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E-legis discute Furnas e Malária


Furnas se prepara para
evitar aumento da malária

"Não quero que a malária pare a construção das hidrelétricas no Rio Madeira". A frase é do gerente do escritório de construção de Furnas em Porto Velho, engenheiro Afonso de Andrade Goulart Neto, durante o fórum de debates na Escola do Legislativo, anteontem, sobre as obras e seus impactos sociais e ambientais.

O representante de Furnas informou que se prevê aumento de casos de malária nas regiões vizinhas das hidrelétricas e que a estatal já trabalha para reforçar a infra-estrutura de saneamento básico na região.

Ele detalhou que as duas usinas, de Santo Antonio e Jirau, causarão impactos sociais e ambientais diretos numa área de 280 quilômetros de extensão – e terão influência indireta numa área de 23.520 quilômetros quadrados.

Ele informou que após a barragem de Jirau alagar o povoado de Mutum Paraná (a cerca de 100 quilômetros de Porto Velho) "haverá a tendência de aumentar criadouros de insetos."

Para acentuar a seriedade que Furnas dá a questão, o gerente lembrou que ocorreram 12 mil casos de malária em Porto Velho no primeiro semestre de 2004.

Antes, ele havia dito que Furnas prevê, com suas obras, uma nova onda de migrantes "em busca de empregos" a Porto Velho que vai gerar "grande pressão nos serviços públicos" – até mesmo nos de Saúde que "serão insuficientes", segundo o engenheiro Afonso.

O representante de Furnas informou que o Projeto Rio Madeira dará ajuda financeira a Rondônia para enfrentar o novo fluxo migratório. e fará parcerias com a Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd) e com a Ceron (Centrais Elétricas de Rondônia).

O engenheiro Afonso deixou claro que Furnas quer evitar que as hidrelétricas causem a quarta grande epidemia de malária em Rondônia. E, como aconteceu com a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, tenha a construção interrompida pelo mosquito.

Indivíduos não imunes correm alto risco de contrair malária ao chegarem a Amazônia

A primeira grande epidemia de malária aconteceu no fim do século XIX, quando milhares de nordestinos fugiram da seca em suas terras para trabalhar nos seringais (plantações naturais de borracha.)

A segunda explosão de epidemia aconteceu entre meados do século XIX e início do XX quando novamente milhares de migrantes nacionais e estrangeiros vieram trabalhar no trecho encachoeirado do rio Madeira (o mesmo das hidrelétricas) nas obras da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.

A terceira explosão de malária foi a partir dos anos 70, com a corrida de brasileiros do sul e sudeste em busca de terras doadas pelo INCRA em Rondônia.

Sem imunidade e sem a "cultura da malária", como diz o médico Erney Plessmann Camargo, membro da Academia Brasileira de Ciências, professor titular de parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e diretor do Instituto Butantan os imigrantes foram vítimas da maior epidemia de malária da história da Amazônia.

Em duas décadas, o índice da malária em Rondônia passou de cerca de 20 casos por mil habitantes para 100 casos por mil habitantes. No pico da epidemia, Rondônia chegou a ter 300 mil casos de malária por ano para uma população de apenas um milhão de habitantes.


Fonte: Nelson Townes

 

 

 

 

 

 

 

 

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