Terça-feira, 25 de junho de 2019 - 09h44
Apesar de o Brasil reduzir
aceleradamente a dependência do gás boliviano, que responde, quase
integralmente, pela pauta de exportações do país vizinho para o Brasil, a
Bolívia também aguarda, com ansiedade equivalente à do governador Gladson
Cameli, do Acre, o fim das obras da ponte sobre o rio Madeira, na BR-364,
distrito de Abunã. É que também a população boliviana, especialmente das áreas
fronteiriças do departamento de Beni também vai se beneficiar com a obra.
O governador do Acre insiste
em agendar a inauguração para setembro, com a participação do governador
rondoniense, Marcos Rocha, e do presidente Jair Bolsonaro. Mesmo depois do
ministro da Infraestrutura, Tarcisio Gomes de Freitas, ter usado sua conta no
Twitter para anunciar que trabalha com um horizonte mais elástico, até
dezembro.
O ministro está certo. Embora
a construtora Arteleste conclua a concretagem dos últimos metros da ponte antes
do fim do mês, é problemática a construção do acesso no lado de Abunã. É que
será necessária a elevação da pista em perto de três quilômetros, 500 metros
dos quais de solo mole, por conta do nível da barragem de Jirau.
"Ainda há muita coisa
por fazer", informa o superintendente do DNIT, engenheiro Cláudio Neves,
para quem não será necessária, no entanto, a retirada do solo mole. Existem
recursos de engenharia que, embora trabalhosos, podem solucionar o problema.
Como, por exemplo, Bermas de
equilíbrio - aterros laterais aos taludes para
equilibrar o peso exercido pelo maciço do aterro principal. Ou o aumento na
largura do offset (pontos de início e final) do aterro. Tudo isso implica,
contudo, em grande movimentação de terra, que dificilmente será concluída em um
período de apenas três meses.
Bolívia
cresce 5% ao ano
Não é por incompatibilidades
de ordem ideológica entre os presidentes. Nem por vingança contra a humilhação
nacional imposta ao país pelo "hermano" Evo Morales. Logo após sua
posse - convém lembrar - ele nacionalizou os hidrocarbonetos e mandou tropas do
exército ocupar os campos de produção e
refinarias da Petrobrás.
O problema somente foi
contornado com a decisiva intervenção do próprio presidente Luiz Inácio (mais
uma vez ele), junto, claro, com o pagamento, pela Petrobrás, de U$ 200 milhões
por "dívidas passadas", aumento de impostos e royalties e maior
controle do setor por parte do Estado boliviano, via estatal YPFB. Mas o
Brasil, que bancou todo o gasoduto - 3150 quilômetros desde Santa Cruz de La
Sierra até Porto Alegre - era dependente do gás boliviano.
Com tudo isso, as coisas se
acalmaram e o gás boliviano continuou a ocupar quase integralmente a pauta de
exportações daquele país para o Brasil. De janeiro a maio o Brasil
exportou U$ 601,7 milhões em uma pauta diversificada, com mais de mil itens. E
importou U$ 532,9 milhões, 95% dos quais em gás natural.
Mas não é por isso que a
situação vai começar a mudar. Pode até ter alguma influência, mas o fato é que
as reservas bolivianas estão se exaurindo. O
contrato vence este ano, justamente quando Morales tenta - e vai conseguir - mais
uma reeleição.
Ele, declaradamente, sabe que
não é interessante comprar briga com o Brasil nesse momento. O ambiente
político não é mais tão "favorável". Mas, mesmo que renovado o
contrato, a Bolívia não dispõe de reservas de gás suficientes para atender ao
suprimento que o Brasil necessita e que o gasoduto está em condições de
transportar: 30 milhões de metros cúbicos por dia.
Por isso também foi tão
festejada pelo governo brasileiro a maior descoberta desde o início do pré-sal,
em 2006: os seis campos de gás natural encontrados em Sergipe. Juntos, os campos de Barra, Cumbe, Farfan,
Poço Verde, Muriú e Moita Bonita, a 80 km da costa de Aracaju, têm capacidade
para produzir cerca de 20 milhões de m³ de gás natural por dia, o equivalente a
um terço da produção nacional.
De olho no imperativo do
momento, a Petrobras já negocia com investidores privados a venda de
participação na exploração dos campos nordestinos. O tratamento prioritário a
uma estratégica revisão de todo o quadro regulatório e legal, capaz de
alcançar toda a cadeia de suprimento, transporte e distribuição de
gás natural. A meta é a autossuficiência e o fim da dependência do
gás boliviano.
A Bolívia está há mais de uma década crescendo a uma média
anual de 5% - muito superior à dos Estados Unidos e à dos países
sul-americanos. O país tem crescido muito graças às exportações de gás natural
que vende ao Brasil e à Argentina. E a cada ano que atingiu esse patamar, com o
qual o Brasil nem sonha, Evo Morales determina o pagamento do 14º salário para
cada trabalhador.
O governo boliviano sabe que é arriscado ancorar,
indefinidamente, seu crescimento a esse recurso natural. E a população, mesmo
desde antes da posse de Bolsonaro, já vive uma
desaceleração econômica, segundo os economistas. Há uma clara percepção de
maior cautela do consumidor na hora de gastar.
De qualquer forma, o diferencial de frete, a partir
da inauguração da ponte de Abunã, vai colocar a produção local, especialmente
de alimentos, a preços imbatíveis no mercado boliviano. E interessa muito aos nossos
pecuaristas o sal de Uyuni, a maior planície de sal do planeta. O próprio
governo de Rondônia já tem estimulado a celebração de parcerias bilaterais.
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