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Vinício Carrilho

Estado Reativo no Brasil


Estado Reativo no Brasil  - Gente de Opinião

O atual Estado Burguês tem uma simetria com o Estado Moderno (povo, território, soberania) em "luta acesa" por sobrevivência e reconhecimento (existência efetiva, legislação) na chamada pós-modernidade, em um contexto de dissolução, perda de significação, insolvência social: defronte ao poder disruptivo das Big Techs. Ao passo em que, contraditoriamente, é ator e beneficiário de sua digestão institucional.

Na forma do capitalismo de dados, transforma-se em plena contradição, lucrando com o fim de sua soberania, mas que é muito lucrativa para o Estado Rentista. O maior rentista em Portugal e no Brasil é o Estado.

Em compasso a isso, vivemos uma Democracia Reativa, ainda em busca de desalojar o poder institucional do Fascismo e, ao mesmo tempo, reconstituir as bases de civilidade, do Estado Democrático de Direito e a dignidade do povo pobre e negro - significado de classe trabalhadora e de excluídos.

Nesta fase, estamos entre resistir e avançar: resistência a qualquer forma de retrocesso e avanço (recuperação e transformação institucional) no que é possível.

Nosso Estado Social, se e quando recuperado, não fará revolução (até porque as revoluções estatais já são desvirtuadas por natureza), porém, será indutor de possíveis grandes transformações sociais, inclusive, pagando as contas sociais por meio da arrecadação junto à Bolsa de Valores.

Neste "conflito existencial" entre a sobrevivência do Poder Público (institucionalidades do Estado Moderno) e o rentismo estatal, não há bala de prata no bojo da economia recessiva, especialmente sob as condições da inflação de crédito: a mesma que alimenta o Estado Rentista.

Sob o rentismo condicionado à Democracia Reativa, o Estado Social é o Estado Burguês que aporta na dignidade humana - ainda que participe da sua exploração, na origem da mais valia.

No Brasil, o Estado Rentista não corresponde à suposta "revolução burguesa" da década de 1930, muito menos à criação do Banco do Brasil (o ícone atual, somando-se à Petrobrás: ícones da soberania nacional), nem mesmo da Caixa Econômica Federal (financista social); esse prisma pertence à inauguração da Bolsa de Valores no Brasil.

Isso seria uma refundação do nosso Estado Burguês?

A Democracia Reativa, em 2023, será outra referência do capital especulativo, será uma contraditória impulsão social?

Se, por definição, é um capitalismo disruptivo poderá ser reativo a fim de restaurar as condições de sociedade da véspera de 2016?

Não é muita contradição para um dia só?

Atuar para a dissolução do Poder Público (solvência de soberania) e revigorar-se com enormes rendimentos especulativos (a serem socializados) é uma marca esquizofrênica do capital ou transmutação do Estado Moderno resiliente?

Ou as duas coisas?

O Estado brasileiro é o maior queixoso da Taxa Selic (exponencial dívida pública), tanto quanto é seu maior acionista.

Nessa ponta da contradição, nossas estatais listadas na bolsa rivalizam com as Big Techs: remédio e veneno no mesmo ticket.

Definitivamente, a capacidade social do Estado Rentista não está nos manuais, sequer nas mais visionárias Teorias Materialistas do Estado.

Sob o rentismo, o Estado Moderno é trader de si mesmo, numa revolução intestina pode abrigar o imposto único, desde que siga o fluxo dos múltiplos rendimentos.

Em 2022 serviu à compra de votos, em 2023 socorreu os Yanomami.

Em 2023, sob o rentismo lastreado na Selic, na Inteligência Artificial da especulação financeira e na Democracia reconstitutiva das institucionalidades, o Estado Burguês é reativo às necessidades de sociabilidade e inteligência social.

Realmente, o Brasil não é para amadores ou sonhadores.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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