Quarta-feira, 30 de novembro de 2011 - 16h42
A audiência pública ocorrida hoje (30), pela manhã para debater o perfil epidemiológico da malária em Rondônia proposta pelo deputado Edson Martins (PMDB), líder do Governo na Assembleia Legislativa, trouxe ao plenário da Casa, além das principais autoridades públicas do setor, inúmeros representantes municipais da área da saúde.
“É gratificante o comprometimento das autoridades estatais num problema tão grave para o nosso Estado. Os índices alarmantes da doença que tivemos acesso através do boletim informativo da Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa) e as notícias que nos chegavam, especialmente dos assentamentos de trabalhadores rurais, nos motivaram a fazer este debate aberto ao público”, disse o deputado Edson Martins satisfeito com o comparecimento expressivo dos responsáveis pelas unidades de saúde das prefeituras.
O expoente da área de pesquisa sobre a malária, Luiz Hildebrando Pereira da Silva, vice- diretor do Instituto de Pesquisa e Patologias Tropicais de Rondônia (Ipepatro/Fiocruz Noroeste RO ) fez um relato da trajetória da doença endêmica no continente africano e americano. Ele disse que no Brasil as ações para a redução de incidência da malária é mais fácil do que em outros lugares devido à origem da doença.
Ao contrário da África, onde os vetores muito mais violentos acompanham o desenvolvimento humano desde os seus ancestrais, na região amazônica brasileira, a malária é fruto direto do tipo equivocado de colonização humana estabelecida, especialmente em Rondônia, a partir da década de 70. Os vetores e parasitas daqui são menos “eficientes” dos que existem na África, mas mesmo assim ainda apresentam índices tão alarmantes.
O pesquisador afirmou que com políticas e gestões públicas adequadas, a redução drástica da doença será alcançada. Ele citou que em 1990 foram registrados 300 mil casos de malária no Estado – quase um terço da população à época. O quadro se reverteu à medida que o governo federal programou e executou políticas de prevenção, através de seus organismos em parceria com o governo estadual.
Atualmente, trata-se de um índice residual com 50 mil casos/ano, ainda bastante grave e preocupante, ou seja, o desafio da erradicação continua e não depende mais da pesquisa, embora os estudos continuem, mas da gestão pública eficiente. A atual estrutura primitiva de colonização precisa ser extinta sob pena dos índices não serem reduzidos.
O deputado Adelino Follador (DEM) confirmou em sua participação na audiência que o combate à doença deve se concentrar nos focos. Sua experiência como administrador e prefeito de Cacaulândia, por três mandatos durante 12 anos aponta que a diminuição significativa dos índices foi possível desde que os agentes de saúde atuaram em quatro focos que contaminavam a região do município e o seu entorno. A diminuição foi resultado direto da aplicação de políticas de prevenção do poder público municipal em parceria com órgãos federais. “É preciso atacar e vigiar os focos com ações preventivas, além de se tratar os casos existentes”.
O representante da Agevisa, Belgrano José C. Alves, destacou que a agência estadual de vigilância sanitária foi transformada em autarquia em setembro deste ano, aumentando a responsabilidade do órgão. Ele lembrou que o governador Confúcio Moura (PMDB) está comprometido com a “meta do milênio” estabelecida pela ONU até 2015. Para que ela seja atingida será preciso colocar em pauta e sanar todas as necessidades urgentes que o órgão tem, assim como as prefeituras municipais. Belgrano Alves lembrou que Confúcio Moura, como deputado federal na década de 90, conseguiu trazer para Rondônia os recursos indispensáveis e inaugurou o Cemetron.
O representante da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do ministério da Saúde, Rodrigo Stabeli, disse que a fundação está seguindo sua política desde quando a unidade também foi instalada no Estado em 2008. O principal foco é a mudança de paradigma, onde a saúde preventiva passa a ser prioritária.
Para o desafio de combate à malária a redução das desigualdades sociais com a implantação do saneamento básico. A formação e o treinamento de agentes de saúde para a promoção da atenção básica à saúde fazem parte deste novo contexto.
O Ministério Público Estadual, através do curador de Saúde, Leandro Gandolfo, ratificou alertou que o crescimento desordenado é um dos responsáveis pela persistência alarmante especialmente em Porto Velho. Uma das propostas para a erradicação é a adoção de políticas de prevenção e tratamento como exigência à liberação das licenças necessárias nas novas áreas de habitação.
Fonte: ALE/RO
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