Sábado, 30 de julho de 2022 - 09h50
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO CARLOS – UFSCAR
Departamento de
Educação – DEd
Curso de Extensão
“Educação em Direitos Humanos”
PARA
UMA EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
Vinício Carrilho Martinez - OAB/SP 108.390
Marcela Eduarda Farias Rech - acadêmica de Pedagogia/UFSCar
Luana Cristina Falavigna - OAB/SP 446.804
Ticiani Garbellini Barbosa Lima - OAB/SP 337.352
Vanderlei de Freitas Nascimento Júnior - OAB/SP 264.069
Não
te esperarei na pura espera
Porque o meu tempo de
espera
É um tempo de quefazer.
Paulo Freire –
Pedagogia da Indignação
Uma das primordiais
tarefas da pedagogia crítica radical libertadora
É defender uma prática
docente em que o ensino rigoroso dos conteúdos
jamais se faça de forma
fria, mecânica e mentirosamente neutra.
Paulo Freire –
Pedagogia da autonomia
Ementa: Discurso de abertura
e breve justificativa acerca do Curso de Extensão “Educação em Direitos
Humanos” – UFSCar/SP: 28.07.2022.
Educação em Direitos Humanos se faz em meio
ao respeito, à defesa da dignidade humana, no acolhimento integral dos valores
humanos, em ação e em reflexão humanista.
Neste
momento que o país atravessa, de graves e contundentes ameaças ao Estado de
Direito, à República, às instituições democráticas, é fundamental que tenhamos
a consciência – com Ciência e militância – de que a defesa dos Direitos Humanos
é uma tarefa de cada um, cada uma, de nós.
Não há
Direitos Humanos sem democracia; sem República vigora a ditadura, a ignorância,
o desprezo pelas políticas públicas, pela saúde e educação; sem Estado
Democrático de Direito prosperam apenas as formas autocráticas, autoritárias,
abusivas e negacionistas da própria Humanidade.
Vimos
esse curso de ataques e atentados à democracia, aos Direitos Humanos, ao
humanismo, ao pacifismo, em muitas ocasiões da história humana. O pior, o mais
grave, foi o Holocausto e as mais de 50 milhões de mortes na 2ª Guerra Mundial.
Hitler
movia-se para o Eixo do Mal, nazista, ceifador de milhões de vidas humanas, em
torno de projeções absurdamente desumanas. No lugar do respeito integral aos
Direitos Humanos, esse Anjo da Morte (e outros sanguinários seguidores)
provinha-se da Lei de Plenos Poderes – sempre em punho para “autorizar” os
massacres e genocídios.
No
Brasil, a ditadura de 1964 – assim como outras na América Latina, nesse período
– relegou uma herança autoritária, descrente na capacidade do povo brasileiro
em gerir seu futuro. O pensamento entreguista da época não há está distante: a
Soberania Nacional foi rendida faz pouco tempo, junto a dezenas de embaixadores
do mundo todo.
A
violência política, no bojo do processo eleitoral, não tem, não terá limites.
Basta lembrar que ataques diretos, vários crimes e assassinatos políticos já
foram praticados. As instituições democráticas, a começar do STF e do TSE,
sofrem bombardeios todos os dias e noites. É o Fascismo contando suas
“narrativas”.
É o
Fascismo buscando legitimação, em palavras de ordem, distorções absurdas da
realidade, do conhecimento e da inteligência mediana. É o fascismo em procura
de se implementar, mais agudamente, pela ação violenta que tenta descredenciar
tudo que não se apresente como ranço, retrocesso e ódio.
Além
disso tudo, o Fascismo Nacional – real e digital, de robôs e de pessoas
robotizadas – é amplamente misógino, rancorosamente racista, sordidamente
elitista e excludente.
Por isso,
a contar ainda a recusa ou atraso deliberado em adquirir as vacinas contra a
COVID-19 – empurrando cloroquina e outros placebos alucinógenos que levaram à
morte programada de milhares de pessoas –, é preciso dizer que o país depende
da democracia para investir em Educação Pública para, aí sim, pautar-se pela
racionalidade das escolhas públicas.
É preciso
dizer que a Educação em Direitos Humanos é fundamental em nossos dias, no
reconhecimento, na defesa, na promoção dos valores humanos, da dignidade
humana, do respeito integral aos princípios que defendem uma sociedade livre,
justa e igualitária – como se lê no Espírito da CF88.
É preciso
deixar claro que o Conjunto Complexo dos Direitos Humanos é o nosso divisor de
águas, que não se admitem críticas aos Direitos Humanos, porque seria o
equivalente de dizer que preferimos a subordinação, a negação do meio ambiente,
que gostamos de água contaminada e que a saúde pública pode ser anulada – em
favorecimento dos planos particulares –, ou, ainda, que o motorista de qualquer
automóvel pode andar embriagado para escolher alvos aleatórios nas ruas, bem
como homens matarem mulheres impunemente.
É óbvio
que aqui não há escolha. Além do mais, pela lógica, só podemos escolher entre
duas ou mais alternativas – e aqui só há uma alternativa: a adesão inconteste,
incólume, consciente e responsável, ao Conjunto Complexo dos Direitos Humanos.
Não há escolha, portanto, porque ninguém em sã consciência escolhe a morte, ao
invés da vida.
Em
sentido contrário, é preciso sempre lembrar o modelo fascista espanhol, em que
o slogan mais característico era, exatamente, “Viva a morte!”. Aqui, diremos:
“Vivam todas as formas de vida!” – e que pereçam todos os velhacos
(parafraseando Kant).
Dizemos
isso porque o país está numa situação tão rude intelectualmente falando, tão
desprotegido em direitos fundamentais, que as pessoas (milhões), em todas as
camadas, grupos, famílias, estratos, classe sociais, são levadas a “escolher”
entre a Ciência, a verificação real dos fatos, e a negação da vida, as mentiras
mais insanas, surreais, pueris.
Está tão
complicado esse momento que (hoje) adultos creem ou defendem “teses”, diagnósticos
e prognósticos, que, comparativamente há duas décadas (ontem), essas tais teses
são “pensamentos” que fariam as crianças mais novas darem muita risada. Ninguém
mais sabe o que são prolegômenos ou epistemologia, mas com certeza são aceitas
as suas piores apostas negativas.
Ninguém
mais sabe o que é Estado de Direito, a Polis, o Processo Civilizatório, o
significado de vida pública, a democracia, o humanismo, a emancipação e a
inclusão, a prudência, o equilíbrio ético, a isonomia, e muito menos a
equidade. A questão, no fundo, é que isto é uma realidade provocada – para o benefício
do poder abusivo, do capital que dissolve as carnes e a esperança dos mais
pobres, dos trabalhadores, da mulher negra (no limite extremo da exclusão).
Esse
encontro do barbarismo social, do escravismo renitente no Brasil, com as
práticas fascistas, nojentas, violentas, genocidas deste breve século XXI, não
é uma casualidade – nada é à toa. Em nosso país, a cultura do desprezo e do
ódio social é uma causalidade: somos filhos e filhas de uma miscigenação
construída com abusos e estupros massificados.
Nada será
por acaso, em termos do que possa ser pior para nós. Sem dúvida, somos uma
continência de causas e de efeitos, não há o acaso em nossos defeitos, uma vez
que somos intenções, ações e consequências.
Por isso,
também, temos a pretensão de elevar nosso conhecimento acerca dos fatos que nos
rodeiam – como demonstrativo das mais graves violações dos Direitos Humanos –,
em consonância com os conceitos, as teorias, os elementos analíticos que nos
permitem chegar a uma conclusão.
E qual
seria essa conclusão?
Só há uma
escolha possível, logo, só haverá uma conclusão lógica: defenderemos os
Direitos Humanos, a democracia, os valores humanos, a dignidade humana, em
todos os nossos dias, em todas as nossas reflexões e práticas.
Nós
escolhemos os Direitos Humanos porque é o que manda a lógica e a lógica nos
manda escolher o que possa haver de melhor para todos nós, isto é, escolhemos conscientemente,
racionalmente, o único caminho possível:
--
Escolhemos os Direitos Humanos.
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