Sábado, 4 de julho de 2020 - 11h46
Mesmo em um período de pandemia,
onde o isolamento social se torna necessário para evitar a disseminação da
Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, a ONG Doutores da Amazônia, junto
com a plataforma de telemedicina Mymedi, encontraram uma maneira para que os
povos indígenas de Rondônia não ficassem sem assistência médica em um dos
momentos mais difíceis da saúde brasileira.
“Em razão da pandemia da COVID-19, nossas missões estão canceladas e os
voluntários do projeto não podem se deslocar até as aldeias, deixando boa parte
dos povos indígenas isolados e desassistidos”, explica o dentista Caio Machado,
fundador da ONG.
A solução encontrada para que várias comunidades indígenas não ficassem
desamparadas foi a aplicação do método de consultas onlines, o que só foi
possível devido a empresa de telemedicida Mymedi, que disponibilizou o acesso
gratuito à sua plataforma digital para todos os médicos parceiros do Doutores
da Amazônia.
Um dos sócios da empresa, o médico Marcelo Santoni, explica que a parceria
entre as duas entidades é uma ação que irá além do período de pandemia.
“Entendemos que precisamos dar esta contribuição. Essa é uma ação de longo
prazo. É uma maneira de democratizar o acesso à saúde, a qual todos têm
direito”, comenta.
Marcelo ressaltou ainda que, por meio da plataforma virtual, será oferecido um
atendimento seguro e completo já que, a ferramenta de prontuário online permite
que se tenha uma segunda opinião sobre o quadro de saúde do paciente e que esta
seja discutida com seus colegas, a fim de oferecer o melhor tratamento
possível. Os pacientes devem receber ainda pedidos de exames e receituário
digital por meio da tecnologia desenvolvida.
Além de disponibilizar a plataforma, tanto Marcelo como Paulo Lázaro, médico
especializado em radioterapia e sócio da Mymedi, farão parte da equipe de
especialistas que irão realizar os atendimentos aos indígenas de forma
voluntária.
Caio Machado explica que o projeto vai começou com atendimento ao povo Suruí,
localizado em Rondônia e que conta com 1.500 indígenas distribuídos em 28
aldeias. Para ele, o futuro aponta que mesmo após a pandemia, o atendimento às
comunidades indígenas será mesclado: atendimento presencial associado às
facilidades da teleconsulta.
“Cuidar dos povos indígenas, que são a origem de nosso povo, é o mesmo que
cuidar da história de nosso país”, afirma o dentista.
Médicos voluntários interessados em fazer parte da equipe de teleatendimento da
ONG Doutores da Amazônia, podem se cadastrar pelo site.
Expectativas e desafios do atendimento online
De acordo com dados divulgados em
28 de junho, pelo Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena, a pandemia já
havia atingido ao menos 114 povos indígenas. O Comitê, que é integrado por
lideranças indígenas, anunciou ainda que o total de infectados pelo novo coronavírus
nesses grupos era de 9.414 e o número de óbitos era de 380.
Diante do atual cenário, o chefe indígena Celso Suruí afirma que a expectativa
para receber o atendimento médico remoto é grande.
“Aqui temos muitos pacientes com doenças crônicas, que precisam ser
acompanhados. Muitas vezes, no SUS da região, demoramos até sete meses para
conseguir marcar uma consulta com um especialista. Com o atendimento online,
isso vai facilitar. Nós, povos indígenas, precisamos disso e sabemos ser uma
grande oportunidade de ter acesso à tratamento médico de qualidade, onde mesmo
depois da pandemia, a telemedicina vem para ficar”, ressalta.
Com o surgimento da pandemia, os povos indígenas se viram com medo de um vírus
ainda desconhecido pelo mundo e especialistas voluntários da ONG se sentiram
angustiados por não poder prestar um atendimento médico presencial durante este
período.
“O risco de contágio é muito alto, os índios estão com medo da pandemia, mas
precisam de atendimento e de orientações. Várias lideranças dos povos indígenas
passaram a solicitar o atendimento remoto”, revela a médica obstetra e
ginecologista Patrícia da Cunha Alarcão, que também é coordenadora da área
médica do Doutores da Amazônia.
Apesar de Patrícia Alarcão e Caio Machado, presidente da ONG, mencionarem a
dificuldade de acesso à internet nas aldeias, eles afirmam que o atendimento
remoto ainda é viável em muitas regiões
Para Caio, as consultas virtuais devem ajudar a comunidade a ser manter
saudável, pois possibilita o atendimento médico sem colocar os povos em risco e
permite que pequenas enfermidades ou doenças crônicas sejam acompanhadas com
mais rapidez e maior conforto para os pacientes.
“Em muitas aldeias, para chegar até um hospital, leva-se até 20 horas de barco.
Por isso, a consulta com um especialista, mesmo que por internet vai ajudar
muito”, explica Machado.
Já Patrícia pontua que o melhor da plataforma é poder ter o todo o histórico do
paciente armazenado e a possibilidade de receitar medicações e exames aos que
necessitarem. “A possibilidade de ter um prontuário digital, com todo o
histórico do paciente e até mesmo a possibilidade de prescrição de remédios e
exames, oferecem um atendimento mais completo, o que não poderia ocorrer por
telefone, por exemplo”, explica.
Sobre a Ong Doutores da Amazônia
A Organização não governamental
(ONG) Doutores da Amazônia já atendeu mais de 6 mil índios na Amazônia Legal,
realizando cerca de 20 mil procedimentos odontológicos e médicos. Agora, acaba
de conseguir doação a doação de 17 mil máscaras, 1.500 frascos de álcool em gel
11.500 kits de higiene para indígenas de Rondônia se protegerem do novo
coronavírus. A ONG é conhecida em Rondônia como Doutores sem Fronteiras e mudou
recentemente o nome para Doutores da Amazônia. Os voluntários já ajudaram mais
de 40 etnias indígenas e comunidades do Amazonas, Rondônia e Mato Grosso.
Sobre a Mymedi
Empresa especializada em
proporcionar soluções de tecnologia na área da saúde, melhorando indicadores de
satisfação e encurtando distâncias. Desenvolve modernos sistemas interativos
para área médica, além de defender a praticidade da telemedicina.
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