor do empresariado e das
empresas de todo o país. Agora vem a reforma administrativa, que também segue
no mesmo caminho, tirando direitos, oprimindo e fazendo com que a classe dos
servidores, mais oprimida do que sempre foi, tenha medo inclusive de fazer os
debates e as discussões que precisam ser feitas”, lembrou Lazinho.
Sobre a audiência pública, o deputado disse esperar que as propostas e
observações feitas pelos representantes das diversas classes dos servidores
públicos, possam ganhar força e eco, fazendo com que a bancada federal de
Rondônia olhe para o povo, de modo geral e não para o seu próprio umbigo.
“É muito difícil da gente imaginar que a
nossa bancada pode votar por causa de emenda parlamentar. Assim foi na reforma
trabalhista, assim foi na reforma previdenciária, assim foi na votação das
diversas propostas de Emendas à Constituição. A gente pede que eles analisem
direitinho o que é bom para o povo e o que é bom para a classe trabalhadora de
um modo geral. E é para isso que a gente faz essas audiências públicas para que
a gente possa levar para eles o que pensa a comunidade em geral sobre essas
matérias que tramitam no Congresso e que refletem em todos os estados e
municípios”, destacou.
Em mais de três horas e meia de debates, os
participantes discorreram sobre quase todos os temas a que trata a Reforma
Administrativa do governo federal. Entre líderes sindicais, federações de
trabalhadores e políticos num modo geral, o deputado Anderson Pereira, que
presidia a reunião franqueou a palavra ao seu ex-colega de parlamento estadual,
atual deputado federal Léo Morais, para que se manifestasse a respeito da
proposta do governo federal, e o deputado federal manteve o seu posicionamento
que assegura desde a sua passagem pelo legislativo estadual de não votar nada
que seja contra o servidor público.
“Antes de começarmos qualquer debate a respeito
do assunto, quero lembrar a todos que já me posicionei contrário à
admissibilidade da PEC 32 na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara
dos deputados. Por mim essa matéria nem tramitaria da forma como foi proposta.
Então, de antemão asseguro a todos que se a PEC for levada a plenário votarei
contra. É um debate que temos que travar a ferro e fogo contra. Trata-se de uma
reforma seletiva que inclui quem está na ponta da corda, mas não busca o alto
escalão para dar a mesma tratativa. Mais do que isso, a PEC como foi proposta
quase normatiza, incluiu e obriga o que hoje é chamado de pistolão, que são
indicações políticas para cargos da administração pública. Podem contar comigo
nesta luta contra a PEC. Vamos trabalhar para que ela não seja aprovada, pois
não faz sentido que tenhamos indicações políticas em cargos de ponta, em
detrimento aos servidores, tirando a estabilidade do servidor público que é uma
contenção da proliferação da corrupção e da malversação do dinheiro público na
administração. É uma garantia do servidor contra qualquer tipo de perseguição
política ideológica, conquistada há muito tempo e que não podemos abrir mão,
para o bem não só dos servidores, mas de todo o serviço público”, disse o
deputado.
Depois de ouvir todas as sugestões, críticas
e observações feitas pelas mais de 30 lideranças que representam suas
categorias no serviço público e na sociedade civil como um todo, debatendo o
futuro da administração pública diante da possível aprovação da PEC-32, uma
minuta com encaminhamentos resultantes da audiência será enviada à bancada
federal para que os representantes de Rondônia na Câmara dos deputados possam
ter uma base de como pensam os servidores e entidades.
Diante dos
temas abordados e dos posicionamentos revelador, os deputados Anderson e
Lazinho avaliaram como positiva a audiência pública, voltando a afirmar que o
parlamento estadual está sempre atendo aos anseios da comunidade, seja através
do serviço público, seja através da sociedade em geral, pois é a casa do povo,
onde temas polêmicos e relevantes como a PEC-32 precisam ser debatidos,
discutidos e esmiuçados, para que todos saibam seus efeitos e consequências.
“A Assembleia Legislativa está sempre atenta ao que acontece na nossa
comunidade e temos como propósito e compromisso, ajudar em tudo o que for
possível para o melhor andamento do serviço público, com implementação e
acompanhamento de políticas públicas que possam melhorar a vida do cidadão”,
disse o deputado Anderson, que é servidor de carreira da Secretaria de Justiça
do Estado de Rondônia, líder sindical e cumpre o seu segundo mandato
consecutivo no legislativo estadual.
Sobre a PEC-32
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
32/20, do Poder Executivo, altera dispositivos sobre servidores e empregados
públicos e modifica a organização da administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios. A ideia é dar início a ampla reforma administrativa com efeitos no
futuro.
Chamada pelo governo de PEC da Nova
Administração Pública, a proposta altera 27 trechos da Constituição e introduz
87 novos, sendo quatro artigos inteiros. As principais medidas tratam da
contratação, da remuneração e do desligamento de pessoal, válidas somente para
quem ingressar no setor público após a aprovação das mudanças.
O texto envolve trecho da Constituição que
tratam da administração pública em geral (artigos 37 e 37-A); dos servidores
públicos (artigos 39, 39-A, 41, 40-A e 41-A); dos militares dos estados, do DF
e dos territórios (artigos 42 e 48); das atribuições do presidente da República
(artigo 84); dos ministérios (artigo 88); das Forças Armadas (artigo 142); do
Orçamento da União (artigo 165); da Previdência Social (artigo 201); e de
outras disposições gerais (artigo 247).
Em uma segunda parte, a PEC traz regras
transitórias e prevê a eventual atuação dos entes federativos na
regulamentação, já que alguns dispositivos – como exigência da criação de novos
regimes jurídicos específicos para servidores –, se aprovados, dependerão de
regulamentação posterior à promulgação das mudanças pelo Congresso Nacional.
(Fonte: Agência Câmara de Notícias).
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