Domingo, 25 de agosto de 2024 - 08h15
Quando
o metafísico voltou a estudar ele se deparou com sérios problemas, pois a
Academia de Ciências de Nárnia estava em vias de profunda reformulação ou
extinção. Dizer que o metafísico “voltou a estudar” é uma licença poética, um
malabarismo para que quem nos lê possa entender o sofrimento desse indivíduo.
Porque, essencialmente, o metafísico não sabe conjugar o verbo “estudar” –
apesar de emitir opiniões sobre tudo.
A
primeira aula do metafísico, desse retorno de quem não foi pra aula, trazia uma
profunda questão entre Ética e consciência – que sintetizamos aqui no conceito
de Ciência senciente: uma Ciência consciente dos seus males. Mais à frente
ficará bastante claro.
Pois
bem, assim iniciou o professor do metafísico:
–
É interessante lembrar que existem muitos animais sencientes e que apenas o ser
humano é capaz de torturar, ridicularizar, massacrar outros animais, da mesma
espécie ou de outras, por prazer ou lucro de algum tipo. Há ainda os abusadores
de animais ou que se “sentem em paz” quando veem pessoas e animais vivendo na
rua.
Por
esse caminho, o sadismo se associa à psicopatia ou sociopatia e todas as suas
variáveis de indiferença à dor, ao sofrimento, à angústia humana – como a fome,
a miséria, o abandono, a indignidade humana. É o cinismo de todo gênero em
pleno funcionamento.
Também
é interessante lembrar de Umberto Eco quando nos avisava sobre a “invasão dos
imbecis[1]”, além da “burrice solene”
(Nelson Rodrigues e tantos outros) que está na soleira de cada porta ou na
palma de cada mão ocupada por celulares plugados em redes antissociais e
comediantes de si mesmas.
Ainda
é interessante recobrar a lembrança sobre o fato de que senciente provém de Sentiens
– sentir em latim. Isto é, para tipos como o metafísico, sentir a existência da
dor do Outro simplesmente é impossível, ineficaz ou invariavelmente nulo. É
esse o estágio de civilidade em que se encontram os indivíduos que
“naturalizam” (normalizam) o fato de animais e de humanos viverem nas ruas,
sofrerem, morrerem à mingua.
Nesta
rua da amargura, os sencientes não são humanos, pois estamos despersonalizados,
bestializados, “imbecilizados”, ao menos para o metafísico e sua maioria de
seguidores, a tal ponto que lhes é inevitável sentir prazer com o desprazer do
Outro.
Esses
imbecilizados – no sentido de já terem se apartado da inteligência social – são
incapacitados, inócuos, se lembrarmos que qualquer sociedade funcional
necessita de seres sociais habilitados ao convívio social. O contrário da
invasão dos imbecis estaria no revigoramento da capacidade senciente.
E
ainda é curioso, interessante, lembrar que a Ciência depende disso ou se
projeta em humanos sencientes – uma Ciência que vê as pessoas, a dignidade
humana. Uma Ciência consciente é uma Ciência senciente, capaz de sentir e de
priorizar os sentimentos e os sentidos que interessam à humanidade.
Quantos
pseudocientistas se aplicaram no DOI-CODI da ditadura pós-1964? Quantos pseudo-médicos
ainda se voluntariam para negar a pandemia do Coronavírus e a totalidade das
vacinas? Quantos pseudocientistas das Ciências Humanas se dedicam a
desacreditar a si mesmos, negando-se a ver o óbvio que despersonaliza a
sociedade brasileira? Aliás, para esses em particular, o óbvio é tão ululante
que sequer saberiam dizer que obviedades são essas que estamos escrevendo sobre
a realidade brasileira.
E
os “pseudocientistas juristas”, os antigos e os novos negacionistas da
aceitação e cumprimento dos Direitos Humanos, dos direitos fundamentais? Esses
nem sabem diferenciar as nomenclaturas que utilizamos e assim, alegremente
imbecilizados pelo capital e pelas Fake News, negam e violam qualquer noção
básica de Justiça Social.
Por
fim, mas, não menos interessante, é super interessante vermos como crescem os
pseudocientistas que agora nem precisam mais consultar o “Dr. Google” para
emitir pareces médicos, sociais ou jurídicos. A imbecilização de que falou
Umberto Eco se massificou, corre feito sangue nas artérias das redes antissociais.
Por
último mesmo, não poderíamos esquecer dos “jovens pseudocientistas” que, além
de imbecilizados, são também infantilizados – adoradores de joguinhos em todas
as horas. Antigamente se dizia que carregam consigo um certo “kit babaca”,
altamente conectado com todos os mundos fora da Terra e dos problemas reais.
Neste
momento o professor do metafísico se encaminhou para o final da aula:
–Se
o século XXI tem muitas coisas interessantes, é preciso lembrar, tem também
essas tantas imbecilidades mais do que interessantes.
–
Nosso planeta não será visitado e muito menos colonizado, porque há imbecis
demais. Nenhum ser senciente os aguenta, o que dirá o navegante de algum lugar
que não seja Nárnia.
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