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Saúde

Médico é obrigado a assistir morte de paciente em Rondônia, alerta Cremero


O serviço público de Saúde em Rondônia é tão precário que, em muitos casos, o médico, por mais que se esforce para salvar vidas, é obrigado a assistir a morte de seu paciente, segundo alertou na última segunda-feira (17) o Conselho Regional de Medicina de Rondônia.

Além da falta de estrutura na maioria dos hospitais, há a contratação de pessoal com especificação técnica inadequada para certos procedimentos. Contratações estas que, segundo alertaram as entidades médicas, são feitas pelo Governo do Estado e pelas prefeituras como uma forma desesperada de apenas preencher vagas.

O assunto, que há anos é debatido pelo Conselho Regional de Medicina e demais entidades médicas, voltou a ser abordado, na última segunda-feira, durante sessão plenária extraordinária realizada na sede do Conselho Regional de Medicina. O evento, que reuniu representantes do Simero (Sindicato Médico) e da Associação Médica é uma atividade alusiva a programação da Semana do Médico

A presidente do Conselho, Maria do Carmo Wansa, abriu a solenidade com um discurso indignado frente a atual situação da Saúde Pública do Estado. Segundo ela, a Saúde tornou-se mercadoria barata e mote para campanhas “puramente eleitoreiras”. Médica, Maria do Carmo, afirma que seu dia (Dia do Médico) não foi de alegria, mas de apelo. “Nesse Dia do Médico devemos aproveitar a atenção recebida para pedir socorro para a Saúde”. Durante a solenidade, todos os médicos usaram uma fita preta como sinal de luto. Nesse ano nosso lema é “Eu luto pela Saúde em luto pela Saúde”, frisou Maria do Carmo.

João Paulo II

Para a presidente do Cremero, o hospital e pronto socorro João Paulo II continua igual aos hospitais de campanha (hospitais de guerra). Mostrando fotos da última inspeção no JPII, Maria do Carmo falou de seu sentimento de repúdio ante as cenas assistidas. “Tanto os médicos quanto pacientes vivem situação de humilhação naquele hospital”, acentuou.

O ex-presidente da Associação Médica de Rondônia, Aparício Carvalho, endossou o discurso de Maria do Carmo e criticou o governador Confúcio Moura por entender que ele (governador) não busca resolver o problema da Saúde.

“Se o João Paulo II fosse uma clínica qualquer, já teria sido fechada”, declarou Aparício Carvalho. Segundo ele, pela omissão e o desrespeito apresentado, “pode-se dizer que é um homicídio em massa o que é praticado pelo Estado”. Aparício diz que havia expectativa boa quanto ao governo Confúcio, “mas a saúde continua um caos”. O médico sugeriu nota de repúdio das entidades médicas contra o governo do Estado.

Terceirização

O presidente do Sindicato Médico de Rondônia, Rodrigo Almeida, também foi enfático. Ele alerta que os médicos estão revoltados com a situação da Saúde Pública em todo o Estado. Segundo ele, gestores fazem denúncias e falam mal do médico e tentam desviar o foco, “mas o governo não fez nada em prol da Saúde”.

“Temos, em Rondônia, gestores que não entendem nada de medicina gerindo os maiores centros de saúde do Estado. Governo quer postos de trabalho com cursos rápidos e terceirização de médicos vindos não se sabe de onde, pondo a sociedade em risco”, enfatiza.

Rodrigo Almeida faz um outro alerta: “fala-se em construir UPA’s (Unidade de Pronto Atendimento) e hospitais, mas ninguém se pergunta nem sabe quem vai trabalhar nesses centros de Saúde, já que o número de funcionários já é insuficiente para atender a demanda atual nas unidades de saúde que já existem”.

Além de nota de repúdio contra o Governo, Rodrigo acha que a Saúde no Estado já é caso de interdição federal.

Quem também teceu duras críticas contra o governo Confúcio Moura e lamentou o atual quadro da Saúde pública foi o tesoureiro do Conselho Federal de Medicina (CFM), José Hiran Gallo. A principal preocupação apontada foi a terceirização, que vem sendo cogitada há vários meses pelo atual governo. Segundo Hiram, é uma proposta preocupante, pois pode servir apenas para beneficiar corruptos. “Nosso gestores tiram a dignidade do paciente, em Rolim de Moura, por exemplo, já não há equipe médica para atender a população, o povo está desassistido”, lamentou.

Fonte: Cremero
 

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