Sábado, 16 de março de 2024 - 09h30
Sim, é isso mesmo que você leu no título,
podemos afirmar com absoluta certeza que O metafísico escreveu aquela pérola de
minuta do golpe – ou tentativa, porque falhou. Ainda que tenha reverberado no 8
de janeiro, O metafísico agiu como o próprio jurisconsulto (o jurista que
“ilumina” o poder).
A história não vingou, mas O
metafísico segue firme e forte, em sua firma do golpe, seus pensamentos
desafiam Descartes. Aliás, um amigo me disse que O metafísico, em sua condição
cognitiva atual consegue “descartar Descartes”. Seria mais ou menos como
superar a lógica, implantando um novo pensamento livre de qualquer amarra.
Foi assim que O metafísico, ao
construir a minuta de golpe que seria decretado entre 2022/2023 (daí o 8 de
janeiro), provou seus dois principais pontos e baluartes: 1. A quebra da
moralidade pública (no tempo em que ele e seus comandantes foram o “governo
pensante”) justificaria a quebra institucional, ou seja, o golpe; 2. Quando a
legalidade é inferior à “inteligência superior da metafísica do poder”
(incluindo-se aí as “quatro linhas tortas da Constituição” que queriam
revogar), aplique-se a ilegalidade, isto é, faça-se o golpe contra todas as
leis e princípios que lhe negam validade.
Nessa mirabolante peça
jurídica, em sua inteligência superior, O metafísico foi tão superior que conseguiu
provar que o Direito agiria para fortificar o anti-direito. O metafísico,
jurisconsulto que ainda tenta convalidar o diploma de Direito conseguido em
Nárnia, provou a seus asseclas, comandantes e clientes que “um crime pode
justificar outro e, além disso, absolvê-lo com recompensas”.
Nessa tese magistral, O
metafísico mandou descartar definitivamente Descartes: um dos filósofos do
Positivismo. O crime que absolve o criminoso!!! – veja só, que coisa fabulosa
de um ser metafísico, legítimo hospedeiro de Nárnia. O golpe que é autogolpe,
após a confissão da “quebra da moralidade pública” (porque eles eram o governo),
seria o emplacamento do melhor direito premial de Nárnia. Se bem que, nem em
Nárnia houve um Rui Barbosa como esse, nunca se imaginou tamanha inteligência
superior. Podem fechar Haia!! – é o que respinga do pensamento narniano do
metafísico.
Nenhuma parte, nenhuma peça,
nenhum item, nada pode ser removido dessa minuta – que termina saldando “as
quatro linhas da Constituição” –, e nada será maior do que essa lógica
jurisconsulta: a quebra do próprio Princípio da Moralidade – no seu tempo de
poder, a legalidade que não os serve, a lógica que não os atende, a constitucionalidade
que os desafia, a unicidade entre República, democracia e cidadania que não satisfaz,
tudo deve ser revogado para que um todo maior possa prosperar. Desse modo, O
metafísico, para além de descartar Descartes, provou que, em nome das “quatro
linhas tortas da Constituição” (o todo antigo) devem surgir novas
interpretações dessa mesma Constituição, alegadamente torta, e assim, as partes
removidas da lógica deveriam alimentar o novo: o próprio golpe.
Com a feitura dessa minuta, de
inteligência superior (no padrão da logística da denominada “inteligência
militar”), O metafísico também deverá interpor novo recurso para homologar seu
diploma de Nárnia.
Seu argumento dessa vez deverá
alegar que não precisamos de lógica nenhuma para autenticar uma “verdadeira
peça jurídica” e que, sendo ele o artífice dessa engenhosidade (que nos faz
ficar vermelhos) não teria que provar mais nada, a ninguém, quanto aos seus
dotes jurídicos.
Em seu recanto, sua mais nova
propriedade, O metafísico está sentido regularmente o “perfume de estrume”,
pois, como criador de gado (e essencialmente identificado com esses animais), O
metafísico já comemora seus feitos, com o cheiro e tudo que vem da
churrasqueira: de tanta felicidade, o odor do enxofre sai até pelas orelhas do
metafísico.
O princípio ativo de sua
inteligência superior já o levou a pensar ou sonhar com o Nosferatu – talvez
ele nem saiba, mas deve ter rolado algum clima, no sonambulismo das ideias
metafísicas magistrais. Há muito hormônio envolvido...
Ia dizer que é para poucos ter
uma ideia brilhante como esta, “o crime que absolve o criminoso e o recompensa”,
porém, não são tão poucos os que creem e praticam o direito construído em
Nárnia.
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