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Vinício Carrilho

Cadê a educação?


Cadê a educação? - Gente de Opinião

Sem falar na educação elementar (bom dia, obrigado), onde puseram a educação formal?

O tal do "novo" ensino médio não retirou 40% da carga horária de ciências, português, matemática, história e geografia?

Não é verdade que colocaram "educação financeira" para jovens sem emprego, renda ou expectativa? A criança que vai à escola atrás da merenda vai economizar o que? A fome cobra com juros e correção.

Será fantasia uma disciplina chamada "o que rola por aí "?

Pois é, além disso tem o kit robótica, comprado com ágio de 500%.

Com quantas matemáticas, furtadas da escola pública, fizeram essas compras?

Antes de passarmos a outro ponto da curva na cultura brasileira, cabe lembrar que pais e filhos repudiam vacinas, acreditam na terra plana, porém, também tem "ensino religioso".

Ninguém sabe que a Constituição Federal de 1988 desenhou o Estado Laico. Só que reza não falta, na escola pública.

Aliás, é difícil encontrar uma excrescência como essa.

Em todo caso, ainda temos um tipo de adoração, alucinação tecnológica. É pior do que fetiche, a sanha dos adoradores de "marca" de celulares.

Com consumo em alta, que enaltece o endividamento, somos pessoas alegres (robôs alegres).

Um por cento da população deve saber diferenciar governo e Estado, mas 99% tem redes antissociais.

0,001% deve conseguir distinguir autonomia de soberania, porém, milhões querem se livrar de sua liberdade.

Mas, tem briga pra ter ensino religioso.

Tem dessas brigas no atual Ministério da Educação, também.

Apesar da Damaris já ter ido embora, junte-se a esse pacote o cultivo nazifascista no Sul/Sudeste.

Sobretudo nas redes antissociais, com kit robótica e sem ética, o pavor não tem xerife.

 

Kit cibernética

Hoje, lemos muito, mas com recortes que não fecham, parcialidades, mais ainda nas redes sociais e lemos pouco mais do que os títulos. Consumimos centenas de pedaços de informações diariamente, sem organicidade.

Isso explicaria em parte as Fake News, porque, sem método, não transformamos informações (quando as temos com qualidade) em conhecimento.

Acrescente-se o fato de que o pós-moderno tem por essência a fragmentação, a descontinuidade e a razão imagética, ou seja, é o século das imagens e dos efeitos: a própria comunicação é assemelhada ao marketing.

Alguém já disse que "a notícia precisa virar notícia", criando-se suspense hoje para que a informação de amanhã seja bem "consumida": tudo é mercadoria.

Esse conjunto ainda explicaria uma outra "possível característica": um retrocesso nas capacidades cognitivas.

Em parte, seríamos "menos inteligentes" do que a geração anterior porque nossa linguagem (escrita e falada) é mais simples, menos sofisticada; então, quase não há esforço de entendimento: tudo nos vem mastigado, preferencialmente com ilustrações, desenhos.

Às vezes pedimos por textos com figuras, como as crianças.

Será exagero??

Por outro lado, crianças e jovens "debulham" qualquer celular com uma agilidade e facilidade incríveis.

Nós mal diríamos o que foi feito. Dizemos que parece que nasceram plugadas.

É sem dúvida uma "inteligência tecnológica" maior do que a minha, que vivi mais tempo no mundo analógico do que digital.

É curioso, instigante, pensar como nossa capacidade de invenção e de adaptação é infinita.

Assim como há múltiplas inteligências, num só ser humano.

Lembrando ainda que, o mundo dos antigos era muito menos complexo do que a atualidade.

Mais do que uma era de transição, vivemos o "olho do furacão" de um processo revolucionário.

Tal qual a Segunda Revolução Industrial do mundo antigo.

Penso como Rousseau escreveria o seu Contrato Social usando o ChatGPT (inteligência artificial) e diante dos problemas climáticos, ameaça de uso de armas nucleares, extrema desigualdade, Império do capital financeiro - em que se produz (e consome) mais subjetividades (dados, perfis, informações) do que se modifica a base material do capital.

Sem dúvida, vivemos o século em que "o sólido desmancha no ar", em que "todo sagrado será profanado" (Marx, no Manifesto), todavia, como ainda cremos que o comunismo é obra do capeta, não ensinamos sociologia na escola pública.

Preferimos o ensino religioso, especialmente a teologia da prosperidade (do pastor), é claro. 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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