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Vinício Carrilho

Por onde anda O metafísico?


Por onde anda O metafísico? - Gente de Opinião

         Há que se lembrar que a referência d’O metafísico, escrita em caixa alta, refere-se a um empoderamento (para usar uma palavra da moda) lá no Reino de Nárnia. Porém, ocorre que o dileto símbolo também foi atribuído a um douto advogado brasileiro – O metafísico, advogado, dizem, é douto em paralelismos entre o formato ovoide e a Terra Plana. Agora, não posso afirmar que seja um dos oradores para pneu Michelin vazio, furado, furtado. É bem possível ou provável, porque também deve usar um capacete de alumínio.

         Mas, a pergunta de hoje – Por onde anda O metafísico? – vai além ou confirma esse status de douto em assuntos de alumínio. Particularmente, penso, com quase certeza, que O metafísico esteve na Avenida Paulista, no dia 25 de fevereiro. Ia fazer uma brincadeira, perguntar se foi até à rua 25 de Março – a mais importante rua do comércio popular paulista (quiçá do Brasil) –, no entanto, o assunto é sério: que fim levou O metafísico?

         Até onde se sabe, não está nos processos sobre o 8 de janeiro, lá no STF (Supremo Tribunal Federal). Não afirmo que está em algum desses processos, tanto quanto não aposto que não esteja.

         Em todo caso, é sabido que O metafísico advoga a ideia (a brilhante tese) de que brandir uma minuta de golpe, assumir a intenção de decretar Estado de Sítio – que se seguiria de uma GLO (garantia de lei e ordem), além da interdição e prisão de ministros do STF, com o auxílio preditivo de forças especiais do Exército (os Kids Pretos) – não é crime. (contém ironia).

         Para esses advogados de Nárnia, só haveria crime se o golpe fosse dado, fosse vencedor. Ora pois, a lógica nos diz o oposto: quem der um golpe e vencer a peleja, por óbvio, não irá mover um processo de golpista contra si mesmo. Daí que a lei trate da tentativa de golpe – pois, se essa tentativa falhar, como é o caso, pode-se desvendar e punir a organização criminosa que tentou abolir o Estado Democrático de Direito. No golpe bem sucedido, o golpista vencedor dirá que é um redentor, como foi em 1964.

         As penas já atribuídas aos agentes do 8 de janeiro são elevadas porque há uma associação de crimes: alguns desses indivíduos, senão todos, também devem responder por um tipo penal especial: o de se organizarem para o cometimento de um crime: esse crime em si, destruir a praça dos Três Poderes, é a atividade-fim. Portanto, um crime é articulado (organização criminosa), e cometido, a fim de outro seja efetivado (golpe contra o Estado Democrático de Direito).

         Não vou listar aqui todos os crimes, até porque são muitos – como depredação do patrimônio público – mas, é fato que se O metafísico insistir na tese de que a reunião golpista preparatória (ora investigada) e o 8 de janeiro (a tentativa em si) não se ocupam de “cometimento de crime”, então, sinto muito, mas seu diploma deve ser anulado – o registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) deve ser aprisionado.

         O que nos levanta outra hipótese: será que o diploma e a Carteirinha da Ordem, d’O metafísico, são reais ou também fictícios? Será que fez as provas em Nárnia? Não sabia que há convalidação de diploma de Nárnia no Brasil, mas se houver, que O metafísico nos traga provas.

          Então, onde andará O metafísico? Em Nárnia ou na Paulista?

         Vocês viram que há (havia) uma lei do Império proibindo o traslado do gado pela Avenida Paulista? Será que O metafísico se confundiu com isso e fez provas contra si mesmo?

         Afinal, o mandante já assumiu publicamente ter manuseado a peça do golpe contra a República, a Federação e a Democracia. Nada mais me espanta, e é bem possível que O metafísico esteja produzindo provas para provar que não fez provas contra si mesmo: o cara comete um crime para esconder outro.

         Talvez O metafísico seja advogado do mandante. Quem sabe, né?

         A qualidade da defesa narniana indica que sim...

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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