Segunda-feira, 9 de maio de 2011 - 12h14
Agência Efe
O cientista colombiano Manuel Elkin Patarroyo afirmou nesta segunda-feira que sua nova vacina contra a malária, identificada como "Colfavac" (Colombian falciparum vaccine), será testada em seres humanos em junho de 2012, algo possível depois que a eficiência da imunização em macacos atingir 90%.
Patarroyo, que está na Espanha como convidado pela Fundação de Estudos Médicos para ministrar uma palestra sobre "Novas Vacinas para as Velhas
Infecções", revelou que 25 milionários criaram um consórcio para construir a unidade de produção da vacina depois de fracassarem as negociações com a indústria farmacêutica.
O cientista colombiano reconheceu que sua vacina anterior, a “Spf66”, criada em 1986, estava "incompleta", com uma proteção para os seres humanos entre 30% e 50%, mas graças à descoberta em 2002 do genoma do parasita da malária e da ajuda de seu colaborador, Mauricio Calvo, conseguiu melhorá-la e divulgá-la em 25 de março na revista "Chemical Reviews".
A descoberta da nova vacina sintética aconteceu após ser averiguada a estrutura química do micróbio, com a sintetização de milhares de moléculas em fragmentos de 20 aminoácidos. Nesta ocasião, ao contrário de 1986, os experimentos focaram-se em selecionar apenas os fragmentos que invadiam os glóbulos vermelhos.
Patarroyo explicou que alguns dos aminoácidos foram modificados e aqueles que possuíam o mesmo volume, massa e superfície, mas polaridade invertida, foram selecionados. O cientista disse que há uma semana se reuniu com o diretor de engenharia genética de Havana, Manuel Limonta, e foi convidado para trabalhar em uma vacina contra a dengue, enquanto no Brasil recebeu a proposta de outra contra amigdalite, da qual já há um protótipo que será testado em humanos.
Patarroyo encontrou princípios químicos para criar vacinas sintéticas que poderão ser utilizadas em pesquisas contra doenças infecciosas. Segundo ele, desde que Luis Pasteur inventou a primeira vacina em 1884, passaram-se 123 anos nos quais só foi possível lançar 15 vacinas das 517 doenças infecciosas existentes.
A "Colfavac" foi financiada inicialmente pelo governo colombiano, mas foi a Fundação para a Pesquisa Solidária da região espanhola de Navarra, ao lado da Agência Espanhola de Cooperação Internacional e da Universidade de Rosário, que apostaram na iniciativa.
Sobre sua recusa em colaborar com grande parte da comunidade científica internacional, Patarroyo explicou que as instituições anglófonas o obrigariam a assinar um documento de patentes, avanços e royalties que vão contra sua ideologia, e embora haja cientistas que desejariam trabalhar com ele, não podem fazê-lo sem assinar acordos deste tipo.
O cientista afirmou estar decepcionado com organismos como a Organização Mundial da Saúde (OMS), à qual doou em 1993 sua primeira vacina, após o ocorrido com a gripe A. "Foi um caso patético no qual ficou evidente a série de interesses criados ao seu ao redor", um dos motivos pelos quais não cederá a "Colfavac", justificou.
Fonte: rádio Jovem Pan com informações da agênca EFE
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