Domingo, 3 de março de 2024 - 08h10
Há que se
lembrar que a referência d’O metafísico, escrita em caixa alta, refere-se a um
empoderamento (para usar uma palavra da moda) lá no Reino de Nárnia. Porém,
ocorre que o dileto símbolo também foi atribuído a um douto advogado brasileiro
– O metafísico, advogado, dizem, é douto em paralelismos entre o formato ovoide
e a Terra Plana. Agora, não posso afirmar que seja um dos oradores para pneu
Michelin vazio, furado, furtado. É bem possível ou provável, porque também deve
usar um capacete de alumínio.
Mas, a pergunta de hoje – Por onde anda
O metafísico? – vai além ou confirma esse status de douto em assuntos de
alumínio. Particularmente, penso, com quase certeza, que O metafísico esteve na
Avenida Paulista, no dia 25 de fevereiro. Ia fazer uma brincadeira, perguntar
se foi até à rua 25 de Março – a mais importante rua do comércio popular
paulista (quiçá do Brasil) –, no entanto, o assunto é sério: que fim levou O
metafísico?
Até onde se sabe, não está nos processos
sobre o 8 de janeiro, lá no STF (Supremo Tribunal Federal). Não afirmo que está
em algum desses processos, tanto quanto não aposto que não esteja.
Em todo caso, é sabido que O metafísico
advoga a ideia (a brilhante tese) de que brandir uma minuta de golpe, assumir a
intenção de decretar Estado de Sítio – que se seguiria de uma GLO (garantia de
lei e ordem), além da interdição e prisão de ministros do STF, com o auxílio
preditivo de forças especiais do Exército (os Kids Pretos) – não é crime.
(contém ironia).
Para esses advogados de Nárnia, só
haveria crime se o golpe fosse dado, fosse vencedor. Ora pois, a lógica nos diz
o oposto: quem der um golpe e vencer a peleja, por óbvio, não irá mover um
processo de golpista contra si mesmo. Daí que a lei trate da tentativa de golpe
– pois, se essa tentativa falhar, como é o caso, pode-se desvendar e punir a
organização criminosa que tentou abolir o Estado Democrático de Direito. No
golpe bem sucedido, o golpista vencedor dirá que é um redentor, como foi em
1964.
As penas já atribuídas aos agentes do 8
de janeiro são elevadas porque há uma associação de crimes: alguns desses
indivíduos, senão todos, também devem responder por um tipo penal especial: o
de se organizarem para o cometimento de um crime: esse crime em si, destruir a
praça dos Três Poderes, é a atividade-fim. Portanto, um crime é articulado
(organização criminosa), e cometido, a fim de outro seja efetivado (golpe
contra o Estado Democrático de Direito).
Não vou listar aqui todos os crimes,
até porque são muitos – como depredação do patrimônio público – mas, é fato que
se O metafísico insistir na tese de que a reunião golpista preparatória (ora
investigada) e o 8 de janeiro (a tentativa em si) não se ocupam de “cometimento
de crime”, então, sinto muito, mas seu diploma deve ser anulado – o registro na
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) deve ser aprisionado.
O que nos levanta outra hipótese: será
que o diploma e a Carteirinha da Ordem, d’O metafísico, são reais ou também
fictícios? Será que fez as provas em Nárnia? Não sabia que há convalidação de
diploma de Nárnia no Brasil, mas se houver, que O metafísico nos traga provas.
Então, onde andará O metafísico? Em
Nárnia ou na Paulista?
Vocês viram que há (havia) uma lei do
Império proibindo o traslado do gado pela Avenida Paulista? Será que O
metafísico se confundiu com isso e fez provas contra si mesmo?
Afinal, o mandante já assumiu
publicamente ter manuseado a peça do golpe contra a República, a Federação e a
Democracia. Nada mais me espanta, e é bem possível que O metafísico esteja
produzindo provas para provar que não fez provas contra si mesmo: o cara comete
um crime para esconder outro.
Talvez O metafísico seja advogado do
mandante. Quem sabe, né?
A qualidade da defesa narniana indica
que sim...
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