O deputado Jair Montes espera apenas a abertura do ano legislativo para levar a plenário um pedido de informações à Sesau sobre a lavanderia instalada no Hospital de Base. Um verdadeiro clima de pânico começa a se instalar nos hospitais públicos de Porto Velho. O parlamentar recebeu denúncias de servidores e pacientes sobre a precariedade do serviço de descontaminação das roupas e até cancelamento de cirurgias por falta de enxovais no HB. Ele foi informado que falta roupa de cama no João Paulo II e pacientes são instalados diretamente sobre a cobertura plástica das camas e macas, o que eleva perigosamente o risco de contaminação. Os protestos e denúncias se avolumaram exponencialmente em função da apavorante progressão do coronavirus, que já registrou dois casos suspeitos na capital.
Membro efetivo da Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social da Assembleia, Jair Montes quer seguir rigorosamente os trâmites regimentais para fundamentar adequadamente as providências que irá adotar, a depender das respostas da Sesau ao amplo questionário que elaborou. Algumas certezas ele já tem, a partir de uma visita de inspeção ao Hospital de Base: as roupas hospitalares estão longe de oferecer condições adequadas de conforto, segurança na limpeza e desinfecção e boa apresentação. Ele constatou a falta de uniformes, aventais, toucas, máscaras e botas, de uso obrigatório pelos servidores, material que surpreendentemente começou a aparecer tão logo a direção foi alertada sobre sua presença.
O parlamentar sabe que a decisão de equipar a rede pública com lavanderia própria foi lastreada em pretextados princípios de economicidade e combate à corrupção. A eficiência foi desdenhada, já que o projeto, executado sem planejamento técnico adequado - basta verificar o equipamento milionário ali instalado - não poderia concorrer com a iniciativa privada. Os demais itens da justificativa original jamais foram conferidos, embora pessoas ligadas ao setor apontem para gigantescas compras de produtos químicos e descarte desnecessário de maquinários, sem contar a permanente aquisição de rouparia, cujo desgaste, com pouco tempo de uso, é resultado do manejo impróprio dos produtos químicos na lavagem.
A verdade é que economicidade dificilmente poderia acontecer ali, pelo volume de servidores instalados sem qualquer experiência ou credenciamento técnico, pelo exagerado consumo de energia e gastos com reposição. Com o suspeito imobilismo dos órgãos de fiscalização, típico de compadrio nepótico, não é possível mensurar os custos do sistema, que escapa também ao crivo da opinião pública, por falta de transparência nas contas. Mas pode-se estabelecer um paralelo com a rede pública do município de Porto Velho.
Há quatro anos o Ministério do Trabalho e Emprego - MTE interditou a lavanderia da Maternidade Municipal, por falta de condições dignas de trabalho. A Semusa optou por licitar e terceirizar o setor fora do ambiente hospitalar. Com isso, a despesa com lavagem de roupas hospitalares, que apenas na Maternidade Municipal custava ao município R$ 120 mil mensais, foi reduzida para média de R$ 80 mil. E, além da Maternidade, são atendidos, sem custos adicionais a rouparia da UPA Zona Sul, UPA Zona Leste, Policlínica Ana Adelaide, Policlínica Dr. Rafael Vaz e Silva, CER, CEM, Posto José Adelino e SAMU. A Semusa fez o que a rede privada faz desde sempre: é dispendioso e improdutivo o envolvimento direto com uma atividade meio, que é a lavanderia hospitalar. Sem isso, toda a dedicação pode ser dirigida exclusivamente à atividade fim: saúde! Simples assim.
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)