Segunda-feira, 29 de agosto de 2022 - 14h09
Faz um ano, precisamente, nós escrevíamos aqui sobre o 7
de setembro. Lá como cá havia uma sombra, um fosso, a corrupção do ideário, a
beligerância de quem sente prazer na dor pungente e na morte programada do
povo. Método obscuro, típico do grupo ora no poder.
Isso aí não é o 7 de setembro, mas é o que se tornou. Com
o aprisionamento do Estado pelo Governo, pelo Palácio, nem os três Poderes são
exatamente três. Na prática são dois, pois o Legislativo (feito refém do
Centrão, pragmático como ninguém) é dócil e obediente ao Executivo. O
Judiciário, sobretudo o Supremo Tribunal Federal (STF), tem parcelas de
resistência – ainda que o país “terrivelmente evangélico” por lá também esteja
representado. Uma importante trincheira ainda está aberta.
No geral, esse 7 de setembro reflete a mesma obra
fascista de aprisionar o Estado, a fim de que se executem as obras do Fascismo
Nacional. Apenas a título de exemplificação, dos terrivelmente evangélicos que
anseiam por um Estado Teocrático – os laivos do Estado Islâmico são vistos a
olhos vivos –, vejam que a Polícia Rodoviária Federal recebeu uma cartilha
incitando (hoje) à leitura da Bíblia, mas que (amanhã) poderá vir a ser
cultuada obrigatoriamente. Talvez seja questão de tempo, a depender da evolução
dia fatos.
A função da polícia, de qualquer polícia – desde a
Politia, na Grécia antiga – não é rezar ou abrir-se para ver Jesus na
goiabeira. Até porque nem todos gostam de goiaba e, também, porque goiabas
podem ter bichos em seu ventre.
A polícia tem por funções essenciais três tarefas óbvias:
prevenção, investigação e repressão ao crime. Rezando ou não, é isso que o povo
espera, é isso que manda a Constituição Federal de 1988. Além do mais, crentes
ou não, o povo ateu - e de qualquer denominação religiosa - igualmente merece
uma atenção institucional – dentro dos marcos legais. Tanto quanto o policial
ateu tem todo o direito do mundo de pregar o ateísmo, desde que sua pregação
não interfira em seu trabalho.
Em contexto semelhante, as demais secretarias e
ministérios andam conclamando os servidores públicos a participarem do
cercadinho do 7 de setembro. Por hábito, os e-mails do tal “sougov” estão
destinados à lixeira – exatamente porque o lugar do lixo é no lixo, mesmo.
Simples assim.
Outra corrupção monumental do ideário está na apropriação
indébita do “verde e amarelo” (com ou sem o escudo da CBF) como cores do
governo – quando, na verdade, são as cores da bandeira. Neste caso, é a Nação
que se curvou ao Estado, tendo-se corrompido o ideário nacional de acordo com
os interesses palacianos.
O Duce fez essa cartilha, na Itália fascista. O que temos
aqui é cópia barata – turbinada por redes sociais –, porém, com desfecho
anunciado (aos olhos abertos) de fracasso, farsa ou tragédia. Que é tudo farsa
já sabemos faz muito tempo; resta-nos verificar se será um fracasso retumbante
ou a tragédia – há muito anunciada, em verde e amarelo. Aguardemos os próximos
capítulos.
Apenas para registrar: a trilogia “Subterrâneos da
liberdade” (Os ásperos tempos, A agonia da noite, A luz no túnel), de Jorge
Amado, passada no período do Estado Novo, guarda impressionante similaridade
com o cenário brasileiro de 2022. Um texto absolutamente atual, que precisa ser
(re)lido por todos aqueles que se preocupam com os destinos da Nação. A
história se repete…e tanto se repete que a misoginia - enunciada no debate de
ontem - ainda nos assombra com o barbarismo imoral, como massacrou uma Teresa
Batista Cansada de Guerra, do mesmo clássico de Jorge Amado.
A ciência que não muda só se repete, na mesmice, na cópia, no óbvio e no mercadológico – e parece inadequado, por definição, falar-se em ciência nes
A Educação Constitucional do Prof. Vinício Carrilho Martinez
Introdução Neste texto é realizada uma leitura do livro “Educação constitucional: educação pela Constituição de 1988” de autoria do Prof. Dr. Viníci
Todos os golpes no Brasil são racistas. Sejam grandes ou pequenos, os golpes são racistas. É a nossa história, da nossa formação
Veremos de modo mais extensivo que entre a emancipação e a autonomia se apresentam realidades e conceitos – igualmente impositivos – que suportam a