Quinta-feira, 4 de março de 2021 - 14h50
O Governo de Rondônia, por meio da Casa Civil, em parceria com o Comitê Técnico-Científico de Enfrentamento à Covid-19, constatou que, desde março de 2020, quando surgiram os primeiros casos de coronavírus no Estado, registrou-se uma estatística de 607 pessoas que morreram vítimas da doença e eram portadoras de complicações cardíacas, ou seja (21,15%) dos óbitos já registrados, e 500 (17,42%) eram diabéticas. Os números foram obtidos com base nos dados do Sistema Único de Saúde (SUS) que apontam, inclusive, o óbito de 1.295 pessoas (45,12%) que contraíram a Covid-19 sem qualquer tipo de histórico de comorbidade.
Há três meses, a taxa de letalidade em Rondônia alcançava 1,8%, enquanto o nível nacional estava em 2,4%. O aumento para 1,9%, com tendência a subir ainda mais, coloca o Estado em alerta máximo, pela necessidade maior de isolamento. Os percentuais mencionados, pelo estrategista de dados Caio Nemeth, levam o Poder Executivo a reforçar a população sobre o momento sanitário de enfrentamento ao novo coronavírus (Sars-CoV-2,) na Amazônia Ocidental Brasileira: “Se preocupe, não ignore, se cuide”, alerta o estrategista, que é integrante do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 que funciona no âmbito da Casa Civil.
Até segunda-feira (1º), a Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) notificou 2.870 óbitos (1,92% dos doentes). São mais de 133 mil pacientes recuperados em Rondônia desde o início da pandemia, em março de 2020. O Comitê constatou ainda a diminuição de idade entre as pessoas que vêm a óbito. Muitos jovens na faixa de 30 a 35 anos fazem parte dessa letalidade, o que redobra a necessidade de se tomar muito mais cuidado.
Durante uma live na última segunda-feira (1º) em suas redes sociais, o governador, coronel Marcos Rocha, comentou a situação do Estado e lamentou a orfandade de crianças em Rondônia e no Brasil.
“Estamos ainda vivendo um momento muito difícil em nosso Estado. Muitos foram curados, mas há muitas vidas que se perderam, inclusive de amigos queridos”, disse o governador.
Segundo Marcos Rocha, “parar, pensar e repensar” deve fazer parte da rotina diária do cidadão desde o amanhecer. Lembrou ainda, que as vacinas começam a chegar ao Estado. Motivado pelos acontecimentos, propôs ainda uma corrente de oração pelo Estado e pelo País, para vencer as dificuldades e alerta que a falta de preocupação, principalmente entre os jovens, com o real perigo e sucessivas desobediências aos cuidados sanitários exigidos pela Saúde Pública, têm causado o relaxamento no cumprimento do isolamento decretado algumas vezes, em diferentes fases da doença.
“Se você é jovem, fale com seus amigos: vamos dar um tempo e ficar um pouco mais atentos. Cuidem da vida de seus pais e avós, das pessoas doentes que estão em casa, porque muitas vezes o vírus é levado para dentro de casa por vocês jovens”, comentou o governador na live.
Ainda não é possível sentir os efeitos da vacinação no número de casos, principalmente devido a limitação de estoques em todo o planeta. “Muita gente fica contente, achando que vacinado já está livre”, alertou Nemeth e relata que já ocorreram situações de servidores da Saúde em hospitais e prontos socorros que mesmo recebendo a dose da vacina, uma semana depois testaram positivo para o vírus. “É preciso entender que as vacinas levam um tempo para desenvolverem imunidade no organismo e isso só deve acontecer depois da segunda dose, administrada com várias semanas de intervalo. O objetivo é ativar o sistema imunológico do corpo. As pessoas podem ser expostas ao coronavírus logo antes de serem vacinadas, ou logo depois, sem que o organismo consiga desenvolver suas defesas”, esclareceu.
Segundo o estrategista, a presença em um estabelecimento que mantém empregados com máscaras “não contamina as pessoas, mas uma visita qualquer, sim”. Para ele, são fatores favoráveis de contágio: as festas de aniversário, casamentos e demais aglomerações.
Caio Nemeth alerta ainda, que o isolamento é importante e pede para que parentes e amigos sejam avisados e não desacreditem na doença, pois pessoas assintomáticas (sem sintomas) que recebem parentes em casa durante a pandemia “relaxam, quando, às vezes, acreditam que podem deixar de usar máscara de proteção facial”. Em relação às crianças assintomáticas, o Comitê também adverte: um simples abraço carinhoso do neto no avô poderá contaminá-lo.
A Rede de Saúde Pública funciona como uma engrenagem e diversas áreas são movidas com atitudes, lembra o estrategista. Há filas de doentes para internação em UTIs, e já não há como evitá-las em Rondônia. “O cidadão não dispõe mais desses leitos, nem de médicos suficientes para atendê-lo, e nos estados vizinhos a situação é semelhante à nossa”, disse Nemeth.
Conforme análise, o esforço para o esvaziamento de leitos não depende apenas do poder público, porém, das pessoas. É possível exemplificar com a realidade dos acidentes de fim de semana, nos quais, condutores de motos embriagados ocupam leitos convencionais. No geral, dez dias depois de ser testado com a Covid-19 e de ocupar o leito de UTI, a vítima pode ser transferida para leito de UTI convencional e esse também vai estar ocupado.
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