Terça-feira, 24 de setembro de 2024 - 07h27
O
metafísico é aquele advogado de Nárnia, todo mundo conhece, que, obviamente, é
contrário aos Direitos Humanos – todo mundo se lembra do discurso como orador na
sua formatura no curso de Antidireito, ao proclamar que “os Direitos Humanos
não são direitos fundamentais e, portanto, não prestam para nada e devem ser
removidos do ordenamento jurídico” (sic). Até agora, quando escrevo, o
metafísico “acha” que fez uma Súmula Vinculante, ou seja, que vinculou a Terra
à Nárnia. E, é claro, com vigência imediata, ab ovo.
Essa
parte é melhor nem analisarmos hoje, porque o quadro de depressão global já é
bem evidente. Outro dia veremos o que significa a pérola do metafísico, ao
proclamar, como Oráculo, a inexistência dos Direitos Humanos.
Hoje
temos uma história ainda mais curiosa, se é que é possível. Hoje vamos
relembrar a passagem em que o metafísico julgou ter encontrado alguém à sua
altura, para um desafio de trovas, pérolas, e coisas como: “Nesse rio passam
águas que esse rio não beberá”. É incrivelmente metafísica essa expressão de
sabedoria narniana do metafísico.
Nesse
belo dia (sim, os dias ainda são belos), o metafísico se propôs a declamar suas
pérolas de preciosa sabedoria milenar, para além das “margens do rio que o
comprimem”. Isso não foi o metafísico quem falou, foi um pensador de verdade
(Brecht).
Pois
bem, na primeira tirada, o seu oponente – um desconhecido da moralidade pública
apelidado pelos fãs de Don Pablito Boçal – o tirou para dançar na primeira
emenda. Foi curto e grosso: “Metafísico, você é um verme de jardim”. O
metafísico quis retrucar, pedindo regras de civilidade, mas o boçalito (para os
mais chegados) mandou outra: “Metafísico, até sua mãe o condenou pela burrice,
você foi deserdado”.
Nessa
hora o metafísico – que até então se pensava como um ser de mistura perfeita
entre substantivo e propriedades, um verdadeiro “nome próprio” (O Metafísico) –
foi às lonas. Na hora sentiu raiva, ódio, quis matar e morrer. Aí alguns dias
se passaram e o metafísico caiu na real: virou fã incondicional. Amava de
paixão o Pablito Boçal – mantinha uma relação platônica, mas profunda.
O
metafísico passou a pesquisar sobre a vida de Don Pablito, ou boçalito, e logo
descobriu que esse indivíduo é o fundador de uma seita. Sim, uma seita no
melhor estilo brasileiro – uma tipologia brasilis impecável. É a nossa “nata do
leite C”.
Procurando
mais um pouco, o metafísico (agora mais do que apaixonado) revirou todas as
latas de lixo da história até encontrar o manifesto de alguém que procurou
entender o Don Pablito Boçalito.
O
produto é curto, porém, pode ser revelador, e como uma tentativa de análise tinha
o seguinte título: “Sociologia do Botequim do metafísico”. Como assim, pensou o
metafísico – esse escritor já me conhecia?
Depois
vinha uma conclusão antecipada: “Nesse Botequim do Zé ruela só tem otário,
ganhando mais do que todos nós nas redes antissociais e dizendo: ‘O que se
espera, quando se está esperando? 'Mim ajuda".
Em
seguida, no início da análise dizia-se mais ou menos assim:
“Não
é só uma vigarice do lamaçal, é um padrão. Um padrão cultural criado por Don
Pablito Boçal – o grão líder dos Lamaçais”.
E
discorria: “São milhões de seguidores, eleitores, no mesmo padrão cultural. São
portadores das mesmas crenças nas chagas que atingem todas as classes sociais,
cada uma com a sua especificidade mórbida.
Alguém
apelidou de ’lumpemburguesia’, todavia, nesse caso não se enquadra, pois o
lamaçal tem fãs em todas as classes sociais – do lumpem à burguesia.
O
traço cultural que os une é um tipo de brasilidade, de levar vantagem em tudo:
a par da interpretação literal da propaganda de cigarros do Gérson. É a
expressão da vigarice na face do Miguelito, do Zé ruela.
O
traço cultural de união entre os fãs da vigarice é o apreço pela ascensão dessa
mesma vigarice, com efetivo e efetividade social. É um conceito da
dialética negativa, mas é.
É
aquilo que, em outras palavras, Sérgio Buarque de Holanda chamou de
Cordialidade.
Essa
Cordialidade é tão vigarista que o lamaçal provocou até tomar porrada e ficar
descadeirado.
Antigamente
se dizia que o vigarista no estágio de lamaçal (o que dá nó em pingo d'água) é
o cara que rouba a mistura da mãe. Aliás, houve outro personagem (Bozo) que já
fez isso. Naquela época se falava de um chorume político, hoje tratamos de
um lamaçal de chorumes procriados. Antes era um fenômeno político, atualmente é
uma escatologia social, um escombro sociológico.
Em
todo caso, não deixa de ser hilário que o ícone dos picaretas lamacentos tenha
levado uma cadeirada”.
E
fechava: “Don Pablito Boçal, rei dos Lamaçais, representa idealmente todos os
vigaristas do lamaçal brasileiro. Na forma de tipo social podemos designar
simplesmente como ‘Os Lamaçais’. O tipo social dos Lamaçais reúne
características da burguesia brasileira (a ignorância da plutocracia) e o nível
de um subsolo alagado pelo chorume do lumpem”.
Por
fim, a análise trazia uma súmula: “Don Pablito Boçal é a síntese, o sumo, a
essência encarnada, a verdade escarrada de um tipo social. Esses são os
Lamaçais!”.
De
minha parte, concluo a partir da exponenciação de certa depressão cívica (sendo
cínica, por sua natureza depravada), porque, se não bastassem os chacais, agora
temos Os Lamaçais. Não é fácil, não.
Talvez
seja por isso que dizem por aí não fazer bem para a saúde escrever coisas como
a “sociologia do botequim”. E não é que é verdade? Vai que alguém me joga uma
cadeira...
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