Segunda-feira, 4 de março de 2024 - 08h25
O Brasil realmente é insuperável, para o bem e
para o espanto. Esta crônica irá te provar que O metafísico e o “douto em
liberalices” são carne e unha (encravada na memória escura da cultura
nacional).
Como
se sabe, O metafísico ainda não convalidou (no Brasil) o diploma de bacharel em
Direito, conseguido a duras penas lá no Reino de Nárnia. Então, isso o incomoda
bastante. Contudo, hoje vou contar algumas de suas lembranças. É o que ele diz
e até escreveu já, para um correligionário.
Certa vez, numa amizade que se julgava
improvável até então, O metafísico (também é um título nobiliárquico em Nárnia)
encontrou outro “douto em liberalices”, nas terras baixas do Brasil e, de
conversa em conversa, estreitaram laços íntimos.
Uma das mais “brilhantes peças”
construída por ambos, dizia que – em nome da liberdade – é direito fundamental
promover e difundir todas as opiniões que povoam a cabeça dos seres, inclusive
ou especialmente, nas redes sociais. Nessa “brilhante tese”, ambos produziram e
professaram o que chamavam de o “Direito de ser racista/nazista”.
O “douto em liberalices” passou a
difundir essa preciosa pérola jurídica nacional – o Brasil fazia seu ingresso na
melhor produção literária e jurídica com esse douto, e isso foi lá em meados de
2021, quando todo mundo lembra muito bem o que acontecia por aqui.
Num resumo bem simples, nós advogamos
que tal pressuposição era estapafúrdia (digo nós porque foram muitas vozes em
contrário). Questionamos, levamos o “falso dilema liberaloide em ser ou não ser
nazista” (coitado de Hamlet), e escrevemos linhas em conjunto, publicamos e
demos-lhe o direito ao contraditório. Isso não é um presente, pois, esse sim é
um direito fundamental inexistente sob o nazismo.
O “douto em liberalices”, ao menos que
eu saiba, não publicou sua pérola jurídica cultivada, em mares bravios e
poluídos, como contraponto. Afinal, na democracia (ou o que restou dela) ainda
há o direito à réplica, o direito de se apresentar e desdizer o que outros
disseram e não lhe agrada. No nazismo, ao contrário, as vozes dissonantes não
são apenas caladas, são exterminadas.
Também dissemos isso ao “douto em
liberalices”, como argumento (fatal) de que a ninguém cabe o direito de negar o
Outro: como é o curso notório (óbvio) na condução do pensamento nazista – e que
sobreviveu e saiu das cinzas no século XXI. Ou seja, não existe um racista,
nazista, “direito de extermínio” ou genocídio – a gente sabe perfeitamente porque
O metafísico não entendeu isso, mas ninguém esperava (até então) que um douto
não fosse capaz de ver o óbvio.
Não se sabe se o “douto em liberalices”
fez autocrítica, também não se sabe se chegou a se prontificar como “douto
defensor das liberalices de Milei”. O presidente argentino, porta-voz de um
tipo de “anarcocapitalismo”, certamente ficaria agradecido com tamanha astúcia
em suas fileiras de defensores ideológicos e teratológicos , com esse porte,
com tantos “dotes” inomináveis.
Talvez o próprio “douto em liberalices”
nos conte algum dia, se, de fato, ombreando a capacidade dos seus críticos, faça
essa defesa pública do tal “direito de ser nazista” e se chegou a fazer uma
incursão na pátria dos Hermanos – que tanto sofrem com as medidas jurídicas,
econômicas, sociais, institucionais, nos últimos tempos.
Talvez seu amigo, O metafísico, traga
essa notícia. Talvez nos conte mais detalhes desse convívio maluco de
irracionalidades – essas construções teratológicas do nazismo e que propuseram
em “defesa da democracia”.
A mim, nada espanta, mas há outros
colegas de melhor coração (do que o meu), esses sim, ainda podem ficar
espantados com as proezas do “douto em liberalices”.
No fundo, penso que são amigos de
carteirinha – só não contaram a verdade.
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