Quinta-feira, 14 de novembro de 2024 - 15h00
O
que o terrorista faz, primordialmente?
Provoca
terror - que se manifesta nos sentimentos primordiais, os mais antigos e
soterrados da humanidade quando os antepassados lutavam contra feras, como é o
medo e a sobrevivência.
Hobbes
falava do "medo à morte violenta".
A
fera simbolizada por Hobbes era um enorme crocodilo do Nilo, pesando mais de
uma tonelada. (Livro de Jó, capítulo 41, e no Livro de Isaías, capítulo 27):
1 Poderás tirar com anzol
o leviatã[1],
ou ligarás a sua língua com uma corda?
2 Podes pôr um anzol no
seu nariz, ou com um gancho furar a sua queixada?
3 Porventura multiplicará
as súplicas para contigo, ou brandamente falará?
4 Fará ele aliança
contigo, ou o tomarás tu por servo para sempre?
5 Brincarás com ele, como
se fora um passarinho, ou o prenderás para tuas meninas?
8 Põe a tua mão sobre
ele, lembra-te da peleja, e nunca mais tal intentarás.
9 Eis que é vã a
esperança de apanhá-lo; pois não será o homem derrubado só ao vê-lo?
10 Ninguém há tão
atrevido, que a despertá-lo se atreva; quem, pois, é aquele que ousa erguer-se
diante de mim?
18 Cada um dos seus
espirros faz resplandecer a luz, e os seus olhos são como as pálpebras da alva[2].
19 Da sua boca saem
tochas; faíscas de fogo saltam dela.
20 Das suas narinas
procede fumaça, como de uma panela fervente, ou de uma grande caldeira.
21 O seu hálito faz
incender os carvões; e da sua boca sai chama.
22 No seu pescoço reside a
força; diante dele até a tristeza salta de prazer.
23 Os músculos da sua
carne estão pegados entre si; cada um está firme nele, e nenhum se move.
24 O seu coração é firme
como uma pedra e firme como a mó de baixo.
25 Levantando-se ele,
tremem os valentes; em razão dos seus abalos se purificam.
26 Se alguém lhe tocar com
a espada, essa não poderá penetrar, nem lança, dardo ou flecha.
27 Ele considera o ferro
como palha, e o cobre como pau podre.
28 A seta o não fará
fugir; as pedras das fundas se lhe tornam em restolho.
29 As pedras atiradas são
para ele como arestas, e ri-se do brandir da lança;
30 Debaixo de si tem
conchas pontiagudas; estende-se sobre coisas pontiagudas como na lama.
33 Na terra não há coisa
que se lhe possa comparar, pois foi feito para estar sem pavor.
Essa
descrição ilustra uma das principais justificativas à unidade de poder:
soberania ou absolutismo. Uma desculpa, justificativa, para o Estado existir -
chamada Razão de Estado.
Não
é à toa que o discurso e as práticas políticas atuais tendem à autocracia, ao
autoritarismo.
Provocar
o medo (com terrorismo) e vender a solução do messianismo com absolutismo. Essa
é a receita.
É
a força que comove "o espírito e o corpo" das pessoas. Ninguém quer
morrer, a não ser o terrorista suicida que se explode em "benefício da
humanidade" (sic).
Se
fosse um "suicida do bem", como policiais, bombeiros e pais que
morrem defendendo suas famílias ou qualquer membro da sociedade (estrito
cumprimento do dever legal), no dizer de Durkhein, estariam presentes os
elementos do "suicídio altruísta". Desconfio que até o espiritismo faça
essa distinção.
No
caso de Brasília, entre terrorismo político e loucura, parece haver uma mistura
espúria de "suicídio egoísta" e "suicídio anômico".
De
qualquer modo, não é difícil imaginar que outros vão tentar o mesmo caminho
desse indivíduo de Brasília.
Pois
é a receita que está na mesa: terrorismo político.
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