Domingo, 26 de janeiro de 2025 - 08h00
Sabe-se
que o “Deus mercado” tem errado mais ou menos 95% de suas considerações e previsões[1],
se não contabilizarmos a incapacidade de análise política, ética, cultural
(como o retrocesso social da era presidencial recém passada).
É possível
dizer que esse mercado é formado por todos que investem, poupam (incluindo-se a
falida poupança), aplicam ou especulam (trade): da "diarista
investidora" (põe no Google) aos grandes players. Ou seja, o Cartel da
Faria Lima também erra 95% das previsões econômicas, sistêmicas e até
institucionais (especialmente as catastrofistas).
Contudo,
tem um outro detalhe: na banda menor do tal mercado estão os técnicos mais
conhecidos como analistas, especialistas. E esses me parecem errar muito mais
do que a "diarista investidora".
O Brasil tem 5 milhões de contas exclusivas para investimento, talvez mais da metade ativa, assim como a diarista investidora – no link abaixo:
https://youtu.be/i1_FWM15b8Q?si=tN_cGqVGrl11rr8u
O que mais aprendemos com a diarista investidora?
Além das
absurdas margens da desigualdade social, aprendemos que ela não pode errar nas
suas decisões, nas escolhas de onde aportar seus parcos recursos. No que é,
inclusive, mais sábia e certeira do que o "mercado", o(s) governo(s)
e o Estado.
Porém, a
persistência da diarista investidora ainda permite uma análise mais
sofisticada: a diarista é aquela trabalhadora com zero direitos trabalhistas, é
a jovem ou senhora que nem o Uber consegue pegar (porque não cabe no seu
orçamento), esse Uber que é outro indivíduo mastigado pelo Capitalismo de
barbárie.
Pois bem, regurgitada
e expelida pelo sistema produtivo, a diarista investidora participa do
rentismo: viu no rentismo uma forma de tentar sobreviver com uma carteira
previdenciária, uma vez que, se tiver algum recolhimento autônomo para o INSS,
sabe que será insuficiente para suprir suas necessidades na velhice.
Diria que
ela erra menos do que outros grandes que tentaram se apoderar do IRB
(Instituição de resseguros do Brasil) e ali perderam milhões de reais.
Ainda
aprendemos que ela se pronuncia com segurança, sem ler – fala com certa
“convicção técnica” (não reparei nenhum equívoco) – e, com seus praticamente 49
mil seguidores, muito provavelmente está falando para outras diaristas,
trabalhadores pobres com ou sem carteira assinada. Em alguns vídeos dá para ver
que houve várias edições (feitas por ela – sem “equipe técnica”), que se
concluíram no período noturno. Mas, por que no período noturno? Porque deve ter
retornado naquele horário de algum trabalho como diarista...
E, pra
fechar o ciclo da análise, lembremos que o maior player desse mercado se chama
Estado brasileiro. Sim, o Estado é o maior rentista do país – como também ocorre
em Portugal. O paradoxo está em que, o Estado rentista supre o Estado
Social. Conceitualmente, é fácil chegar a esta conclusão, o que não significa
que a contradição seja facilmente digerida.
Por isso,
analisar o rentismo sempre me pareceu algo mais complexo, devendo-se colocar a
luta de classes (e suas subjetividades) em situações sem analogia ou paridade
histórica e sociológica. Todavia, esse não é o fim da história, posto que,
enquanto a diarista investidora continuar postando vídeos no Youtube (e em
outras redes sociais) continuará recebendo pagamentos da(s) plataforma(s), conforme
aumente sua visibilidade (hoje com 49 mil seguidores).
Desse
modo, chegamos à banda propriamente fascista do atual Capitalismo de barbárie –
ou Capitalismo de dados – e que apelidamos de Metafascismo[2].
Entretando, esse é outro processo (concomitante) ao planejamento da diarista
investidora e de outros cinco milhões de pessoas investidoras (sejam físicas ou
jurídicas). Tema para outro dia.
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