Terça-feira, 17 de outubro de 2023 - 08h19
É óbvio que, não sendo apoiadores ou fazendo
apologia ao Estado Sionista, o Holocausto Palestino deve causar profunda
repulsa e indignação.
Porém, ocorre que, nós, ocidentais, temos
visão de túnel.
Com esse afunilamento (religioso, ideológico)
não vemos milhões de outras crianças – mortas e raramente sepultadas.
A África, celeiro de guerras e de miséria
humana, foi totalmente esquecida.
Isso é comum, entre nós, ocidentais, mas, a
questão é: deveria ser assim?
Nossa Ética deveria ser guiada por uma visão
de mundo que não passa por um mísero túnel de esquecimento?
Mundo a for a, são pelo menos 17 conflitos em
andamento[1], com pessoas morrendo de
fome – as crianças e bebês são as primeiras, porque as mães não podem alimentá-los
com o leite materno – e sequer sabemos onde fica o outro continente.
Não tem alguma coisa errada nessa visão de
túnel?
Não teremos já internalizado pacificamente
(docilmente) o que se chama de "Normalização da Exceção"?
Para o Ocidente, a excepcionalidade da guerra
e da fome africana é so um clichê.
Crianças e bebês negros, mortos de fome, mais
ossos do que pele, não são televisivos. Logo, não estão em nossas bolhas e nas
redes sociais.
Não estão nas nossas mentes...
…
De outro modo, ou em complemento, também
saíram de nossa visão de mundo tubular os principais problemas nacionais, como
a privatização dos presídios: o neoliberal projeto de fixação e de expansão do
Estado Penal – modelo em que o encarceramento massivo é um negócio altamente
lucrativo. Na lógica do capital: quanto mais se prende, mais lucrativa é a
indústria do crime. Alias, a indústria do crime agora será lucrativa nos dois
polos: na entrada e na saída do Sistema. O tema sequer é debatido.
Também estão fora de nossas bolhas de
atenção, de nossas redes sociais, a total precarização do trabalho
marginalizado: motoboys e tantos outros. É “normal” fazerem 72 entregas por dia
(como ouvi).
Outro tema profundamente neoliberal, de nossa
atualidade, segue distante do nosso radar afunilado: não se discute mais o
apelidado “novo” Ensino médio – esse mesmo que deverá gerar bilhões ao Grupo
Lemann (o mesmo das famosas Americanas), com a mineração de dados das nossas
crianças pobres.
Mas, tem mais, nossa visão tubular
esqueceu-se completamente das chacinas, envolvendo as polícias, em São Paulo,
na Bahia, no Rio de Janeiro e em tantos outros estados. Ou, no que é pior,
“normalizou-se” a sensação de segurança trazida por mais 500 policiais no Rio
de Janeiro – como se fosse absolutamente “normal” e correto combater só um
grupo do crime organizado (o CV), e sem se preocupar se isso não irá,
logicamente, fortalecer seus rivais: as milícias formadas, majoritariamente,
por policiais.
Tem algo de muito esquisito na nossa visão de
mundo tubular…afunilada pelo túnel do tempo em que o escravismo ditava o
modismo.
Não será por isso que a imensa maioria dos
antirracistas jamais publicaram (ou postaram) uma linha contra o pensamento
escravista, essa mola propulsora que se liga (naturalmente) ao racismo e à
exploração do trabalho análogo à escravisão?
Nossa visão de mundo tubular não vê a
história e, é lógico, não olha para o presente.
Sabe-se que o “Deus mercado” tem errado mais ou menos 95% de suas considerações e previsões[1], se não contabilizarmos a incapacidade de análise pol
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