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Vinício Carrilho

A IA na China - não há alienação consciente


A IA na China - não há alienação consciente - Gente de Opinião

Vinício Carrilho Martinez – cientista social

Tainá Reis – cientista social

Maria Araújo – professora aposentada

Samuel Cerqueira Melo – mestrando no PPGTCS/UFSCar

Lucas Gama – graduando em filosofia/UFSCar

João P. Magalhães – graduando em filosofia/UFSCar

 

Diante da corrida por soberania tecnologia e superávit, a China, um dos países na liderança em desenvolver tecnologias de vigilância e controle social, tem engendrado um sistema de Inteligência Artificial generativa, mas sob o modelo socialista, baseado nos valores do Estado. O sistema é treinado conforme tópicos politicamente sensíveis e será distribuído paras as grandes empresas de tecnologia do país como a Alibaba e a ByteDance, além das empresas de menor expressão econômica[1].

Com esse cenário, pensemos sobre o conceito de alienação em Marx. O filósofo diz que a alienação ocorre quando o trabalhador não tem consciência do produto final do próprio trabalho, ele não se vê no produto final. Por exemplo, para produzir um carro são necessárias várias peças, no entanto, o trabalhador se especializa em apenas uma, o motor. O problema é que a alienação é tanta que o produto final é desconhecido pelo trabalhador. Grosso modo, essa é a alienação em Marx. Podemos dizer que se trata de uma consciência alienada?

Saindo do chão de fábrica de Marx, podemos pensar na alienação nas práticas cotidianas. Assim, o que seria a consciência alineada? Talvez aquela que está alienada e não percebe sua própria condição, acreditando em um monte de fake News. Se coubesse um exemplo de consciência alienada, diríamos que todos os “escapistas da realidade” têm consciências alienadas. Conseguem ter um pensamento pseudo crítico, mas não percebem sua condição de alienação. Mas, e alienação consciente, existe?

Alienação consciente traz a ideia de que a pessoa se aliena – e sabe disso –, podendo mudar sua própria condição, apesar de não querer. Seria o movimento de se isolar perante os problemas sociais. Sabemos que a mudança climática é um fato, mas optamos por não nos aprofundar no assunto, isto é, não ver notícias e nem artigos científicos que retratam esse problema com o intuito da alienação.

Muitas pessoas se alienam conscientemente pois se veem de mãos atadas frente aos problemas sociais. Assim preferem fechar os olhos para esses problemas. Esse seria um tipo de alienação consciente?

 Mas, além delas, ainda há aquelas que em sua ação consciente, promovem a alienação. Ou seja, são pessoas que sabem o que é enganoso, mas espalham as mentiras por saberem que pessoas realmente alienadas vão espalhar. Isso é um “critério consciente de alienação”. Desse prisma, a alienação consciente não existe.

De volta à China, é interessante observar que sob o critério da alienação, especialmente no que se refere à IA generativa, ao menos em tese, o que se projeta na programação é a desalienação, e com base nos preceitos socialistas.

Aliás, seria ainda mais curioso “repetir” esse texto no ChatGPT – o que será que nos enviaria, quando provocássemos a IA com o socialismo, vendo-se neste mundo de capitalismo de barbárie, neocolonial, neoliberal?

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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