Terça-feira, 8 de novembro de 2022 - 11h38
Muito antes da posse de Lula, em 1º de janeiro de 2023, os problemas e desafios já se acumulam e ameaçam a governabilidade. Além do óbvio que será gerir mais de dez partidos políticos em disputa agora mesmo, entre si, por cargos, o Centrão estará no miolo do Congresso Nacional. O Centrão é o maior protagonista de todas as mazelas que colhemos de 2016 a 2022: do Golpe de Estado à posse do Fascismo Nacional em 2018 e que ainda faz e fará estragos – mesmo depois de 2023. O Centrão, vale lembrar, é o espelho político do país, afinal todos foram eleitos – de nada serve demonizá-lo, sem que se demonize o sufrágio eleitoral que o empossou.
Pensando nisso, cabe indagar como será o posicionamento das forças políticas que garantiram a eleição de Lula, e em disputa desde que se articularam na campanha. Vejamos outro exemplo: fundamental na mobilização das redes sociais, conduzindo a campanha para a política digital, levando as propostas para além da bolha, qual será o papel de Janones daqui por diante?
Quanto aos acertos internos, em disputa por cargos públicos, ministérios e milhares de postos no 2º e no 3º escalão – só no governo federal –, representativos dos seus partidos, dos interesses regionais e dos seus próprios, alguns nomes já se destacam pela nacionalização de sua representação. Já se “cacifaram” para além de suas bolhas: Simone Tebet, obviamente, pelo centro conservador (reacionário, em pautas sociais); Tarcísio, eleito governador de São Paulo, como digno expoente da ultradireita nacional de caráter fascista; Marina se reposicionou na esquerda ambientalistal, mas resta saber até onde irá dentro da colcha de retalhos institucionais de 2023; Haddad, mesmo derrotado em SP, é o principal quadro político (e intelectual) do PT, de 2022; Boulos, o mais votado por SP para a Câmara Federal, certamente ganhará protagonismo e super exposição nacional, à frente do PSOL. E então, a campanha de 2026 já começou ou não?
Ciro Gomes é dos maiores derrotados de 2022 – ele se auto-descredenciou como liderança. Bolsonaro corre o risco de estar inelegível, ou até mesmo preso. A questão aqui é saber até onde pode alcançar a “longa manus” de Haia, caso a justiça brasileira procrastine demais os inúmeros feitos do governo, o menos republicano da nossa história.
Para além disso tudo, é preciso não esquecer que entre 30% e 40% dos eleitores (pra não dizer da população) estão alinhados aos requisitos fascistas: racismo, criação de inimigos internos, xenofobia, misoginia, crenças religiosas alucinadas, aposta na violência física e no armamentismo, depreciação do conhecimento (especialmente das universidades públicas), negacionismo (movimentos anti ciência), elitismo (pela recusa no cumprimento dos direitos trabalhistas), anti ambientalismo (em adoração ao Bezerro de Ouro), capacitismo (na incapacidade de aceitar as diferenças e inibir as desigualdades), apego ao irracionalismo e obscurantismo de toda sorte (pelo não reconhecimento do Iluminismo).
Como reverter ou ao menos pensar em saídas possíveis e razoáveis, no sentido mais popular e social das proposições?
A lista seria imensa, porém, destacamos algumas em face do realismo político e conjuntural: manter ativos os movimentos sociais, populares, sindicais – a militância pode mudar o tom, por mais Justiça Social, no entanto, não pode ser capturada pela promessa de estabilidade institucional (na política real, a “Expectativa do Direito” não existe); as representações sociais, políticas, sindicais não podem ser capturadas por instâncias administrativas (cargos, por exemplo), exatamente, para que não se repita o período logo anterior a 2016, com a desarticulação dos movimentos de resistência; deveria haver uma aposta na Educação Pública – notadamente, a partir dos 12 anos – com vistas a se formar uma geração inteira de eleitores e eleitoras, visando 2026.
Neste formato ou proposta, a Educação Pública deveria embarcar de vez em metodologias inclusivas, emancipatórias, participativas – Paulo Freire segue sendo a principal referência. O que nos leva diretamente ao cerne do Ideal da Educação Pública, desde o Iluminismo: como real Educação Política, cidadã, esclarecida, laica, desmilitarizada. A investigação científica teria uma abordagem qualitativa, de natureza teórica e prática, com objetivos descritivos e explicativos – por meio de uma revisão bibliográfica que “espancasse as teorias conspiratórias”.
Na prática, teríamos prospecção e crítica – inclusive aos limites do Iluminismo. Mas, como criticar sem saber sequer o que é o Iluminismo?
Seremos capazes disso tudo? Aliás, como será a “Geringonça do Lula” a partir de 2023? Em breve, as respostas.
A história é a nossa mestre.
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