Quinta-feira, 30 de maio de 2019 - 11h05
O Ministério Público do Amazonas confirmou ontem o que disse no dia
anterior o Blog do CHA: os setores de inteligência do SUSP sabiam há pelo menos
quatro dias o que estava por acontecer nos presídios de Manaus com a disputa
pelo poder entre as lideranças da facção criminosa "Família do Norte -
FDN". As autoridades deixaram
acontecer. E quando decidiram agir erraram na seleção dos oito primeiros presos
transferidos na terça-feira para presídios federais: nenhum deles tinha coisa
alguma a ver com os massacres, segundo o Ministério Público do Amazonas.
Escrevi terça-feira que "De qualquer forma as coisas andam muito
confusas no país. O Conselho Penitenciário Nacional, parte do Sistema Único de
Segurança Pública - SUSP, que coordena (pelo menos deveria, se funcionasse) as
ações das polícias, Forças Armadas, academia, Ministério Público, Judiciário,
sabia do que estava para acontecer em Manaus".
"Os vários serviços de inteligência em atividade no país felizmente
já conversam entre si. E não apenas sabiam do que iria acontecer como também
sabem que isso pode ser o estopim para atingir outros estados. A guerra entre
as facções, dezenas delas, está dentro do sistema prisional como um todo. E as
facções comandam a criminalidade e a violência que só aumentam a cada dia do
lado de fora. Nada disso interessa, porém, no país (só) da lava jato, que
privilegia o acessório - o Coaf, por exemplo - e esquece o principal".
Meu amigo e leitor Arnaldo Carvalho comentou no Face book: "ainda bem que o país é só lava jato, Moro quebrou o
ciclo da corrupção com impunidade, hoje dá um pouco mas de orgulho em ser
brasileiro, ainda falta muito, quem sabe umas três lava jatos".
Eu respondo: é importantíssimo o
trabalho de combate à corrupção. Acho que deve mesmo ser intensificado.
Mas isso não implica em esquecer a segurança pública no resto do país. Não há
como orgulhar-se da quantidade de homicídios nas prisões. E ainda mais fora
delas. Como ter orgulho de viver aprisionado em casa, enquanto bandidos comuns,
traficantes e milícias fazem a festa nas ruas?
Se você, leitor, perguntar o porquê do descaso com a segurança, o
blogueiro não saberá responder com certeza. Suponho que tenha a ver com o
ambiente político. Afinal, o ministro Sérgio Moro é o herói da Lava Jato, com
poderes para investigar absolutamente todos os políticos, pois todos receberam
doações eleitorais de empresas, no tempo em que isso era legalmente permitido.
Prendeu Lula, processou um monte de gente graúda, arruinou a biografia de
um mundaréu de gente com o vazamento de delações e colocou a faca no pescoço de
todo o Congresso, além do próprio presidente da república, Michel Temer, em
pleno exercício do mandato. Elegeu Bolsonaro. Renovou a Câmara, onde apenas 251
deputados conseguiram se reeleger, em um total de 513 vagas.
No Senado, a renovação foi de 85%. Das 54
vagas, 46 foram ocupadas por novos nomes. A Lava Jato recuperou ainda bilhões
de reais desviados pela corrupção. E só não ficou com uma parcela de R$ 2,3 bilhões
porque o Supremo bloqueou o esquema e mandou a fortuna para os cofres do
tesouro, de onde foi surrupiada.
Só para ilustrar, os procuradores
comandados por Deltan Dalagnol queriam ficar com uma parcela do dinheiro
roubado. "Mas é parte da multa aplicada à Petrobrás" - argumentou o
procurador, ao esquecer que o dinheiro sai do bolso de cada um de nós, na bomba
de gasolina.
Seria como ser roubado pelo ladrão e pela
polícia: o cara assalta você e leva todo o seu dinheiro. Daí a polícia prende o
bandido, recupera sua grana, mas rouba você novamente, ao devolver apenas uma
parte. É bonito isso?
Enquanto isso, a população vai às ruas para defender a permanência do
Coaf sob o comando de Sérgio Moro, como se ele fosse deixar de comandá-lo mesmo
no Ministério da Economia. E com a mesma equipe, inclusive com a delegada Érika
Marena, aquela da operação "Ouvidos Moucos", que resultou no suicídio
do reitor da UFSC.
Eu gostaria de saber quando é que as redes sociais vão entender que tudo
ficou por isso mesmo, que a mudança aconteceu apenas no organograma dos
Ministérios. E, sabendo disso, quando terão a dignidade e a honradez de se
desculpar com as deputadas rondonienses Jaqueline Cassol e Mariana Carvalho,
que foram execradas por estarem ausentes na votação, assim como o líder da
representação, Lúcio Mosquini.
A propósito: a deputada Mariana Carvalho pode até não saber disso, o que
é improvável. Mas ela deverá acompanhar, como representante brasileira eleita
relatora da União Interparlamentar (UIP), que congrega parlamentares de 179
países, os desdobramentos das investigações do FBI sobre o envolvimento de
empresas americanas na corrupção brasileira com os recursos do SUS. Mas isso é
assunto para o próximo artigo.
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