Sábado, 3 de agosto de 2024 - 12h13
Nosso primeiro ouro nas
Olimpíadas de 2024 veio com a garra de uma mulher negra. Não poderia haver
simbolismo e conquista maior, nesta infindável sociedade patriarcal, machista,
que é a nossa. A judoca Beatriz Souza já está inscrita, faz parte, da justiça
histórica brasileira – que também é poética, como “sinal” de um bom, justo e
belo “Elogio à mulher”. Especialmente, diante do machismo de corte racista: num
cenário catastrófico da “misoginia classista”.
Isso que escrevo hoje, esse
Elogio à mulher (sem aspas, porque é radicalmente verdadeiro), traz muitas
memórias da minha casa, da minha criação, da minha mãe especialmente. Como a
imensa maioria das mulheres brasileiras, minha mãe foi guerreira até o último
respiro. Os suspiros foram e são nossos, desde sua partida.
Meu Elogio hoje tem, para mim,
o passado e o presente.
Nesse presente, mas do ano
passado, me alinhei (e ainda estou nessa linha) a quem defendia a indicação de
uma mulher negra ao Supremo Tribunal Federal (STF). É óbvio que seria uma
jurista que se reportasse a todos os quesitos técnicos e intelectuais que a
própria lei exige. Nem falo disso porque é óbvio demais.
Porém, como sabem, a pauta
dessa luta política pela afirmação do direito da mulher negra – notadamente nas
hostes do poder que pode mudar a vida de milhares, milhões de outras mulheres
negras – foi derrotada.
O indicado, como sabemos, foi
um homem branco, formado em “elite”, rico – de certa forma. Pois bem, são águas
passadas; mas que, ao menos, essas águas passadas possam, no futuro próximo,
mover nosso moinho para outra direção.
Que possamos aprender com os
erros dos outros (a não indicação de uma mulher negra ao STF) e, com isso,
possamos aprender a sermos menos machistas. Lembrando-se que, sob a sociedade
patriarcal (quase a mesma dos séculos XVII, XVIII), nós somos machistas. A
questão também não é negar essa obviedade, porém, investir no aprendizado
diário, vigilante (autocrítica), para que, sobretudo, as meninas negras não
sofram o massacre que suas mães negras ainda sofrem.
A mulher negra no STF seria
decisiva nessa curvatura de nossa história, racista e machista. Não foi.
Mas, que a Bia Souza seja um
enorme presente a quem luta contra o racismo e o machismo, que essa medalha de
ouro seja o melhor Elogio às mulheres brasileiras, que todas as mulheres
condenem o machismo, o racismo, a misoginia, o feminicídio.
E que esse meu singelo Elogio
à mulher (notadamente a mulher negra) sirva de autoaprendizado a alguém, assim
como está servindo para minha autocrítica.
Que meu Elogio à mulher estimule
muitos outros, outras, a produzirem seus manifestos, muitos outros Elogios à
mulher, e que digam um basta cada vez mais alto, decisivo.
Que esse Elogio à mulher
arrebate você.
A ciência que não muda só se repete, na mesmice, na cópia, no óbvio e no mercadológico – e parece inadequado, por definição, falar-se em ciência nes
A Educação Constitucional do Prof. Vinício Carrilho Martinez
Introdução Neste texto é realizada uma leitura do livro “Educação constitucional: educação pela Constituição de 1988” de autoria do Prof. Dr. Viníci
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