Sexta-feira, 20 de dezembro de 2024 - 18h33
A
ciência que não muda só se repete, na mesmice, na cópia, no óbvio e no
mercadológico – e parece inadequado, por definição, falar-se em ciência neste
caso (sequer de inovação). A ciência que não muda, também não emancipa – isso
também é óbvio. A ciência emancipada é equivalente da educação transformada, transformadora
(emancipadora). A educação que não muda é empoeirada – é sectária, mítica,
redentora. A educação emancipadora é sedutora, humanizada: é antissemita,
antissionista, antirracista, anticapitalista.
É
como se houvesse, e estivesse em funcionamento, um “saber militante” – mas, tratando-se
de um movimento de transformação que advém da própria lógica na construção do
argumento (como “lógica societal”), do conhecimento que se modela de alguma
forma em uma “epistemologia política”. Portanto, não se trata, neste caso, de
emancipação política, cultural, institucional nos moldes tradicionais como
entendemos a “militância” social, política, partidária.
Equivale
a dizer que o conhecimento construído a partir desta conexão com o real, com as
forças e com as formações propriamente sociais, históricas, econômicas
(sistêmicas) se transforma num caminho, em um empuxo diretivo de outra
racionalidade “agora colocada a postos da descompressão” (portanto, um saber
militante, e que milita pela ciência com consciência, e que é colaborativo de
uma epistemologia política capaz de transformar a sociedade, a realidade).
O
“conhecimento colaborativo” seria ele mesmo visionário e revolucionário. Esse
saber militante, essa outra epistemologia política, atuaria como um saber que
denuncia (“o que é e como está”) e pronuncia o dever-ser: um saber que se sabe
ter consciência do “que fazer” e do “como fazer”. isto, evidentemente, é uma
parte constante e emergente do “fazer-se política”. De modo mais explícito, o
saber militante assim se apresenta como recurso mental com profundos reflexos
sociais, e que são instigantes da memória social e da transformação política. O
saber militante é político (epistemologia política) e teleológico – do presente
ao futuro, e com domínio da história (denunciando-se, ainda, o revisionismo
histórico).
Teoricamente, pelo sentido imediato da
expressão, o conhecimento deve nos levar a conhecer, compreender, esclarecer
algo e, portanto, não pode obscurecer. Porém, também é claro que todo
conhecimento contém e expressa alguma conotação política, seja para guiar para
aqui ou para ali e, assim, não é neutro em nenhum sentido. De todo modo, o
saber militante é político na forma de esclarecer e guiar as ações, nortear a
reflexão acerca daquilo que se está prospectando ou de quem e como se avalia –
tem uma finalidade política que se “esclarece” de imediato, isto é, o sentido
está contido nas premissas, nas razões de ser, nos marcos que se estabeleceu
para dar prosseguimento às investigações, avaliações, ações daí decorrentes.
É
como se dissesse que a política (ou o potencial político) está na própria
definição, na escolha, no objeto a ser analisado: o recorte é político, pois
carrega a visão de mundo, o entendimento anterior ao que se propôs avaliar,
interpretar. Pela conclusão que é previsível, o objetivo do conhecimento é o
desvendamento, o desvelamento e aí está sua força política, na oferta de outro
entendimento – e que é capaz da transformação radical (na raiz dos fatos), uma
vez que conhecendo “como as coisas são” e “o que se quer”, sabe-se com mais
clareza “o que dever ser” e “o que fazer”.
Se
pensarmos que nenhum conhecimento terá real validação humanitária, se estiver
apartada da dignidade humana (por exemplo, exclusivamente, a serviço do
capital) surge natural a relação da ciência com os direitos humanos. Este seria
um objeto validável, a não ser que se separe a humanidade de sua própria
ciência – e esse é o repertório ético, digamos assim, do saber militante que se
constitui de um conhecimento político, isto é, uma epistemologia política
alinhada aos objetivos da descompressão social.
Levando-se
em consideração a negação, a obstrução, a opressão, a tese aderente à dignidade
humana é uma antítese, é a negação da negação, e, desse modo, é uma antítese ao
“atual estado de coisas”, ao status da negação. Como vemos, a tese é uma
afirmação da mudança e uma negação do estágio de negação que se apresenta.
O
que nos conduz ao significado mais amplo de que, uma tese – constituída em
dignidade humana – só pode ser uma antítese (e de novo a essência política do
conhecimento se avoluma e esclarece o “fazer-se política”. Então, qual é o pano
de fundo, a cosmovisão que se desprende do conhecimento político[1]? É o “conhecimento” que
performa toda tese (com vistas à dignidade humana) como uma poderosa força de
transformação social (antítese: ethos colaborativo para a transformação).
[1] Há redundância no emprego do termo “conhecimento
político” – se todo conhecimento é político, por essencial –, mas, empregamos
como forma de reafirmação da “tese” aqui esboçada, de que a tese é antítese.
A Educação Constitucional do Prof. Vinício Carrilho Martinez
Introdução Neste texto é realizada uma leitura do livro “Educação constitucional: educação pela Constituição de 1988” de autoria do Prof. Dr. Viníci
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